Argentina: Corpo é encontrado onde desapareceu ativista Maldonado

Jovem não foi mais visto após protesto com repressão; polícia é suspeita em sumiço forçado

AFP/O Globo

BUENOS AIRES — O corpo de uma pessoa foi achado nesta terça-feira submerso num rio do sul da Argentina, no mesmo lugar onde foi visto pela última vez o ativista Santiago Maldonado. O jovem de 27 anos desapareceu em agosto deste ano, após ter participado de um protesto com grande repressão policial, que ocorreu a 300 metros do ponto onde o corpo foi encontrado. O caso provocou um terremoto político na Argentina, em que a gendarmeria, a polícia militarizada argentina, foi alvo de suspeitas de envolvimento no sumiço.

— Há um corpo no rio. São as notícias que temos e tudo que sabemos por enquanto — disse o secretário de Direitos Humanos da Argentina, Claudio Avruj, à imprensa.

Avruj estava acompanhado de outros funcionários do governo e um perito, que é da família de Maldonado. Os parentes do jovem responsabilizam as forças de segurança pelo seu desaparecimento, e a crença é corroborada por depoimentos de testemunhas. Há relatos de que o ativista foi levado em um veículo no meio da operação violenta da polícia no protesto.

A Justiça definiu o caso como desaparecimento forçado, uma vez que aconteceu no marco da repressão contra uma manifestação. A pedido de organizações argentinas de direitos humanos, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), com sede em Washington, outorgou uma medida cautelar em agosto para proteger os direitos de Maldonado.

O rio Chubut, onde o corpo ainda não identificado foi encontrado, já havia sido alvo de operações de busca outras duas vezes. É um rio de forte correnteza, águas transparentes e pouca profundidade, de cerca de 1,20 metro. Anteriormente, houve suspeitas de que as investigações estavam sendo conduzidas de forma parcial e, três semanas atrás, um novo juíz passou a liderar os trabalhos.

O caso de Maldonado colocou o governo do presidente Mauricio Macri e a sua ministra de Segurança, Patricia Bullrich, sob os holofotes. A ministra respaldou a polícia e negou que o Estado tivesse responsabilidade no desaparecimento. Nas últimas semanas, protestos reuniram multidões em Buenos Aires, em que os manifestantes pediam a renúncia de Bullrich e gritavam: “Onde está Santiago Maldonado?”.

Em manifestação na Praça de Maio, no coração de Buenos Aires, manifestante segura placa que diz: “Onde está Santiago Maldonado?” . Foto: Victor R. Caivano / AP

 

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