“Os Índios ainda vagueiam por nós e sobre nós… ainda bem!!!”

Por Pablo Camargo, do Cedefes

Osmar Serraglio, do PMDB, é o novo Ministro da Justiça e será o responsável pela titulação das terras indígenas. Ele, um dos principais articuladores e o relator da PEC 215, que almeja a mudança para o congresso, nossos nobres deputados e senadores, golpistas, da bancada BBB entre outras identidades não muito bem quistas ao olhar da sociedade, das demarcações dos territórios indígenas. A Funai continua responsável pelo trabalho, e ao final, o Congresso é que decide, através de uma minuciosa análise de interesses próprios dos donos do Poder.

O Ministro é que receberá os processos elaborados pela FUNAI, e o mesmo analisará se assina ou não para passar ao último ato que é o aceite presidencial. Por enquanto, enquanto Ele, a ideologia dominante do desenvolvimentismo, os Golpistas, os Ruralistas, estiverem por aí, a PEC 215 nem precisa ser aprovada, já vigora de forma muito mais eficiente e sutil.

Enquanto o agrotóxico, o fogo, o pasto, as doenças, a seca cercam e invadem os territórios indígenas e das comunidades tradicionais, criando paisagens dantescas, enlameando e envenenando os rios, o WATU sagrado do Povo Borum! Homens brancos, velhacos, tramam em Brasília a manutenção deste status quo sob o olhar bovino e depressivo da população que foi petrificada pela mídia e por valores arcaicos. Os direitos mais básicos se vão…

A distopia está próxima, só que não… A esperança ainda é verde. O verde dos refúgios desta sociedade ainda diversa representada no samba enredo da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, que trouxe à tona o grito entrincheirado deste povo. Belo Monstro! O grito de Fora Temer ecoado no Carnaval, representa não só uma denúncia do Golpe, mas um clamor pela mudança deste modelo desenvolvimentista que levará a população ao caos.

As terras indígenas que provavelmente serão inviabilizadas pelo novo Ministro, são e serão (seriam…) ilhas e lugares onde a cultura e o meio ambiente ainda resistam de forma respeitosa. Onde a cidadania e o direito a Vida prevalecem ao caos da sociedade vigente. É claro que não podemos idealizar as Terras indígenas e os povos indígenas como sociedades idílicas, imutáveis ou coisa parecida. O que se discute é o massacre destas sociedades diversas em decorrência de uma ideologia dominante regida pelo capital. O que está em jogo não são os modelos sociais e sim como em uma sociedade contemporânea não temos a capacidade de respeitar o diferente, o outro, exercer a alteridade de forma cidadã. Positivar a troca, o intercâmbio, a ressignificação.

O que está em jogo é a vida. Viva a Portela, outra escola de samba, a campeã, que denunciou o crime ao Rio Doce. O que está em jogo é a água, a comida saudável, a comida… O que está em jogo é a diversidade cultural, o respeito ao modo de viver. Os índios ainda resistem, ainda bem, fora do exotismo, do senso comum, do preconceito, ainda estão lá… Estão aqui para afrontar e lutar em busca de um mundo melhor para todos.

 

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