MG: Combativa manifestação celebra os 50 anos da Resistência de Cachoeirinha!

Comitê de Apoio ao AND – Norte de Minas

“Companheiro Jader: Presente na luta!
Companheiro Sula: Presente na Luta!
É morte é morte ao latifundiário e viva o poder camponês e operário!
É terra, é terra, para quem nela trabalha e viva agora e já a Revolução Agrária!”

Mais de cem bandeiras vermelhas tremulavam na manhã do último dia 13/06 pelas ruas de Cachoeirinha, Norte de Minas Gerais. Estes mesmos camponeses que, durante todos esses anos seguem resistindo, persistindo heroicamente, desde 1967, na luta combativa pela retomada de suas terras, deram mais uma demonstração de toda a sua fortaleza e da superioridade moral das massas, quando guiadas por uma direção justa e a sua altura.

Ao som de foguetes, os camponeses, organizados pela LCP – Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia, marchavam imponentes, desafiando a Polícia Militar e a Polícia Civil que cercavam o protesto e que, desde os dias anteriores, rondavam os camponeses com ameaças veladas e provocações. Comerciantes, trabalhadores que passavam pelas ruas, todos paravam para ver a combativa passeata. Centenas de panfletos com os dizeres “Viva os 50 anos da Heroica Resistência dos Posseiros de Cachoeirinha!” e “Chacina em Pau D`Arco é crime de Estado!” eram distribuídos.

Em duas colunas, os camponeses carregavam altivos, faixas com as suas palavras de ordem e estandartes com as fotos de seus líderes e heróis de nosso povo. Senhores e senhoras que eram crianças quando dos crimes do latifúndio e do velho Estado contra os posseiros em 1967, companheiros que iniciaram a luta pela terra nos dias de hoje, muitos jovens e crianças. Os companheiros, Ursulino Pereira Lima (Seu Sula) e Jader de Paula (Seu Jader), lideranças históricas da resistência dos posseiros de Cachoeirinha e Presidentes de Honra da LCP, falecidos recentemente, estavam, mais uma vez, presentes naquela luta! Não apenas nas suas fotos que, do início ao fim, estiveram à frente do protesto, mas, no espírito combativo que contagiava a todos naquela manhã histórica. As imagens do companheiro Cleomar Rodrigues, coordenador político da LCP assassinado por pistoleiros e policiais em 2014, simbolizava a continuidade desta mesma luta de classes, de nossos bravos sertanejos contra este mesmo velho Estado, contra este mesmo latifúndio que urge ser destruído.

Familiares do companheiro Sula, massas das comunidades Vitória, Caitité, Verde Água, dentre outras comunidades camponesas de Cachoeirinha, ativistas e dirigentes da LCP de Varzelândia, Manga e Pedras de Maria da Cruz, apoiadores do movimento camponês combativo de Montes Claros e Janaúba, todos demonstravam a alta consciência de que cumpriam uma importante tarefa da Revolução Agrária. Era uma das manifestações políticas dos camponeses pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia em honra aos companheiros Antônio Montes de Brito (Antônio Manso), Juarez (Juarez Baiano), Marcionílio Gomes Teles, Martim Fagundes e Ursino Cardoso (Ursino Preto), heróis do povo na heroica resistência de Cachoeirinha na década de 1960. Manifestação de repúdio aos crimes continuados e impunes do latifúndio, de ontem e de hoje, como o assassinato do companheiro José Soares Mendes, conhecido como “Zé Gato”, que morreu no dia 04 de maio de 2015 em decorrência de ferimentos de tiros sofridos durante o ataque de pistoleiros à fazenda Torta em Cachoeirinha, no dia 19 de janeiro de 2014.

Ao carro de som, dirigentes da LCP conclamavam: “contra a crise, unir camponeses pobres, remanescentes de quilombolas e indígenas na luta pela destruição do latifúndio!” Após o protesto atravessar a ponte sobre o Rio Verde, não tardou para que uma coluna de fumaça cobrisse os céus, enquanto a rodovia MG-401, que liga as cidades de Janaúba e Jaíba, fosse bloqueada. Em vão, os policiais tentavam intimidar os manifestantes. O protesto foi encerrado com fogo, expressando a combatividade das famílias camponesas de Cachoeirinha. Fechando com chave de ouro, os camponeses expulsaram uma viatura da PM que tentava intimidar o motorista do ônibus que levou os camponeses ao protesto.

Encerrada a manifestação, todos seguiram para a Comunidade Vitória, em terras retomadas das garras do latifúndio pelos camponeses organizados pela LCP, em 2000. Um simples e delicioso almoço com arroz e farofa de feijão, organizado pelas companheiras e companheiros do Vitória, alimentava os camponeses e seus apoiadores que, alegres, falavam sobre a vitoriosa manifestação. Depoimentos emocionados sobre a resistência em 1967, as retomadas desde a década de 1980 e as novas tomadas que se avizinham concluíram a exitosa manifestação dos continuadores da luta dos posseiros de Cachoeirinha!

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Maria Zilah de Mattos e Carlos Dayrell.

 

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

quinze − 1 =