Marcha indígena em frente ao Congresso é recebida com bombas de gás pela polícia

No Sul 21

A marcha do Acampamento Terra Livre (ATL), que reuniu mais de 3 mil indígenas em Brasília nesta terça-feira (25), foi recebida com bombas de gás lacrimogêneo e repressão por parte da Polícia Legislativa do Congresso e pela Tropa de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal. Crianças e idosos teriam desmaiado no local, por causa do gás.

Um grupo de indígenas foi detido pela Polícia Legislativa e seguia mantido dentro do Congresso Nacional. Segundo a Mídia Ninja, seriam quatro pessoas. Deputados federais do Partido dos Trabalhadores tentaram interceder por eles e saíram para dialogar com os índios e com as forças policiais.

Os indígenas afirmam que se seus “parentes” – como se referem a outros povos originários – não forem soltos, irão levar denúncia à Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Organização dos Estados Americanos (OEA), junto às imagens dos policiais que promoveram a ação. Os índios chegaram a fazer um cordão e se deram as mãos pedindo o fim da violência diante do Choque.

Eles seguem em vigília no gramado do Congresso Nacional até a soltura das pessoas detidas pela Polícia e denunciam, ainda, que parte dos indígenas atingidos pela repressão de hoje não tinham contato com o homem branco.

Indígenas pediam atendimento médico e socorro depois de uso de armas não-letais, pelas forças policiais | Foto: Mobilização Nacional Indígena/Facebook

O Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que acompanha a movimentação, publicou uma nota questionando: “A Marcha Indígena corria de forma pacífica e às portas do Congresso Nacional, chefiado por políticos golpistas e envolvidos com malfeitos, a Polícia Militar atacou de forma COVARDE mulheres e crianças, anciãos e homens em luta LEGÍTIMA por condições dignas de vida. Quem vai pagar por isto?”.

A manifestação desta terça-feira foi um ato contra projetos de lei que afetam a demarcação de terras no país, como a PEC 215, as reformas propostas pelo governo de Michel Temer (PMDB), os ataques dentro da Fundação Nacional do Índio (Funai), além de uma forma de chamar atenção ao genocídio indígena atual e corrente no país.

Os índios entraram em marcha na Esplanada dos Ministérios carregando 200 caixões de papelão, que representam as mortes recentes de indígenas ocorridas em ataques em diversas partes do país. “Nossos ancestrais estão mortos por causa deles e aí colocam polícia para bater na gente. Não vamos aceitar isso, porque nosso direito é originário”, afirmou à Mídia Ninja, Marcus Apurinã.

Foi no momento que se aproximaram do lago do Congresso Nacional, que as bombas começaram a ser lançadas, como mostra o vídeo da Rádio Yandê:

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Veja mais fotos da marcha e da ação policial:

Mulher indígena é amparada em frente ao Congresso | Foto: Mobilização Nacional Indígena /Facebook
Repressão policial teria começado quando indígenas se aproximaram com caixões do lago do Congresso Nacional | Foto: Mobilização Nacional Indígena /Facebook

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