ES – Jovens indígenas envolvidos com drogas e crimes são reflexos do crescimento desordenado de Aracruz

Por Fernanda Couzemenco, no Século Diário

 O enredo já é velho conhecido de sociólogos e ambientalistas: quando um grande empreendimento industrial ou portuário se instala ou se expande, toda a região do entorno sofre drasticamente com inchaço populacional, e o aumento da criminalidade é uma das consequências. Na Aracruz do século 21 o filme não é diferente: Jurong e Imetame já chegaram deixando sua marca nefasta no município e a Aracruz Celulose-Fibria/Portocel continua ampliando seu passivo social e ambiental.

O assassinato de dois jovens indígenas em menos de dez dias, os tiroteios que já deixaram quatro feridos e o aumento do consumo de drogas pela juventude são algumas das marcas do “progresso civilizatório” registradas este ano dentro da Terra Indígena.

Vilson Benedito de Oliveira, ou Jaguareté, como é mais conhecido dentro de sua aldeia, é hoje chefe da Fundação Nacional do Índio (Funai) e coordenador técnico local de Aracruz. Ele tem acompanhado de perto todos esses fenômenos tristes e vê claramente a relação dessa degradação social com a insustentabilidade crônica da economia municipal.

Diante do agravamento da situação, Jaguareté solicitou ao delegado do município as cópias dos boletins de ocorrência para elaboração de uma solicitação a ser feita à Funai, à Secretaria de Estado de Segurança Pública e ao Ministério Público Estadual, para que sejam tomadas providências.

“Já houve comunicados oficiais sobre fatos isolados. Agora vamos informar sobre o conjunto das ocorrências e pedir providências emergenciais e de longo prazo”, explica Jaguareté.

De imediato, a demanda é mesmo por maior presença policial na Terra Indígena, que tem sido usada também como área de desmanche de veículos e “desova” de corpos. De forma mais preventiva e duradoura, é preciso que os licenciamentos ambientais dos empreendimentos industriais contemplem o cuidado com a questão. Educação, capacitação profissional, atividades culturais, por exemplo, podem ajudar a blindar os jovens indígenas.

Imagem: jovens índios tupinikim em meio a plantação de eucaliptos da empresa Aracruz Celulose – Valter Campanato/ABrAgência Brasil

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