Nota de Apoio ao Povo Pitaguary, ao indígena Maurício Alves Feitosa e às suas lideranças tradicionais

Nós, organizações indígenas e ambientalistas, defensores dos direitos humanos e indigenistas do Brasil, manifestamos nossa solidariedade ao Povo Indígena Pitaguary, ao indígena Maurício Alves Feitosa e às Lideranças Tradicionais do Povo Pitaguary.

A Terra Indígena Pitaguary é constituída por quatro aldeias. Três delas estão localizadas no município de Maracanaú (Santo Antônio, Horto, Olho D’Água) e uma no município de Pacatuba (Monguba), no estado do Ceará. A área oficial da terra indígena é de 1.735 ha. A população é formada por 3.765 indígenas (IBGE, 2010). 

O Povo Indígena Pitaguary tem sofrido diversos ataques perpetrados por agentes externos, em alguns casos apoiados por pessoas da comunidade não reconhecidas pelas lideranças tradicionais.  Nos últimos anos os horrores se intensificaram, tirando o sossego e ameaçando o direito de viver deste Povo.

Na madrugada do último domingo, 27 de agosto de 2017, a covardia contra membros da comunidade indígena ganhou requintes de crueldade. Maurício Alves Feitosa, de 45 anos, mais conhecido como Mazin, sofreu uma emboscada enquanto dormia na vacaria onde trabalha, situada na aldeia Santo Antônio, Terra Indígena Pitaguary, município de Maracanaú (CE). Dois homens incendiaram com gasolina a casa onde Mazin estava. Ao tentar escapar do fogo que tomava conta da casa, o indígena foi imobilizado, espancado e jogado de volta no local, que já ardia em chamas.

Mazin está internado no Instituto José Frota (IJF), em Fortaleza, com queimaduras de segundo e terceiro graus em 14% do corpo, concentradas nas costas e no abdômen. Segundo informações, o estado dele é estável.

Esse caso brutal que vitimou Mazin Pitaguary soma-se, ainda, a relatos de ameaças de sequestro, criminalizações diversas, cárcere privado de lideranças tradicionais e familiares, ataques a golpes de facão, um dos quais culminou com a vítima gravemente ferida.

É notório que todos os ataques cometidos contra o Povo Indígena Pitaguary estão relacionados a interesses de agentes externos que pretendem explorar os recursos naturais existentes no interior do território de ocupação tradicional, o que não é aceito por este Povo.

A luta em defesa do meio ambiente tem colocado o Povo Pitaguary em riscos imensos, pois ele não permitirá a invasão para exploração do seu território sagrado. Continuará lutando pelas matas, as águas, os animais, a Natureza.

Repudiamos que agentes externos, sejam políticos, especuladores imobiliários ou outros tirem a paz e o sossego do Povo Pitaguary e exigimos que as autoridades competentes atuem para que se possa trazer uma solução urgente para por fim a tantos ataques brutais.

Solidarizamo-nos com o Povo Indígena Pitaguary e as Lideranças Indígenas Tradicionais Pitaguary e estimamos a pronta recuperação do indígena Maurício Alves Feitosa.

Subscrevem esta nota:

