Darcy Ribeiro desceu do céu na Argentina. Por José Ribamar Bessa Freire

No TaquiPraTi

Darcy Ribeiro baixou em Buenos Aires dias antes da eleição presidencial. Veio com todas suas peles: americanista, antropólogo, educador, romancista, político, senador, reitor, ministro da educação e mulherólogo. Foi na Biblioteca Nacional Mariano Moreno no evento Darcy, vida, obra e atualidade de seu pensamento organizado em parceria com a Universidade de General Sarmiento e a Embaixada do Brasil na Argentina. De onde veio Darcy e como foi visto? (mais…)

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O ébrio. Por Julio Pompeu

No Terapia Política

Virou a garrafa à boca inclinando a cabeça para trás como se estivesse a tocar a trombeta do apocalipse. Bebeu a goles largos e barulhentos. Rápido, como se tivesse pressa em acabar a garrafa mas, na verdade, tinha pressa apenas do próximo gole e vontade alguma de que a garrafa secasse. Estava bêbado desde quando não se sabe. Continuaria bêbado até sabe-se lá quando. Não lhe havia propósito ou força para parar de beber. Apenas bebia. Bebia por beber. Para esquecer de coisas que nem se lembra mais. Para esquecer-se. Para entregar-se. O mundo já o embebedava. Via, ouvia e sabia de coisas que o deixavam zonzo e confuso. Dizia, sóbrio, coisas que pareciam ditas por um bêbedo. Ao menos era assim que pensavam as pessoas sóbrias que o ouviam. (mais…)

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O Sobrenatural de Almeida na Eleição Argentina. Por José Ribamar Bessa Freire

No TaquiPraTi

Quem será o novo presidente eleito neste domingo pelos argentinos? A escolha entre Sérgio Massa e Javier Milei depende de forças sobrenaturais. Compreendi isso ao assistir em Buenos Aires o último debate entre os dois candidatos, em companhia do jornalista Sérgio Kiernan e do escritor Guillermo David, enquanto degustava empanadas salteñas entre goles de vinho e ouvia os comentários de ambos, que são autores de livros sobre a vida política argentina. Não podia haver melhor arquibancada para ver o jogo. (mais…)

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Calor. Por Julio Pompeu

No Terapia Política

Tudo está abafado. O ar condicionado mal dá conta, é preciso auxílio do ventilador. Luísa sua pela nuca, testa e virilhas, mas não pelas axilas. Nunca soube o porquê. Só sabe que há coisas na vida que desconhecem porquês e para quês. Só são como são. Luísa é assim, sudorenta irregular. O calor lhe desperta seus “não sei porquês” do corpo e da alma. Fica mais manhosa, às vezes, letárgica. O lento espalhar com as mãos do suor do pescoço e peito lhe dá um ar sedutor e, ao mesmo tempo, seu rosto adquire traços de cansaço e devaneio. Para quem a vê, Luísa torna-se um mistério. Mais um, num mundo quente sem porquês. (mais…)

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O entretenimento engole a política. Por Eugênio Bucci

Todas as escolhas que antes se resolviam na esfera da pólis hoje se decidem num imenso reality show interativo

No A Terra é Redonda

Você olha e fica boquiaberto. Mas como pode ser? Você esfrega os olhos, não é possível que esteja vendo o que vê. O modo como as pessoas reagem às notícias despertam no seu espírito uma incredulidade perplexa. Tudo na política – tudo mesmo, sem exceção – virou uma questão de torcida organizada, de arrebatamento de almas (pequenas) e de furor irracional. (mais…)

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Tolerância, sim. Anistia, não. Por Luiz Marques

No Terapia Política

John Locke, na Carta sobre a tolerância (1689), trouxe à luz um libelo com vistas à separação do Estado e da Igreja, com base na abstenção deliberada por parte do metafórico Leviatã em promulgar leis inspiradas em preceitos religiosos. O objetivo consistia em não discriminar nenhuma crença em particular e, ao contrário, abrigar todas. Na Enciclopédia ou dicionário racional das ciências, das artes e dos ofícios (1751), orquestrada por Diderot e D’Alembert, entre os 298 verbetes, no de “tolerância” lê-se que “somos limitados pelos erros e paixões, apesar de nossa grande inteligência”. A paciência que precisamos de ter com os outros equivale a que ansiamos para com nossas próprias limitações. Sem tolerância “não se veriam senão perturbações e dissensões, na Terra.” Seria o caos. (mais…)

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A Faixa de Casa: Manaus e a maloca do tempo. Por José Ribamar Bessa Freire

“O passado é o que não passou do que lhe passou”.
 João Cabral de Melo Neto. Habitar o tempo. 1965

No TaquiPraTi

O fumacê permanente que asfixia Manaus degrada sua paisagem, adultera cheiros, sons, cores, sabores, arruína a saúde de 2 milhões de moradores e se entranha na pele da cidade, causando-lhe graves ferimentos. Olho fotos das casas imersas em nuvem de fumaça enviadas por minhas irmãs e as comparo com as da cidade de outrora totalmente arborizada, assim como com imagens da Faixa de Gaza bombardeada, o que me leva a relacionar o poema Habitar o tempo de João Cabral com o Regatão da Saudade de Arlindo Porto. (mais…)

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