Sementes crioulas: a herança da sabedoria ancestral na agricultura

População do semiárido tem a missão de preservar e multiplicar essas sementes que estão ameaçadas pelo agronegócio

Daniel Lamir, Brasil de Fato

O que há dentro de uma semente? Além de códigos de sabores e nutrientes, algumas guardam verdadeiros patrimônios genéticos e culturais. O manejo de sementes é como uma herança da sabedoria ancestral que pode ser contada desde o início da história da agricultura.

Mas parte desta riqueza milenar já desapareceu. E a que resta está ameaçada. Para termos uma ideia, ao longo de 12 mil anos da agricultura, mais de 7 mil espécies de alimentos foram cultivadas. Hoje, apenas 12 espécies formam a base da nossa alimentação.

Gabriel Fernandes é assessor técnico da organização ASPTA – Agricultura Familiar e Agroecologia. Ele fala sobre os riscos da uniformização.

“Por um lado, mostra um empobrecimento muito grande nossa dieta alimentar. E, por outro lado, uma dependência por poucas espécies. Se essas espécies tiverem algum problema ambiental, algum problema de praga ou doença, isso pode gerar uma catástrofe muito maior do ponto de vista de fome até, de não produção de alimentos.”

Gabriel é uma das pessoas que alertam sobre os perigos do modelo do agronegócio, seja na hora de produzir, seja na hora de consumir os alimentos. Os riscos aparecem quando a diversidade de alimentos perde espaço para os monocultivos ou então a autonomia e sustentabilidade tradicional ou agroecológica são desconsideradas diante de venenos e transgenia.

Há divisão também entre as sementes. Por um lado, as sementes crioulas carregam informações sobre cada clima, solo e manejo específico. Por outro, os monopólios do setor agrícola empurram as chamadas transgênicas, híbridas ou melhoradas. Ou seja, as sementes crioulas, que são parte da natureza, estão sendo ameaçadas pelas sementes manipuladas em laboratórios, dependentes de químicos que contaminam todas as formas de vida.

No semiárido brasileiro, mulheres e homens mantém a importante missão de preservar e multiplicar as espécies crioulas. Uma dessas mulheres é Maria de Lourdes, da comunidade Poço Preto, no município de Poço Redondo, no estado de Sergipe.

“Os filhos da gente vai se envolvendo também. Porque muitas vezes os filhos vê o pessoal botando veneno e usando adubos comprados, aí a pessoa já leva o conhecimento pra eles. Ele já vai pegando aquele conhecimento. Aí ajuda pra eles, e ajuda pra gente. Vai passando a prática para os outros.”

Seja entre a família, seja entre a comunidade, a criatividade é uma aliada para que os guardiões e as guardiãs de sementes pelo semiárido permaneçam cultivando de forma autônoma e saudável. Por exemplo, em diferentes estados, as sementes crioulas ganharam batismos que misturam afetividade e afirmação política.

Na Paraíba, são as sementes da paixão. No Ceará, sementes da vida. No Piauí, sementes da fartura. Em Alagoas são as sementes da resistência. Em Sergipe, sementes da liberdade.

O casal Ivânia Cavalcanti e Manoel de Pentecoste, no Ceará, conheceu de perto muitas dessas espécies com diferentes batismos. O casal lutou e conquistou o direito à terra, mas percebeu que faltavam as sementes crioulas para fazer florescer uma agrofloresta no local. Resultado: pegaram as bicicletas e foram em busca de sementes crioulas por muitos e muitos quilômetros.

“No Nordeste, a cada passo que a gente dava, a gente descobria mais desaparecimento de sementes. Não só as sementes de fato das hortaliças, mas as sementes também de rebeldia, contra os transgênicos, contra o agronegócio, que trouxe todo esse pacote de morte.”

Edição: Brasil de Fato Pernambuco.

Imagem: As sementes crioulas carregam informações sobre cada clima, solo e manejo específico / Divulgação/Outras Palavras

Comments (1)

  1. Assista YouTube jose de pontes verduras gigantes
    Infelizmente eu sei o que e trabalhar sendo pobre e negro.criando produtos naturais para evitar o que observamos . adultos . crianças. idosos comendo venenos.e tudo liberado os registros. para envenenarem o povo.alem de nao existirem fiscalização .e jogado de qualquer formas
    E quem cria produtos naturais.ainda sofre por nao ter apoio algum .eu tive que clamar socorros para a comissão do meio ambiente da camara federal
    Para ver se consigo o registro do repilente que afasta as pragas das verduras e legumes.sou o que em 1989 fui o primeiro a falar das pragas dos caramujos gigantes africanos
    Qual dize que alem dos mesmo destruirem a agricultura iriam trazerem danos a saude humanas e ajudariam aos mosquitos transmissores da dengue a trazerem doenças ainda mais graves aos humanos mas ninguém deram atenção. ser negro e pobre no Brasil .pode ate criar o melhor produtos do mundo.ser rico ajudar políticos em campanhas ser apadrinhados .Não precisa criar nada .pode ser venenos e aprovados.
    Nao vai existir negros pesquisadores autodidatas porque e o mesmo que ser escravo a muitos anos atrás
    Assista YouTube jose de pontes
    E vejam porque .hoje muitos estão comendo .e bebendo venenos todos os dias
    E o mesmo das campanhas de tabacos. fala mostra as doenças e ate mesmo o câncer. so que e o mesmo que industrias de venenos fazem.pagam impostos tudo podem
    Vejam porque estao morrendo tantas pessoas vitimas de doenças malignas
    E preciso mudar cobrem os politicos.voces sabiam que eu guardo as formulas como ouro enterradas .a policia ja invadiu .porque suspeitas .um negro .sozinho .nao rico.esta manipulando drogas.assim .tive que esconder.para poder viver
    Assista YouTube jose de pontes

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

quatro × 1 =