Nova gafe sugere que Michel Temer matava aulas de geografia, por Leonardo Sakamoto

Blog do Sakamoto

Não é necessário decorar as 35 capitais dos países do continente americano para ser presidente da República no Brasil. Nem saber quantos países tem a África. Muito menos os nomes de todos os desertos do mundo. Ou quais nações ostentam bandeiras que não são retangulares. Talvez os rios da margem direita do Amazonas, mas talvez nem isso.

Mas seria de bom tom não errar o nome de países em eventos com outros chefes de Estado. Ninguém vai começar uma guerra por isso, mas não pega bem.

Em almoço oferecido ao presidente paraguaio Horácio Cartes, nesta segunda (21), Temer disse que tem um apreço pela relação ”Brasil e Portugal”. Ou ele quis dizer Paraguai e engatou um Portugal porque começam com ”p” ou sentiu vontade de um pastel de Belém e tascou a terra de origem da última flor do Lácio.

Claro que não foi a primeira vez que faz isso. Em junho, ele disse que teria ”uma reunião com o parlamento brasileiro e um pouco mais adiante com sua majestade, o rei da Suécia”. O problema é que os encontros seriam com os noruegueses.

E após viagem à Rússia, Temer afirmou que havia se encontra com os ”empresários soviéticos”. O problema é que eram empresários russos – a União Soviética foi dissolvida em 1991.

Toda essa confusão pode ser fruto do cansaço, coisas demais na cabeça.

Mas o que pode ser mais importante para um chefe de Estado do que o trabalho como chefe de Estado? No seu caso, a preocupação com novas denúncias contra ele, passando por deputados federais que foram comprados, mas ainda não receberam seu pagamento até o crescimento econômico – que não veio – e, por conta disso, os serviços públicos estão ruindo.

Ou esquecimento seletivo. Porque Temer também se ”esqueceu” que na escola, quando era menino-moço lá em Tietê, lhe foi ensinado nas aulas de geografia que o Brasil tem territórios indígenas e quilombolas, parques nacionais e outras unidades de conservação, com o objetivo de assegurar direitos de populações tradicionais e garantir a qualidade do meio ambiente às gerações futuras. Se ele se lembrasse disso, talvez não autorizasse o desmonte do sistema de proteção aos povos do campo e ao meio ambiente a fim de agradar a bancada ruralista e contar com seu apoio para permanecer no poder.

Se alguém for avisa-lo disso, por favor, aproveite e lembre-o das aulas de História. Aquela parte em que o Estado brasileiro prometeu combater o trabalho escravo a partir de 13 de maio de 1888. Porque os recursos para manter auditores fiscais resgatando trabalhadores escravizados e vítimas de tráfico de pessoas acabou na semana passada.

Foto: Sergio Lima/Poder 360

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