Löwy: “Assistimos a uma ofensiva brutal e ecocida do capital financeiro, com tendências cada vez mais autoritárias”

Por Gabriel Brito, no Correio da Cidadania

Em­ma­nuel Ma­cron e Ma­rine Le Pen irão ao se­gundo nas elei­ções fran­cesas, em mais uma de­mons­tração de força do ne­o­fas­cismo eu­ropeu, re­pre­sen­tado na fi­gura da can­di­data anti-imi­gração. Para falar da con­jun­tura do país, mas também global, con­ver­samos com o fi­ló­sofo franco-bra­si­leiro Mi­chael Löwy, que apesar do con­texto mun­dial ne­ga­tivo des­taca a eclosão de di­versas re­sis­tên­cias an­ti­ca­pi­ta­listas pelo pla­neta.

“Acho que a es­querda deve votar em Ma­cron, para barrar o ca­minho ao pro­grama se­mi­fas­cista de Ma­rine Le Pen. Mas sem ne­nhum apoio ao pro­grama de Ma­cron, que está a ser­viço do ca­pital fi­nan­ceiro. O caso de Hol­lande é di­fe­rente: ele se iden­ti­fica com este pro­grama ne­o­li­beral, já que havia no­meado Ma­cron como seu mi­nistro das Fi­nanças… Já Me­len­chon fez uma cam­panha com­ba­tiva, an­ti­li­beral, pela igual­dade so­cial e con­se­guiu um su­cesso sem pre­ce­dente, desde 1969, para uma força à es­querda da so­ci­al­de­mo­cracia. O pro­blema é seu per­so­na­lismo e seu na­ci­o­na­lismo francês”, ana­lisou.

Löwy, que possui vasta pro­dução in­te­lec­tual e bi­bli­o­grá­fica, aposta no cres­ci­mento da uni­dade entre so­ci­a­listas e anar­quistas como res­posta pro­gres­sista para a já lon­geva crise do ca­pi­ta­lismo ne­o­li­beral, algo bas­tante em voga nas lutas extra-ins­ti­tu­ci­o­nais que têm mar­cado di­versos países. Não à toa, acabou de lançar ao lado do velho par­ceiro Oli­vier Be­san­cenot Afi­ni­dades re­vo­lu­ci­o­ná­rias – nossas es­trelas ver­me­lhas e ne­gras – por uma so­li­da­ri­e­dade entre mar­xistas e li­ber­tá­rios.

“Se o fu­turo fosse pre­vi­sível, nunca ha­veria ver­da­deiras mu­danças… As­sis­timos a uma guerra de classes, uma ofen­siva vi­o­lenta, brutal e eco­cida do grande ca­pital fi­nan­ceiro glo­ba­li­zado, que toma formas va­ri­adas se­gundo os países e as con­jun­turas, com ten­dên­cias cada vez mais au­to­ri­tá­rias, como o de­mons­tram os exem­plos de Trump (EUA), Er­dogan (Tur­quia), Orban (Hun­gria), assim como a qua­drilha no poder atu­al­mente no Brasil”, re­sumiu.

A en­tre­vista com­pleta com Mi­chael Löwy pode ser lida a se­guir.

Cor­reio da Ci­da­dania: Como en­xergou os anos de Fran­çois Hol­lande à frente da pre­si­dência do país? O que houve de bom e ruim?
 
Mi­chael Löwy: O ba­lanço de Hol­lande é glo­bal­mente ne­ga­tivo. Houve al­gumas me­didas “cul­tu­rais” pro­gres­sistas no início, por exemplo, o di­reito de ca­sa­mento para ho­mos­se­xuais, mas muito ra­pi­da­mente se impôs uma linha ne­o­li­beral, de fa­vo­recer o ca­pital e contra os tra­ba­lha­dores, cul­mi­nando na “lei tra­balho”, to­tal­mente im­po­pular, que des­man­tela ve­lhas con­quistas do mo­vi­mento ope­rário. O re­sul­tado foi um ver­da­deiro sui­cídio po­lí­tico de Fran­çois Hol­lande, que nem teve a co­ragem de se re­a­pre­sentar como can­di­dato, e o de­clínio es­pe­ta­cular do Par­tido So­ci­a­lista (PS).

