Presidente da Comissão de DDHH da OAB MA sobre ataque aos Gamela: “É um método utilizado na Baixada para cortar e amputar animais que invadem roças”

“… o mesmo método de esquartejamento tentado com relação ao Sr. José de Ribamar, que teve a mão direita decepada, com cortes também por cima, e dois cortes de facão logo abaixo dos joelhos da perna direta e esquerda. Isso não é uma coincidência. Isso é um método muito bem lembrado pela Sociedade Maranhense de Direitos Humanos. É um método utilizado na Baixada para cortar e amputar animais que invadem roças”.

Tania Pacheco

A denúncia acima, do Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB Maranhão, Rafael Silva, é um dos destaques do vídeo-reportagem de Ana Mendes para o Cimi, sobre o ataque contra os Gamela, no último domingo, 30 de abril. A fala é curta, mas revela de forma brutal o grau de desumanização atingido por alguns seres da nossa sociedade e demarca, por si só, a importância do trabalho. 

Na apresentação, o vídeo documenta diferentes momentos que delineiam o cenário, abrindo com o registro de gravação onde é anunciada reportagem local sobre os “indígenas, ou pseudo-indígenas”. Num outro take, o deputado Aloísio Nunes (PTN MA) discursa do alto de um caminhão, horas antes do ataque, afirmando que “ninguém aqui tem sangue de barata”.

As imagens do indígena ferido em seu leito no hospital antecedem a fala do advogado, por sua vez seguida pelos letreiros: “Tacar fogo no mundo: o linchamento Gamela”. E esse “mundo” é mostrado com rápidos flashes sobre a luta indígena, o quase massacre, as medidas já tomadas a respeito, entremeados pelos depoimentos de Rosimeire Diniz, do Cimi, e de Maria das Dores dos Santos (“Era uma chuva de balas em cima da gente”),  Turutin Gamela, Cruupyhre Gamela e Kun’Tum Gamela.

Na apresentação no Youtube, o texto informa:

“O povo Gamela vive no estado do Maranhão. Desde 2015, sem qualquer providência do Estado para a demarcação de suas terras, o grupo composto por cerca de 1200 pessoas está retomando o seu território ancestral, nos arredores dos municípios de Viana, Matinha e Penalva. No último domingo, 30 de abril, fazendeiros reunidos em torno de um grupo que intitularam “Movimento pela Paz”, com a participação de políticos, realizaram uma violenta ação contra os Gamela. Cerca de 13 pessoas ficaram feridas no ataque. Dois indígenas tiveram as mãos decepadas e outros vários ficaram com projéteis alojados no corpo. A imprensa do Brasil e do mundo se mobilizou para cobrir o linchamento sofrido pelo povo. Os Gamela e as entidades de apoio exigem a imediata abertura do Grupo Técnico para a demarcação da terra indígena Gamela pela Funai.”

São menos de seis minutos (5′:54”), que merecem ser vistos com atenção:

 

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