Justiça argentina condena ex-chefe da Força Aérea a 25 anos de prisão por desaparecimentos na ditadura

Omar Rubens Graffigna foi considerado culpado pelo sequestro em 1978 de José Pérez Rojo e Patricia Roisinblit, filha de Rosa Roisinblit, das Avós da Praça de Maio

Em Opera Mundi

A Justiça argentina condenou nesta quinta-feira (08/09) Omar Rubens Graffigna, ex-chefe de Estado Maior General da Força Aérea, a 25 anos de prisão pelo sequestro em 1978 de José Pérez Rojo e Patricia Roisinblit, filha de Rosa Roisinblit, vice-presidente das Avós da Praça de Maio.

Além de Graffigna, hoje com 90 anos, também foi considerado culpado e condenado à prisão pelo sequestro Luis Tomás Trillo, ex-chefe da RIBA (Regional de Inteligência de Buenos Aires), mansão que funcionou como um centro clandestino de detenção e tortura durante a última ditadura militar argentina (1976-1983).

Os dois foram considerados coautores do sequestro, da tortura e do desaparecimento dos dois ativistas, que foram sequestrados por agentes do Estado argentino em outubro de 1978, quando Roisinblit estava grávida de oito meses. Também foi sequestrada Eva, filha de Rojo e Roisinblit, que na época tinha 15 meses de idade e depois foi entregue a uma tia.

Roisinblit deu à luz na maternidade clandestina que funcionava na ESMA (Escola Superior de Mecânica da Armada), também um centro de prisão e tortura de opositores ao regime militar. Seu filho, Guillermo Pérez Roisinblit, foi entregue a Francisco Gómez, ex-funcionário da RIBA, que também foi condenado ontem a 12 anos de prisão como partícipe secundário nos sequestros. Guillermo foi localizado pelas Avós da Praça de Maio em 2000, enquanto Rojo e Roisinblit, seus pais, seguem desaparecidos até hoje.

“A justiça tarda, mas chega”, declarou após a leitura do veredito Rosa Roisinblit, 97 anos, mãe de Patricia Roisinblit e vice-presidente da associação que busca filhos de ativistas sequestrados e desaparecidos pela última ditadura argentina. “É um momento de muita emoção, uma satisfação. Mas ainda não terminou. Há muitos netos por serem encontrados. Ainda me sinto capaz de lutar”, afirmou.

Imagem: Rosa Roisinblit (de casaco preto) cercada por netos e familiares diante do Tribunal Oral Federal 5 de San Martín, antes do veredito – Twitter / Abuelas de Plaza de Mayo.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

dezenove + oito =