Cor­reio da Ci­da­dania: Quais se­riam as grandes di­fe­renças entre Ma­cron e Ma­rine Le Pen? Como se re­fle­ti­riam no man­dato pre­si­den­cial, em es­pe­cial pen­sando-se além da questão da imi­gração, que quase mo­no­po­liza os de­bates?
 
Mi­chael Löwy: Do ponto de vista econô­mico são bem pa­re­cidos, fa­vo­rá­veis aos pa­trões e ao ca­pi­ta­lismo. A di­fe­rença é que Ma­cron aposta no ca­pi­ta­lismo eu­ropeu e Le Pen num su­posto “ca­pi­ta­lismo na­ci­onal”. Na questão do ra­cismo, sim, há uma grande di­fe­rença: Le Pen tem um pro­grama anti-imi­grantes, ra­cista, xe­no­fó­bico, is­la­mo­fó­bico, com tintas fas­cis­ti­zantes. Ma­cron é sim­ples­mente um bur­guês li­beral que não dá muita im­por­tância a estas ques­tões.

Cor­reio da Ci­da­dania: Hol­lande já de­clarou o voto no se­gundo turno em Ma­cron. Acre­dita que fez certo?
 
Mi­chael Löwy: Acho que a es­querda deve votar em Ma­cron, para barrar o ca­minho ao pro­grama se­mi­fas­cista de Ma­rine Le Pen. Mas sem ne­nhum apoio ao pro­grama de Ma­cron, que está a ser­viço do ca­pital fi­nan­ceiro. O caso de Hol­lande é di­fe­rente: ele se iden­ti­fica com este pro­grama ne­o­li­beral, já que havia no­meado Ma­cron como seu mi­nistro das Fi­nanças…

Cor­reio da Ci­da­dania: Mais à es­querda, o que achou da cam­panha e das men­sa­gens de Jean Luc-Me­len­chon? Acre­dita que fica plan­tado algo para o fu­turo?

Mi­chael Löwy: Me­len­chon fez uma cam­panha com­ba­tiva, an­ti­li­beral, pela igual­dade so­cial e con­se­guiu um su­cesso sem pre­ce­dente, desde 1969, para uma força à es­querda da so­ci­al­de­mo­cracia. O pro­blema é seu per­so­na­lismo e seu na­ci­o­na­lismo francês. O que vai dar no fu­turo ve­remos nos pró­ximos meses, já na cam­panha das elei­ções par­la­men­tares.

Ve­remos se ele vai aceitar uma ar­ti­cu­lação com o pes­soal da Frente de Es­querda, que o apoiou nesta eleição, ou se vai querer impor sua es­tru­tura pes­soal, a França In­sub­missa (450 mil ade­rentes) como único quadro pos­sível, o que pode levar a uma séria di­visão de forças.

Cor­reio da Ci­da­dania: Como en­xerga, glo­bal­mente, a as­censão da ex­trema-di­reita?
 
Mi­chael Löwy: O fenô­meno é eu­ropeu e tem se de­sen­vol­vido par­ti­cu­lar­mente nos países ricos, que menos so­freram da crise: Áus­tria, Por­tugal, Ho­landa etc. No caso francês, tem muito a ver com o pas­sado do país: o epi­sódio fas­cista do re­gime de Vichy (Pe­tain) e as atrozes guerras co­lo­niais da França, em par­ti­cular na Ar­gélia. Este se­di­mento fas­cista/co­lo­ni­a­lista ali­menta a nova vaga de xe­no­fobia e ra­cismo contra os imi­grantes, os ci­ganos, os mu­çul­manos. A fa­mília Le Pen, com al­gumas con­tra­di­ções in­ternas, re­pre­senta esta nova va­ri­ante de uma velha ten­dência da po­lí­tica fran­cesa.

Cor­reio da Ci­da­dania: Em re­lação à Eu­ropa, como re­sume o atual mo­mento po­lí­tico e econô­mico do con­ti­nente?
    
