Nota Pública da CPT: Relatos de uma tragédia anunciada

Na CPT

Na manhã desta quinta-feira, 04 de agosto de 2016, Ronair José de lima (41 anos), presidente da Associação Terra Nossa, foi morto em uma emboscada ocorrida no interior do Complexo Divino Pai Eterno, zona rural de São Félix do Xingu, no Pará. Mesmo ferido ele conseguiu evadir-se do local, recebendo, posteriormente, o apoio de outro trabalhador rural, também residente no Acampamento. Após atendimento breve prestado pelo posto de saúde da Vila Sudoeste, a vítima foi encaminhada por aeronave para melhor atendimento na sede do município. Em razão dos ferimentos que atingiram a região do tórax, Ronair faleceu por volta das 15hs, deixando viúva a esposa e dois filhos.

Conforme denunciado frequentemente pela Comissão Pastoral da Terra, esse não é o primeiro atentado praticado contra Ronair. Desde que assumiu o cargo de presidente da Associação, a liderança foi constantemente ameaçada pelos fazendeiros que se dizem proprietários do Complexo e seus pistoleiros. Além das inúmeras ameaças, Ronair já havia sido vítima de tentativa de homicídio praticada contra sua pessoa no dia 27 de fevereiro do corrente ano. (mais…)

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Acusado de mandar matar José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo vai a novo júri em Belém

Em Marabá Notícias

Está marcada uma nova data para realização de júri e julgamento de José Rodrigues Moreira, acusado de ser o mandante do assassinato do casal agroextrativista de Nova Ipixuna, José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo. O novo júri ocorrerá em Belém, na data de 13 de outubro, a partir das 8h. A morte do casal agroextrativista de Nova Ipixuna ocorreu em 24 de maio de 2011. Além de José Rodrigues Moreira, acusado e mandante, Lindonjonson Alves Moreira e Alberto Lopes do Nascimento são apontados como executores.

Atualmente, em razão da transferência do local de realização do júri, o processo já se encontra em Belém. Chama atenção nesse caso a fuga de Lindonjonson da penitenciária de Marabá, ocorrido em novembro de 2015. Até o momento ele não foi apreendido e continua foragido. (mais…)

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Os “gatos pingados” não devem ser esquecidos

por Alenice Baeta para Combate Racismo Ambiental

O movimento social e politico “gatos pingados” surgiu em julho do ano passado quando um grupo de moradores do “Observatório Social – Todo Poder Emana do Povo”, no município de Jacarezinho, Paraná, se mobilizou contra o aumento dos salários dos vereadores e de outros desmandos em plena crise econômica no município. Na ocasião da sessão um dos vereadores que defendia o aumento do seu salário justificou para o presidente da câmara: “essa meia dúzia de gato pingado não coloca pressão em ninguém” …

O comentário foi ouvido e virou meme e dai o grupo começou literalmente a miar e a protestar com mais força. Foi o estopim e os vereadores saíram sob vaias. Conseguiram na ocasião evitar tal absurdo e retornaram meses depois, já em 2016, quando houve nova tentativa de aumento, possivelmente os vereadores imaginaram que os “gatos pingados” haviam se dispersado, todavia, houve uma nova vitória e mobilização dos moradores de Jacarezinho, que se articularam ainda mais, ganhando visibilidade na internet, em abaixo-assinados e em telejornais.  Diante da repercussão do caso os vereadores voltaram atrás novamente. (mais…)

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O Rio será o centro do mundo. Quem sangrou para que isso fosse possível?, por Leonardo Sakamoto

No Blog do Sakamoto

A partir de hoje, o herói será um nadador, uma centroavante, um ginasta, uma esgrimista, um maratonista, uma jogadora de basquete.

Ayrton Senna ocupou espaço de mártir na Globo quando a seleção brasileira de futebol (que é a heroína de plantão) estava em baixa.

Quando um grande empresário morre, há um esforço para que ele se torne a referência que não foi em vida e virar nome de avenida, ponte e hospital.

