Pedro, Pedra e Dom – 88 anos de Dom Pedro Casaldáliga

Cimi

Ontem, 16 de fevereiro, Dom Pedro Casaldáliga completou 88 anos. Nascido em Balsareny, na província catalã de Barcelona, Pedro vive no Brasil desde 1968. Veio para o país para atuar como missionário em São Félix do Araguaia e, ao conhecer a realidade dos povos indígenas, passou a atuar na luta pelo reconhecimento de seus direitos, participando da fundação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) na década de 1970.

Ao longo de sua vida, Pedro optou pela luta ao lado dos povos oprimidos e excluídos e pela humildade, numa posição sempre crítica às hierarquias e aos privilégios. Simbolicamente, recusou o tradicional chapéu sacerdotal dos bispos, de mitra, ao qual preferiu um mais simples, de palha, e trocou o anel episcopal de ouro por outro de tucum.

Durante a Ditadura Militar, Pedro foi alvo de cinco processos de expulsão do Brasil e, em função de sua atuação em defesa dos excluídos, já sofreu diversas ameaças de morte e teve que deixar sua casa após ser ameaçado durante o processo de desintrusão da Terra Indígena Marãiwatsèdè, do povo Xavante.

Com 88 anos de idade, Pedro segue fiel a seus princípios, que ele mesmo sintetizou um dia: “Ser o que se é, falar o que se crê, crer no que se prega, viver o que se proclama até as ultimas consequências”.

Leia, abaixo, poema do secretário adjunto do Cimi, Gilberto Vieira dos Santos, em homenagem a Dom Pedro Casaldáliga por ocasião de seu aniversário.

Pedro, Pedra e Dom

Querido Pedro, nestes mais de 40 anos em que bebe das águas deste Araguaia, Berohoky dos Iny, renovastes sempre e reafirmastes os compromissos assumidos naquela pequena capela, hoje cruzeiro que das margens do Araguaia observa as cheias e os baixios das águas.

Agora, na oitava primavera de seus oitenta, quantos Dons ainda nos traz, mesmo quando o “irmão” lhe impõe outro ritmo.

Sempre deixaste de lado o dom-título, que alguns fazem questão de manter como prenome, e se fez Dom real e vivo, muito para além destes títulos negados nas Catacumbas.

Em suas duas camisas, em seu par de ‘lambretas’ rebatizadas pelo povo como ‘prelazias’, em seu anel episcopal do coco tucum, em sua mitra de palha e por seu báculo indígena, pastor que és, conduz uma Romaria de indignadas e de indignados. Estas e estes, que seguindo seus passos buscam os passos do Cristo, se sentem abençoados pelo Dom que é Pedro e aspiramos também sermos dons para os mesmos povos pelos quais optastes.

Awire, Aoxekato, Hepani, Obrigado

Giba.

Foto: Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB)

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