Mi­chael Löwy: Um pe­ríodo de crise econô­mica, es­tag­nação, de­sem­prego, agra­vados pelas po­lí­ticas “aus­te­ri­cidas” dos go­vernos ne­o­li­be­rais e pela po­lí­tica econô­mica ao ser­viço do ca­pital fi­nan­ceiro pro­mo­vida pela União Eu­ro­peia. Isto pro­voca de­sen­canto, raiva e per­ple­xi­dade, sen­ti­mentos que são, em muitos países do con­ti­nente, ma­ni­pu­lados pela ex­trema-di­reita ra­cista e xe­no­fó­bica (em al­guns casos pro­pri­a­mente fas­cista). Mas existe também uma re­sis­tência de es­querda ao ne­o­li­be­ra­lismo, que tem mais peso nos países pe­ri­fé­ricos do con­ti­nente: Grécia, Es­panha, Por­tugal.

As atuais elei­ções na França aca­baram re­sul­tando num duelo, no se­gundo turno, entre a ex­trema di­reita (Ma­rine Le Pen) e o “ex­tremo-centro” (Ma­cron), que será muito pro­va­vel­mente ven­cido pelo se­gundo, porta-voz di­reto do ne­o­li­be­ra­lismo “mo­derno”. O can­di­dato da es­querda anti-ne­o­li­beral, Jean-Louis Me­lan­chon, con­se­guiu 19,3%, en­quanto que o do Par­tido So­ci­a­lista, Be­noit Hamon, não passou de 6,3%. Como disse, é a pri­meira vez, desde 1969, que uma força à es­querda da so­ci­al­de­mo­cracia con­segue se impor contra esta úl­tima.

Por fim, o can­di­dato an­ti­ca­pi­ta­lista, o ope­rário da fá­brica Ford Phi­lippe Poutou, fez uma bela cam­panha, e suas in­ter­ven­ções contra Ma­rine Le Pen ti­veram grande su­cesso, mas em termos de votos não con­se­guiu mais de 1,2%…

Cor­reio da Ci­da­dania: Você par­ti­cipou de um ciclo de de­bates com An­tonio Negri, ci­en­tista po­lí­tico ita­liano que, dentre ou­tras teses, de­fende que a partir das eclo­sões po­pu­lares de 2011, como o Oc­cupy Wll Street, os in­dig­nados es­pa­nhóis e a pri­ma­vera árabe, com todos os seus per­calços, inau­gu­raram pro­cessos “des­ti­tuintes” em re­lação à classe po­lí­tica e o sis­tema de re­pre­sen­tação es­ta­be­le­cido. Como ana­lisa essa ava­li­ação de Negri e en­xerga o Brasil em meio a tais ventos?
    
Mi­chael Löwy: Tenho muita ad­mi­ração por Toni Negri como pen­sador e mi­li­tante, que luta por um fu­turo co­mu­nista. Estou de acordo com esta aná­lise da di­nâ­mica “des­ti­tuinte” destes mo­vi­mentos so­ciais na Eu­ropa e no Ori­ente Médio. Havia nestes le­vantes uma di­mensão de re­volta contra o ne­o­li­be­ra­lismo. As grandes ma­ni­fes­ta­ções de 2016 no Brasil têm outro ca­ráter, aca­baram sendo ma­ni­pu­ladas pela Globo e por ou­tras forças re­a­ci­o­ná­rias, em nome do com­bate à cor­rupção.

Cor­reio da Ci­da­dania: Como o livro recém-lan­çado por você e Oli­vier Be­san­cenot, que trata da uni­dade entre se­tores co­mu­nistas e anar­quistas, pode con­tri­buir com o atual mo­mento de de­sen­canto da po­lí­tica?
 
Mi­chael Löwy: Não é um livro que vai mudar a con­jun­tura… Mais mo­des­ta­mente, que­remos com este livro con­tri­buir para o diá­logo entre re­vo­lu­ci­o­ná­rios mar­xistas e li­ber­tá­rios, que são duas forças muito pre­sentes na ju­ven­tude, nas lutas e nos mo­vi­mentos “des­ti­tuintes”.

Cor­reio da Ci­da­dania: E como o livro con­tribui para os se­tores mais mi­li­tantes his­to­ri­ca­mente?
 
