EUA sabiam das torturas e execuções da ditadura argentina

Documentos tornados públicos pela gestão Obama apontam contradição em posição norte-americana de defesa dos direitos humanos enquanto elogiava ditador argentino que torturava e matava

por Redação RBA

Para o cientista político e sociólogo Emir Sader, a liberação de documentos pelo Arquivo Nacional norte-americano revela que os Estados Unidos sabiam dos casos de torturas e execuções durante a ditadura argentina (1976-1983). Os documentos foram tornados públicos durante passagem do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, pela Argentina, na semana passada, antes de vir ao Brasil para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos.

“Agora está escrito o que já se sabia, que os Estados Unidos estavam conscientes sobre o que acontecia na Argentina”, destaca o sociólogo, em comentário à Rádio Brasil Atual hoje (11). Também confirma posição adotada por grupos argentinos de direitos humanos, como as Mães e Avós da Praça de Maio, que acusavam os Estados Unidos de cumplicidade com as atrocidades cometidas pela ditadura.

Emir afirma que os documentos demonstram contradição no discurso adotado pelo ex-presidente Jimmy Carter (1977-1981), que publicamente fazia a defesa dos direitos humanos, mas nos bastidores chegava até mesmo tecer elogios ao ditador Jorge Videla (1976-1981), segundo a documentação tornada pública.

Ele também criticou ações do governo de Mauricio Macri, que autorizou prisão domiciliar para militares condenados por crimes durante a ditadura e também recebeu seus familiares em cerimônia oficial.

No encontro com Kerry, quando os documentos secretos lhes foram entregues, Macri também adotou postura “cínica”, segundo Emir, ao afirmar não saber se os desaparecidos durante a ditadura somavam 3 mil ou 30 mil. O último número é consenso entre acadêmicos e movimentos de direitos humanos.

Ouça AQUI.

Imagem: É consenso entre acadêmicos e movimentos sociais que desaparecidos durante a ditadura somavam 30 mil – WIKICOMMONS

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