Via Campesina da América Latina divulga nota em solidariedade aos povos indígenas, quilombolas e camponeses no Brasil

No Cimi

Delegados de mais de 80 organizações de 22 países latino-americanos, reunidos na Assembleia Continental do Cloc-Via Campesina, na Colômbia, divulgaram no encontro uma carta em solidariedade aos povos indígenas, quilombolas e camponeses que vivem no Brasil. No texto, organização afirma ser responsabilidade do governo aumento da violência no campo, contra povos indígenas, quilombolas e campesinos.

“A maior responsabilidade por essa situação de violência é do Governo Federal que, além de não realizar a demarcação das terras indígenas e quilombolas, vem assumindo abertamente, e sem pudor uma política de desenvolvimento que converte o meio ambiente em recursos disponíveis para o capital e seu total e irrestrito apoio às entidades ligadas ao agronegócio.”

A nota ressalta o avança da política orquestrada por “setores da elite burguesa” para assegurar “domínio territorial” e realizar “reformas que visam a  retirada de direitos constitucionais”. Os delegados lembraram o ataque ao povo indígena Gamela em Viana, Maranhão, no último dia 30, por homens munidos de armas de fogo e facões.

A CLOC é uma instância de articulação continental com 16 anos de compromisso com a luta social que representa o movimento campesino, de trabalhadores, indígenas, afrodescendentes de toda a América Latina. É formada por 84 organizações de 18 países da América Latina e Caribe. A organização tem por objetivo aprofundar a discussão sobre a paz no continente, a unidade e a aliança entre o campo e a cidade.

Leia a nota na íntegra:

Carta de solidariedade aos povos indígenas, quilombolas e camponeses no Brasil

Vivemos no Brasil, nos últimos anos o aumento da  violência contra os povos do campo: Indígenas , quilombolas e Campesinos,  intensificando-se  a partir de  2015, com o golpe de estado, tendo como objetivo  destruir direitos.

Destacamos aqui o ataque sofrido contra o Povo indígena Gamela no Maranhão, no início dessa semana, onde pelo menos 13 indígenas foram gravemente  feridos, cinco baleados e dois com as mãos decepadas. Ataque esse, promovido por fazendeiros e com participação de políticos da região.

A maior responsabilidade por essa situação de violência é do Governo Federal que, além de não realizar a demarcação das terras indígenas e quilombolas,  vem assumindo abertamente, e sem pudor uma política de desenvolvimento que converte o meio ambiente, em recursos disponíveis para o capital e seu total e irrestrito apoio às entidades ligadas ao agronegócio. Além disso, o Governo golpista tem sucateado e extinto Ministérios e secretarias estratégicos, que tinham por objetivo dar suporte a Políticas Públicas, que respondia parte das demandas desses povos.

Agora, mais do que nunca, os setores da elite burguesa, se articulam e acionam seus representantes políticos no Executivo, Legislativo e Judiciário para assegurar, por um lado, a expansão de seus domínios territoriais e, por outro, para aprovar reformas que visam a  retirada de direitos constitucionais, conquistados com muita luta e resistência.

Nos, participantes da Segunda Assembléia da CLOC- Via Campesina, manifestamos nossa solidariedade a esses povos, que resistem a esses ataques sistemáticos, solicitando providências urgentes para que órgãos competentes apurem e responsabilizem os culpados por essas atrocidades.

Cundinamarca, Colômbia 04 de maio de 2017

Imagem: Delegados de mais de 80 organizações de 22 países latinoamericanos, reunidos na Assembleia Continental, na Colômbia. Foto: MST Brasil

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