Cineasta tupiniquim com chance de ganhar Oscar também entra no bolo.

Movimentos sociais adoram cultivar heróis, mesmo que trabalhadores anônimos morram todos os dias e sejam tão “santos” quanto. (mais…)

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ONU: Brasil lidera ranking de mortes por bala perdida na América Latina e Caribe

Por Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil

O Brasil é o país com maior número de mortes por balas perdidas entre os países da América Latina e Caribe durante os anos de 2014 e 2015, segundo relatório do Centro Regional das Nações Unidas para a Paz, Desarmamento e Desenvolvimento na América Latina e Caribe (Unlirec, sigla em inglês), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU). Os dados foram contabilizados a partir de casos divulgados pelos meios de comunicação em 27 países.

O ranking internacional mostrou que, das 741 ocorrências envolvendo balas perdidas na América Latina e Caribe, 197 foram no Brasil, resultando em 98 mortos e 115 feridos. No segundo lugar, está o México com 116 casos (55 mortos e 77 feridos), seguido da Colômbia com 101 ocorrências (40 mortos e 74 feridos). No total, na América Latina e Caribe foram registrados 455 feridos e 371 mortos por bala perdida. (mais…)

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O massacre de indígenas e o silêncio do governador de Mato Grosso do Sul

Por Paulo Marcos Esselin e Jorge Eremites de Oliveira*, no Correio da Cidadania

Em fins do primeiro semestre de 2016, a secretária que responde pela pasta de políticas públicas para mulheres no governo de Mato Grosso do Sul, Luciana Azambuja, em entrevista a um jornal local, afirmou que esta é a segunda unidade federativa com o maior número de estupros (notificados) no país. Além deste índice vergonhoso, o estado também ocupa outra classificação de destaque no cenário nacional e internacional: disputa a primeira colocação entre os lugares onde são promovidos o maior número de assassinatos de indígenas. Indicadores desse tipo não trazem motivo de orgulho à grande maioria da população sul-mato-grossense, pelo contrário.

Exemplo da situação apontada reside no fato de que Mato Grosso do Sul começou o mês de junho do corrente ano com mais uma tragédia anunciada. No domingo do dia 13, no município de Caarapó, em torno de 600 indígenas Guarani e Kaiowá, os quais retomaram uma área que comprovadamente é terra indígena, foram atacados pelo agrobanditismo local. Trata-se da comunidade da Terra Indígena Tey’i Juçu. Como a referida área ainda não foi regularizada pelo Estado Brasileiro, fazendeiros continuam a ocupar grande parte de sua extensão. A demora neste processo vem de longa data, inclusive durante o governo da presidente afastada, o que favorece a criação das condições para a violência e os massacres que sistematicamente ocorrem na região. (mais…)

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Ruralistas oferecem mercado de terras sem fronteiras e com muita grilagem ao capital estrangeiro

Por Guilherme Delgado*, Correio da Cidadania

Antes de qualquer consideração de política agrária, que o título deste artigo requer, vou caracterizar de maneira muito resumida a situação da propriedade e posse da terra na conjuntura, utilizando o único indicador empírico de cobertura nacional: o Cadastro de Imóveis Rurais do INCRA, de caráter autodeclaratório, base legal para pagamento do Imposto Territorial Rural.

A situação recente (entre final de 2003 e final de 2014), segundo informação do Cadastro de Imóveis Rurais, é de um movimento inusitado de autoinscrições de novos potenciais detentores de propriedades privadas sobre o território nacional – vai de 418,48 milhões de hectares (ha) em 2003 para 740,4 milhões em 2014. Isto corresponde a um incremento físico de 76,9 % em onze anos ou um acréscimo de pouco mais de 320 milhões de hectares de terras que estavam fora do mercado e nele ingressam por obra mágica da autodeclaração de pretensos proprietários ao Cadastro de Imóveis. (mais…)

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