Justiça Global lança “Guia para jornalistas e comunicadores – Violações de direitos na Cidade Olímpica”

Disponível em três línguas (português, inglês e espanhol), guia é uma ferramenta de acesso ao lado menos evidente dos Jogos Rio 2016. Lançamento será nesta segunda-feira, dia 25, às 14h, em Botafogo, com participação de atingidos e ativistas

Justiça Global

A Justiça Global lança nesta segunda-feira, dia 25, um guia voltado a comunicadores e jornalistas que aborda algumas das principais violações de direitos humanos ocorridas durante o processo de preparação do Rio para o megaevento. A publicação “Violações de Direitos na Cidade Olímpica” tem o objetivo de ser uma ferramenta para jornalistas conhecerem o outro lado deste megaevento, que implicou no aprofundamento dos processos de segregação na cidade, de controle e privatização do espaço público e de extermínio da população negra e pobre. 

São 25 temas abordados, que vão dos equipamentos esportivos, como o Maracanã, a letalidade da polícia, passando pelo processo de remoções de comunidades e a legislação de exceção criada para os Jogos, como a Lei Antiterrorismo. Ao final de cada texto, o jornalista encontra links para obter mais informações, assim como os contatos diretos das fontes que tratam de cada um dos temas, facilitando sua busca por discursos em contraponto aos oficiais do Estado, do COI e do COB.

O lançamento será na Casa Pública, em Botafogo, com a presença de Altair Guimarães, presidente da Associação de Moradores da Vila Autódromo, Maria dos Camelôs,  do Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do Rio de Janeiro e do Muca (Movimento Unido dos Camelôs), Gizele Martins, comunicadora comunitária e moradora do Conjunto de Favelas da Maré – que será invadida pelo Exército durante os Jogos – e Lena Azevedo, pesquisadora da Justiça Global e autora do livro “SHM 2016, Remoções no Rio de Janeiro Olímpico”. Com isso, a organização espera fornecer aos comunicadores que chegam à cidade uma perspectiva que transcenda os discursos oficiais. “Comunicadores e jornalistas vindos de fora vão encontrar uma ampla estrutura de acesso às informações oficiais das Olimpíadas. Porém, para saber mais sobre as violações ligadas a esse megaevento, há pouca informação organizada e facilmente acessível. O Guia tenta ajudar a preencher parte dessa lacuna”, explica Mario Campagnani, jornalista da Justiça Global.

Dividido em oito eixos, o guia aborda a miríade de violações de direitos que compõem a face menos evidente dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Estas violações afetam o meio ambiente e os modos de vida tradicionais, como ocorre nas Baías da Guanabara e de Sepetiba, ou na construção do campo de golfe olímpico, em que milhares de quilômetros quadrados de mata nativa foram destruídos. A publicação também relata as violações ligadas ao direito à moradia, ressaltando o impacto caudado pela maior política de remoções forçadas da história da cidade, com mais de 77 mil pessoas removidas. Aborda a reatualização de políticas segregatórias e racistas de controle urbano, com a repressão e expulsão de camelôs, o recolhimento compulsório de pessoas em situação de rua, o encarceramento em massa e o uso de efetivos das forças armadas em favelas e periferias. No conjunto de violações perpetradas, nem mesmo os atletas, amantes e praticantes dos esportes foram poupados: complexos de treinamento, como o Parque Aquático Julio Dellamare, o Estádio de Atletismo Célio de Barros, ou o Estádio de Remo da Lagoa foram destruídos ou desativados.

Ao elencar algumas das principais arbitrariedades promovidas para a realização dos Jogos Olímpicos, o Guia “Violações de Direitos na Cidade Olímpica” busca ajudar na percepção de que, como toda história, a Olimpíada tem um outro lado.

Lançamento do Guia “Violações de Direitos na Cidade Olímpica”

Segunda-feira, dia 25, às 14h

Casa Pública

Rua Dona Mariana, 81, Botafogo

Comments (1)

  1. É preciso saber quantos políticos de mandatos tem em todo o território brasileiro e qual é o custo total em despesas desses “representantes do povo”, e mais o total geral da roubalheira e quanto desse montante retornou aos cofres público (do povo); Só assim poderemos saber qual o tamanho da crise que vivemos, Até agora não existe culpados e sim: “golpistas”. O povo brasileiro (principalmente a classe menos favorecida), pouco ou nada pode contar com aqueles que representam a lei e a justiça neste País, pois a promotoria pública é perseguida e monitorada pelos os que se acham poderosos por não terem poder em transformar a promotoria público em total aliados seus. O Brasil passa por mudanças e isto provoca confronto de classes que no final o resultado só poderá beneficiar a todos.

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