Estudantes de agronomia da UFG pedem “menos amor e mais agrotóxico”

E ainda fazem camiseta com o pedido; pesticida mais consumido no mundo, glifosato é apontado por muitos pesquisadores como causa de câncer

Alceu Luís Castilho – De Olho nos Ruralistas

Eles estudam agronomia. E pedem: “Menos amor e mais glifosato, por favor”. Em referência ao pesticida mais consumido no mundo, comercializado pela Monsanto como Roundup. A foto com essa frase nas camisetas rodou as redes sociais após ter sido publicada no site da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Produção Agropecuária (Emater). É produzida pela associação atlética dos estudantes de agronomia da Universidade Federal de Goiás.

Também conhecido como mata-mato, o glifosato – ingrediente ativo do Roundup – “provavelmente” causa câncer, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Outras pesquisas realizadas dizem o contrário. Em junho, o estado da Califórnia, nos Estados Unidos, informou que listará o produto como causador de câncer. A European Chemical Agency o liberou.

Sua utilização é criticada por organizações como o Greenpeace, WWF, Oxfam e Slow Food. Mais de 1,3 milhão de pessoas assinaram uma petição para seu banimento na União Europeia. A documentarista francesa Marie-Monique Robin, autora de filme sobre a Monsanto, define o glifosato como “maior escândalo sanitário da história“.

No Brasil, o uso do pesticida é criticado por pesquisadores como Wanderlei Pignati, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), e Raquel Rigotto, da Universidade Federal do Ceará (UFC). A Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) também fazem alertas frequentes sobre esse e outros venenos.

ESTUDANTES FATURAM COM CAMISETA

Os estudantes brasileiros conseguiram emplacar a foto em uma notícia sobre o consumo de soja por humanos, publicada pela Emater (e reproduzida, com outra imagem, pelo site Agrolink), sobre o evento Agro Centro-Oeste Familiar 2017, realizado em Goiânia, em junho.

O link foi retirado do ar, mas o site Ambiente do Meio conseguiu registrar a imagem. Que ainda pode ser encontrada, também, no Twitter da própria Emater, em post do dia 12 de junho – conforme o De Olho nos Ruralistas constatou, um mês depois, nesta segunda-feira.

O Instagram da associação atlética dos estudantes da Escola de Agronomia da UFG divulgou em março a camiseta “por menos amor e mais glifosato”. Apresentada naquele mês como uma novidade, ela é vendida por R$ 35.

Diante da repercussão da foto, a Emater emitiu nota de esclarecimento dizendo que nem ela, nem a Universidade Federal de Goiás, nem a organização da Agro Centro-Oeste Familiar têm qualquer ligação com a produção “ou incentivo ao uso” da camiseta.

A agência diz respeitar o direito à liberdade de expressão, garantido pela Constituição, e que incentiva “toda e qualquer prática sustentável de produção agropecuária apoiada em procedimentos seguros e ambientalmente corretos, afiançados pela legislação vigente”.

Comments (2)

  1. Vocês “jornalistas” deveriam no mínimo pesquisar contexto antes de publicarem reportagens tendenciosas assim. No âmbito da UFG, existem diversas associações atléticas dos cursos, essas associações funcionam de forma a aumentar a interação com o aluno, através de festas, e principalmente de esportes, todo ano, temos um campeonato entre os cursos da UFG, em que se disputam modalidades como atletismo, natação, futebol society, futsal, handbol, basquete, volei, rugby, dentre outros. Cada atlética criou uma bebida (normalmente suco com vodka) e a batiza com nomes derivados de algo relacionado ao curso, como é o caso do fluor que é a bebida batizada por alunos da Banguela que é a Atlética do Curso de Odontologia, ou prejuízo que é a bebida da Mercenária (Atlética de Ciências Contábeis). Em resumo, a camiseta nada tem haver com o uso do agrotóxico, mas sim com a bebida, que é comercializada nas festas organizadas por membros da Atlética da Agronomia.

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