Entidades / Organizações / Coletivos

  • Articulação da Juventude Indígena Tapeba – AJIT
  • Articulação das Mulheres Indígenas no Ceará – AMICE
  • Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo –APOINME – MR-CE
  • Articulação Regional das Pastorais Sociais, CEBs e Organismo do Regional NE1
  • Associação Comunitária Padre Sebastião Marleno Alexandre – ACOPASMA – Jaguaretama – CE
  • Associação das Comunidades dos Índios Tapeba – ACITA
  • Associação de Pais e Mestre dos Potyguara de Viração – Tamboril – Ceará
  • Associação Indigena dos Potyguara de Jucás
  • Associação Indígena Tapeba de Cultura e Esporte – AINTACE
  • Associação Para o Desenvolvimento Local Co-Produzido – ADELCO
  • Blog Combate Racismo Ambiental
  • Cáritas Arquidiocesana de Fortaleza
  • Cáritas Brasileira Regional Ceará
  • CEBs Arquidiocesana
  • Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza
  • Centro de Defesa e Promoção dos Direitos Humanos da Arquidiocese de Fortaleza – CDPDH
  • Coletivo Entre Olhos
  • Coletivo Florestar
  • Coletivo Jangu Ambiental
  • Comissão Brasileira de Justiça e Paz – CBJP-CE da CNBB NE1
  • Comissão Estadual da Juventude Indígena do Ceará- COJICE
  • Comissão Pastoral da Terra Regional Ceará
  • Comitê Nacional de Apoio à Causa Indígena
  • Conselho do Povo Português do Espírito Santo – Município de Monsenhor Tabosa – CE
  • Conselho Indígena do Povo Anacé de São Gonçalo do Amarante e Caucaia – CIPASAC
  • Coordenação das Organizações dos Povos Indígenas no Ceará – COPICE
  • Fórum Justiça Ceará
  • Índio é Nós
  • Instituto Ambiental Viramundo
  • Instituto Terramar
  • Movimento Fé e Política Ceará
  • Movimento Potygatapuia da Serra das Matas – Ceará
  • Movimento Pró-Árvore
  • Núcleo de Direitos Humanos e Ações Coletivas da DPGE/CE
  • Observatório Socioambiental
  • Organização dos Velhos Troncos do Povo Anacé da Japoara – Japiman
  • Pastoral da Juventude do Meio Popular Regional Ceará
  • Pastoral do Povo da Rua Arquidiocese de Fortaleza
  • Pastoral dos Pescadores Regional Ceará
  • Univesidade dos Saberes Étnicos Aldeia Maracanã – USEAM – Rio de Janeiro

Ambientalistas / Indigenistas / Defensores de Direitos Humanos

  • Aécio Alves de Oliveira – Professor de Economia Ecológica da UFC
  • Alexandre Oliveira Gomes – Historiador e Antropólogo
  • Ana Lúcia Tófoli – Doutoranda em Antropologia Social – Unicamp
  • Bárbara Garcia Lima – Estudante de Economia – UFC
  • Bárbara Moura – Letras – Uece, Educadora no Museu da Cultura Cearense.
  • Cinthia Moreira – Antropóloga
  • Elmano de Freitas – Deputado Estadual
  • Erica Pontes – Profa. Dra em Geografia-Seduc/CE – Militante Ecossocialista
  • Erick Sousa – Estudante de antropologia, Educador no Museu da Cultura Cearense
  • Francisca Evilene Barbosa de Castro – Professora e ambientalista
  • Francisco Eliton Meneses – Defensor Público
  • Geovana de Oliveira Patrício Marques – Advogada
  • Gerson Augusto de Oliveira Júnior – Professor Dr. adjunto da UECE e Coordenador do Curso de Ciências Sociais
  • Ivan Costa Lima – Professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira -UNILAB
  • Janete Melo – Geógrafa, ambientalista e militante indigenista
  • João Alfredo Telles Melo – Advogado, professor e membro da RENAP/CE
  • João do Cumbe – Associação Quilombola do Cumbe/Aracati – Ce
  • João Paulo Vieira – Historiador, Rede Cearense de Museus Comunitários
  • Josael Lima – Economista, ambientalista e doutorando em Ciências Sociais da UFRN
  • Juliana Monteiro Gondim – Professora de Antropologia do curso de Ciências Sociais, FACEDI/UECE
  • Kleyton Rattes – Professor Dr. de Antropologia – UFC
  • Leonardo Jales Leitão – Advogado, membro do Movimento Pró-Árvore
  • Lídia Ribeiro Nóbrega – Defensora regional de direitos humanos – DPU/CE
  • Lucas Tadeu Rodrigues Lins – Estudante de Ciências Sociais
  • Luizianne Lins – Deputada Federal
  • Pádua Fernandes – Instituto de Pesquisa Direitos e Movimentos Sociais
  • Priscylla Joca – Doutoranda em Direito pela Universidade de Montreal (Canadá)
  • Ricardo Weibe Nascimento Costa – Vereador e Advogado
  • Ronaldo de Queiroz Lima – Antropólogo, Associação Para o Desenvolvimento Local Co-Produzido
  • Rosa Fonseca – Integrante do grupo Crítica Radical
  • Tania Pacheco – Pesquisadora e ativista
  • Vanda Claudino Sales – Geógrafa, professora

Montagem de fotos da casa incendiada onde o indígena estava. Crédito: Clécia Pitaguary

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