Mi­chael Löwy: Ten­tamos mos­trar aos nossos ca­ma­radas mar­xistas e anar­quistas que na his­tória do mo­vi­mento ope­rário estas duas forças muitas vezes es­ti­veram ali­adas, as­so­ci­adas num com­bate comum, desde a Co­muna de Paris (1871) até a re­volta za­pa­tista de Chi­apas, pas­sando pela Re­vo­lução Es­pa­nhola (1936). Acre­di­tamos que temos muito a aprender uns com os ou­tros, e apos­tamos num “mar­xismo li­ber­tário” que se ins­pire em pro­postas e ex­pe­ri­ên­cias das duas cor­rentes.

Cor­reio da Ci­da­dania: A afi­ni­dade entre mar­xistas e li­ber­tá­rios é viável até que ponto, con­si­de­rando o con­texto bra­si­leiro em que se­tores lu­listas e uma es­querda que tem re­púdio ao lu­lo­pe­tismo se ma­ni­festam nos mesmos es­paços nesse mo­mento de forte ofen­siva ca­pi­ta­lista?

Mi­chael Löwy: Nosso livro se di­rige aos re­vo­lu­ci­o­ná­rios, sejam mar­xistas ou li­ber­tá­rios, no sen­tido de buscar um diá­logo e con­ver­gên­cias na ação. Não penso que haja di­fi­cul­dade em se oporem todos juntos à qua­drilha Temer e sua po­lí­tica ul­trar­re­a­ci­o­nária, quais­quer sejam as opi­niões de uns e ou­tros sobre o PT (sem dú­vida crí­ticas, senão não se tra­ta­riam de re­vo­lu­ci­o­ná­rios).

Cor­reio da Ci­da­dania: O que você co­menta do con­texto po­lí­tico bra­si­leiro, em es­pe­cial o im­pe­a­ch­ment de Dilma e a as­censão de seu vice-pre­si­dente Mi­chael Temer, ora sob forte re­pro­vação?
 
Mi­chael Löwy: É mais um epi­sódio da série de golpes pseu­do­par­la­men­tares, de­pois de Hon­duras e Pa­ra­guai. São as oli­gar­quias mais re­a­ci­o­ná­rias que, pas­sando com um trator em cima da de­mo­cracia, im­põem um go­verno não eleito e ile­gí­timo. No caso do Brasil, se re­pete a tra­gédia como farsa (como dizia Hegel): a tra­gédia foi o golpe mi­litar de 1964, se­guido de 20 anos de di­ta­dura; a farsa é o atual golpe “par­la­mentar” contra Dilma, em que uma qua­drilha de par­la­men­tares cor­ruptos afastou a pre­si­dente eleita, sob pre­texto de “pe­da­ladas fis­cais”.

Cor­reio da Ci­da­dania: Não pensa que a re­tó­rica do golpe é in­su­fi­ci­ente, di­ante de fa­tores como a inação de Dilma no se­gundo man­dato, os crimes de fato co­me­tidos por di­ri­gentes e pre­postos do PT e, talvez mais for­te­mente, a ma­nu­tenção da ali­ança com o PMDB, dentre ou­tros, em mi­lhares de ci­dades bra­si­leiras nas elei­ções mu­ni­ci­pais?
 
Mi­chael Löwy: A po­lí­tica de Dilma no go­verno foi al­ta­mente de­cep­ci­o­nante, fa­zendo inú­meras con­ces­sões ao ca­pital fi­nan­ceiro, aos la­ti­fun­diá­rios, à oli­gar­quia. Mas as classes do­mi­nantes no Brasil já não que­riam mais “con­ces­sões”, que­riam go­vernar di­re­ta­mente, através de seus paus man­dados. De­nun­ciar o golpe não é em nada con­tra­di­tório com uma crí­tica im­pla­cável à cor­rupção de fi­guras do PT, aos com­pro­missos po­dres com os fi­si­o­ló­gicos do PMDB etc.

