“Voz das Mulheres Indígenas”: Uma luta pelos direitos e o empoderamento da luta coletiva

Uma roda de conversa sobre medicina tradicional com a matriarca Lucila Wapichana, no encontro regional de mulheres

Ascom/CIR

Fortalecer a autonomia das mulheres indígenas, assim como fortalecer a luta pelos direitos, saúde, educação, sustentabilidade e demais direitos sociais, por meio do acesso as informações e debates que possam subsidiar as suas reivindicações e o emponderamento de luta coletiva, essas forças têm sido nos últimos tempos a missão da Secretaria do Movimento de Mulheres Indígenas de Roraima do Conselho Indígena de Roraima (CIR).    

E buscando manter essa relação de luta coletiva, a Secretaria do Movimento de Mulheres Indígenas iniciou a etapa dos encontros regionais que deverão ser realizados até 2017. Essa primeira etapa reuniu mulheres indígenas da região Amajari, nos final do mês de setembro, 26 e 27, na comunidade indígena Aracá, região Amajari.

Na abertura do encontro a Secretária do Movimento de Mulheres Indígenas, Telma Marques Taurepang manifestou sobre a conquista das mulheres indígenas nos espaços de debates a nível local, regional, nacional e internacional. “A nossa luta tem sido incansável e conquistar esses espaços é um grande resultado desse processo da nossa luta coletiva, por isso devemos valorizar e apresentar as nossas demandas, as nossas dificuldades e reivindicar a garantia e o cumprimento dos direitos que são constantemente violados e ameaçados”, manifestou Telma.

Durante o Encontro foi realizada uma roda de conversa com mulheres indígenas militantes do movimento em Roraima e nacional, além, de mulheres indígenas tradicionais. Houve debate sobre medicina tradicional, com a presença da parteira e fundadora da primeira Casa de Medicina Tradicional em Roraima, Lucila Mota de Souza, da etnia Wapichana, oriunda da comunidade indígena Jacamizinho, Terra Indígena Malacacheta.

Lucila Wapichana, 72, motivada em participar do evento refletiu que os conhecimentos tradicionais são adquiridos com a sabedoria divina, mas também da presença constante em assembleias, reuniões e incisiva, disse que não estudou em universidade, porém, o movimento indígena sempre foi a sua escola e por isso pediu valorização a essa vivência tradicional. “Eu não estudei em universidade, mas digo que, quem participa de reunião está numa escola, onde nós aprendemos, então vamos valorizar”, expressou Lucila, matriarca da medicina tradicional.

“Não estou buscando conhecimento de fora, o que tenho é de dentro da minha comunidade, aprendi com o meu avô, meu pai, porque guardei na memória e hoje tenho a casa da medicina tradicional, fruto desse conhecimento dos meus pais que me diziam, ‘vai buscar casca de pau, angico, paricarana, mirixi, caju’, então aquilo nunca esqueci”, memorizou Lucila contando um pouco da trajetória dos conhecimentos tradicionais adquiridos na infância.

Essa primeira etapa do encontro com o tema “A Voz das Mulheres Indígenas na luta pelos seus direitos” contou com a presença de aproximadamente 60 participantes, entre, mulheres, jovens, tuxauas, professores, estudantes e demais lideranças indígenas, das etnias, Macuxi, Taurepang e Wapichana.

Houve também a presença das representantes de instituições públicas, Leia do Vale Rodrigues, coordenadora de Promoção e Cidadania da FUNAI/Brasília, Pierlangela Nascimento da Cunha, do Instituto Federal de Educação do Estado de Roraima (IFRR), Lídia Montanha, do Instituto Socioambiental (ISA), Sineia Bezerra do Vale, gestora ambiental, do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Maria Betânia Mota, vice-coordenadora da Organização dos Professores Indígenas (OPIRR/Regional), Gleice Mota, secretária executiva do Núcleo Estadual do Objetivo Desenvolvimento Sustentável (ODS/RR), entre outras participantes de instituições do município de Amajari e demais convidadas.

O seminário promovido pela Secretaria do Movimento de Mulheres Indígenas teve o apoio da Fundação Ford, Fundação Nacional do Índio (FUNAI), além, da representação no Brasil da ONU Mulher e das mulheres indígenas da região Amajari que contribuíram com a sua produção agrícola, bovina e piscicultura, potencias de produção sustentáveis existente na região.

Foto: Mayra Wapichana

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