Indígenas trancam rodovia e ocupam Pólo Base de Saúde no MS pela saída de ruralista do DSEI

Por Tiago Miotto e Renato Santana, da Assessoria de Comunicação – Cimi

Mobilização reuniu cerca de 200 indígenas Terena, Kinikinau e Kadiwéu na manhã desta quinta-feira, 16, no Mato Grosso do Sul. Exigindo a saída de Edmilson Canale da coordenação do Distrito Especial de Saúde Indígena (DSEI), indicação dos ruralistas que tem piorado o acesso à política pública, os indígenas bloquearam trecho da BR-262, entre Aquidauana e Miranda, na entrada para a Terra Indígena Taunay-Ipegue.

“Hoje nós só demos um aviso, um recado para o ministro e o governo. Se não houver uma mudança, vamos parar o estado, fechando as principais rodovias do Mato Grosso do Sul”, avisa o Terena. Além do fechamento da rodovia, os Guarani e Kaiowá ocuparam o Pólo Base de Saúde Indígena também pedindo a saída de Canale e melhorias nas condições de acesso ao Subsistema de Saúde Indígena.

A atual gestão da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), contrariando a opinião dos povos indígenas, decidiu destituir o então coordenador do DSEI, Lindomar Terena, e nomear Canale numa articulação realizada por parlamentares ruralistas sul-mato-grossenses. Conforme os indígenas ouvidos, os gestores da Sesai aproveitaram para atender a pauta de indígenas ligados aos ruralistas.

“O protesto teve como pauta o descaso com a saúde indígena por parte do estado, na gestão do Edmilson, que vem usando a instituição para beneficiar o Fórum de Caciques e usando a estrutura da Sesai para outros fins”, denuncia o professor Alberto Terena. Este Fórum atuava contra a gestão de Lindomar Terena, liderança indígena referendada pelos povos do Mato Grosso do Sul.

“As comunidades enfrentam falta de viaturas, as que existem estão sucateadas, falta medicamentos e até mesmo mão de obra nessa região toda. Queremos a saída do gestor, esperamos até agora e praticamente não foi tomada nenhuma providência para a saúde funcionar”, explica Alberto Terena.

Não bastasse os problemas vivenciados no estado, Alberto Terena acrescenta que “a indignação toda é também porque o Condisi e o presidente do Fórum de Caciques estão acompanhando o coordenador do DSEI, em Brasília, e dizem que está tudo bem com a saúde. Mas o Condisi está sendo escolhido pelo coordenador, o presidente do Fórum de Caciques é funcionário de confiança do DSEI. Enquanto isso as comunidades estão sem atendimento, passando por uma situação precária”.

O Condisi é o Conselho Distrital de Saúde Indígena. O órgão tem a função de realizar o controle social da política pública – o Subsistema de Saúde Indígena. “Todo mundo está vendo, não só nós que fazemos parte do Conselho, que temos uma história de luta, que houve um desvio de conduta dos que eram nossos companheiros e se aliaram com inimigos”, desabafa Alberto Terena.

Crédito das fotos: Conselho do Povo Terena

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