Cor­reio da Ci­da­dania: Fa­lando em elei­ções mu­ni­ci­pais, como en­xerga o fato de al­gumas pes­quisas terem apon­tado que o au­mento do ab­sen­teísmo se lo­ca­liza mais à es­querda do es­pectro po­lí­tico?
 
Mi­chael Löwy: Sem dú­vida havia uma grande de­cepção das bases elei­to­rais do PT, que se abs­ti­veram. Mas não po­demos su­bes­timar a força da ide­o­logia ne­o­li­beral do­mi­nante, re­pre­sen­tada pelo tal Doria em São Paulo. Mas houve as­pectos po­si­tivos, com o re­la­tivo su­cesso da cam­panha de Freixo, o can­di­dato do PSOL no Rio de Ja­neiro, que con­se­guiu ocupar o es­paço na es­querda aban­do­nado pelo PT.

Cor­reio da Ci­da­dania: Como a te­o­logia da pros­pe­ri­dade e as igrejas ne­o­pen­te­cos­tais in­fluem na cul­tura po­lí­tica bra­si­leira? Têm pro­jetos de poder de­fi­nidos e ex­pli­ca­riam, ao menos em partes, o de­clínio da es­querda?
 
Mi­chael Löwy: Bem ao con­trário. O aban­dono das bases pelo PT e pelos sin­di­catos, além da cam­panha da Igreja, du­rante anos, contra a te­o­logia da li­ber­tação, cri­aram um vazio no campo so­cial e re­li­gioso, que acabou sendo pre­en­chido, em parte, pelos ne­o­pen­te­cos­tais, cujo papel ne­fasto é bem evi­dente.

Cor­reio da Ci­da­dania: O que acon­teceu com a noção de es­querda, mun­di­al­mente? O que há de ser feito no sen­tido de re­cons­truir lutas e re­sis­tên­cias, como de­fine o ci­en­tista po­lí­tico Giu­seppe Cocco, face aos atuais im­passes e con­tra­di­ções do que his­to­ri­ca­mente se en­tendeu por es­querda?

Mi­chael Löwy: Existe, em es­cala mun­dial, uma re­sis­tência po­lí­tica de es­querda ao ne­o­li­be­ra­lismo, à brutal de­si­gual­dade so­cial e aos pro­gramas de “aus­te­ri­dade” pro­mo­vidos pelo ca­pital fi­nan­ceiro. Isto toma formas di­fe­rentes se­gundo os países: Sy­riza na Grécia, Po­demos na Es­panha, Je­remy Corbyn na In­gla­terra, Bernie San­ders nos Es­tados Unidos, Jean-Luc Me­len­chon na França etc. Cada um destes par­tidos ou di­ri­gentes tem seus pro­blemas e con­tra­di­ções, mas re­pre­sentam um pri­meiro passo na longa marcha an­tis­sis­tê­mica.

Cor­reio da Ci­da­dania: Quais as pers­pec­tivas glo­bais para 2017 e o fu­turo pró­ximo?
 
Mi­chael Löwy: Se o fu­turo fosse pre­vi­sível, nunca ha­veria ver­da­deiras mu­danças… As­sis­timos a uma guerra de classes, uma ofen­siva vi­o­lenta, brutal e eco­cida do grande ca­pital fi­nan­ceiro glo­ba­li­zado, que toma formas va­ri­adas se­gundo os países e as con­jun­turas, com ten­dên­cias cada vez mais au­to­ri­tá­rias, como o de­mons­tram os exem­plos de Trump (EUA), Er­dogan (Tur­quia), Orban (Hun­gria), assim como a qua­drilha no poder atu­al­mente no Brasil.

Mas existe também re­sis­tência, que se ma­ni­festa em mo­vi­mentos so­ciais, em le­vantes de “In­dig­nados”, em lutas de mu­lheres, de tra­ba­lha­dores do campo e da ci­dade, de sem-teto, de in­dí­genas, de es­tu­dantes, assim como ten­ta­tivas de dar uma ex­pressão po­lí­tica anti-ne­o­li­beral e, para os mais cons­ci­entes, an­ti­ca­pi­ta­lista a esta re­sis­tência.

Esta ba­talha não vai se de­cidir em 2017, é uma guerra pro­lon­gada…

 

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