Em São Paulo, 52 mil pessoas foram vítimas de conflitos no campo, diz pesquisa

Observatório levantou, ao todo, 174 episódios envolvendo diversas populações do estado que é tido como o mais moderno e economicamente avançado do país. Os resultados da pesquisa foram apresentados neste sábado (13), no seminário “Lutas Sociais Hoje a Questão Agrária em São Paulo”, no auditório do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região

Rede Brasil Atual / CPT

São Paulo – Pelo menos 52 mil pessoas foram vítimas de conflito no meio rural de São Paulo entre 2014 e 2015, segundo levantamento do relatório inédito do Observatório dos Conflitos Rurais em São Paulo, que reúne pesquisadores de diferentes universidades paulistas e militantes sociais da área de direitos humanos. Foram documentados, ao todo, 174 episódios de conflitos envolvendo diversas populações do estado, que é tido como o mais moderno e economicamente avançado no país.

“O desenvolvimento levado a cabo no campo paulista acaba por criar novas formas de produção e, consequentemente, recria antigas práticas de exploração com características modernas. Temos visto isso no avanço da exploração mineral em alguns municípios e na expansão da especulação imobiliária de áreas com atrativos naturais, ambas gerando uma série de conflitos entre os representantes destes empreendimentos e as comunidades que já residiam nesses territórios”, diz um dos membros do Observatório, Gabriel Teixeira.

O grupo que mais sofreu casos de violência foi o de moradores de assentamentos, acampados e agricultores familiares (36.558), seguido pelos assalariados rurais (16.430) e populações tradicionais (6.768). Foram levantados ao todo quatro casos de trabalho em condições análogas à escravidão, com uma condenação, envolvendo fazendas pertencentes a multinacionais.

A pesquisa leva em conta casos noticiados pela imprensa, ocorrências registradas por órgãos públicos e situações verificadas nos locais. A maioria dos casos de violência que vitimou populações do campo ocorreu em atos políticos ou manifestações, totalizado 67 casos. Em seguida, aparecem casos que envolvem relações trabalhistas (43), ocupação de propriedades (26) e despejos (15).

“(Em São Paulo,) se amplia o papel da especulação imobiliária, particularmente da construção civil, que junto com o agronegócio e com as atividades petrolíferas e do setor de mineração, impõem mais intensidade ao processo de concentração de terras”, diz texto assinado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) sobre a publicação.

A elaboração do relatório contou com o apoio do Centro de Estudos Migratórios, do Centro de Estudos Rurais (Ceres) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Fundação Rosa Luxemburgo, da Comissão Pastoral da Terra, do Serviço Pastoral dos Migrantes e do núcleo paulista da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra).

Foto: João Zinclar.

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