Gestão hídrica no Semiárido nordestino privilegia interesses políticos e coloca em risco a vida na região. Entrevista especial com João Suassuna

Agronegócio e grandes empreendimentos com dinheiro público ocupam o centro das políticas públicas para uma das regiões mais secas do Brasil, enquanto dois terços da população vulnerável local permanecem em insegurança hídrica

Por: Ricardo Machado, em IHU On-Line

Quando se fala em sertão nordestino, principalmente na região do Semiárido, a primeira imagem que vem à cabeça é de pessoas e animais famélicos devido à seca, como se aquela situação fosse um incontornável designo da natureza. Entretanto, como descreve o professor João Suassuna, em entrevista por e-mail à IHU On-Line, “o Semiárido nordestino tem muita água. São mais de 70 mil represas, que acumulam um potencial de armazenamento de cerca de 37 bilhões de metros cúbicos. É o maior volume de água represável em regiões semiáridas do mundo. O que não temos, na verdade, é a capacidade de uso coerente desses volumes estocáveis. Falta-nos uma gestão hídrica eficiente, que garanta o atendimento das necessidades das populações do Nordeste seco”.

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São Francisco, transposição privatizada?

Governo Bolsonaro trama entregar ao mercado global as águas do Nordeste. Mas vale lembrar: para satisfazer agronegócio e empreiteiras, projeto desprezou, desde o início, alternativa baseada em tecnologias sociais

Por Roberto Malvezzi (Gogó), em Outras Palavras

Esses dias Lula reagiu ao fato da Transposição do São Francisco para a Paraíba estar paralisada há vários meses. Ele atribuiu essa responsabilidade ao governo Bolsonaro, chamando essa prática de desumana. O atual governo não reagiu às acusações de Lula.

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Morrer de sede em frente ao rio São Francisco

Na coluna Clima e Comunidade, a vida dos agricultores afetados pela transposição. Foram deslocados com a esperança de água abundante. Passados 15 anos, assentamentos são marcados por saúde mental deteriorada e poços secos

por Damião Ferreira Fernandes, em Outras Palavras*

Tudo começou em 1998 quando começaram  as primeiras especulações sobre um grupo de topógrafos que apareceram na comunidade de Riacho de Boa Vista (onde hoje está localizada a parede do Barragem de Boa Vista) para fazer estudo de solos e colher algumas amostras de terras e pedras pra análises. Chegaram dizendo que era um estudo para construir um açude, coisa que na época ninguém acreditou, e houve uma certa resistência por parte dos proprietários para deixar as maquinas entrarem em suas propriedades para perfurar o solo. Achavam que esse grupo estava atrás de minérios como ouro, diamante ou qualquer outro tipo de pedra preciosas. Acompanhei todo o processo, tinha oito anos na época. Nem de longe passou pela minha cabeça que ali seria um dos maiores reservatórios de barragem do sistema que, hoje, comporta o Projeto de Integração das Bacias do Rio São Francisco no Sertão Setentrional (PISF). O solo era perfurado, catalogado e depois embalado e enviado para Recife. Enfim, depois de concluídos os trabalhos, foram embora e ninguém nunca mais ouviu falar sobre o tal açude.

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Se o governo quiser resolver os problemas do Nordeste, terá que enfrentar a indústria da seca. Entrevista especial com João Abner Guimarães Júnior

Por: Patricia Fachin, em IHU On-Line

A expectativa de que a nova gestão do governo federal pudesse tratar as pautas históricas do semiárido, como a gestão dos recursos hídricos do Nordeste e a seca, embasadas em critérios técnicos, rompendo com as políticas praticadas nos últimos anos, foi frustrada até o momento, porque a “máquina da indústria da seca está presente dentro do governo, com todos os seus agentes que formam uma grande rede de proteção que mantém essa política independentemente de quem seja o presidente”, lamenta João Abner Guimarães Jr, professor titular aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Segundo ele, apesar de a maioria dos governos estaduais do Nordeste serem da oposição, “não parece haver nenhum conflito entre eles e o governo federal em relação a como proceder com as questões do semiárido”.

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MPF busca solucionar problema de 61 famílias em Monteiro (PB) prejudicadas com a transposição do São Francisco

População foi deslocada da área de cultivo, em prol do Pisf, mas até hoje não consegue produzir por falta d’água

Procuradoria da República na Paraíba

O Ministério Público Federal (MPF) em Monteiro (PB) busca solucionar o problema de 61 famílias deslocadas de suas áreas de cultivo, em prol do Projeto de Integração do São Francisco (Pisf), e que até hoje não conseguem produzir na Vila Produtiva Rural Lafayette, em razão da falta d’água.

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Transposição do Rio São Francisco é um “elefante branco” construído a partir de um argumento falacioso. Entrevista especial com José do Patrocínio Tomaz Albuquerque

por Patricia Fachin, em IHU On-Line

Apesar de o projeto de transposição do Rio São Francisco ter sido justificado por “uma situação de exaustão dos recursos hídricos nas bacias receptoras, os quais já não seriam mais suficientes para o atendimento das demandas humanas, urbanas e rurais”, esse argumento foi uma “falácia”, diz o geólogo José do Patrocínio Tomaz Albuquerque à IHU On-Line. (mais…)

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Falhas na transposição do rio São Francisco revelam a finalidade da obra: patrocinar latifúndios e coronéis da política regional. Entrevista especial com Altair Sales Barbosa

por Patricia Fachin, em IHU On-Line

O relatório da Controladoria Geral da União – CGU, que apresenta problemas de planejamento capazes de impedir a operação, manutenção e sustentabilidade da transposição do rio São Francisco, “não traz para os mais esclarecidos nenhuma novidade”, diz Altair Sales Barbosa. Segundo ele, muito antes da conclusão do relatório, “estudiosos da bacia do São Francisco, bem como os conhecedores da dinâmica do rio, alertaram por meio de audiências, publicações e movimentos, quanto aos riscos da execução desse projeto. Infelizmente a classe política se fez surda, não deu ouvidos. Só não ficou muda porque expressava as opiniões de burocratas ‘geniais’ que os alimentavam com argumentos surgidos entre quatro paredes e totalmente desprovidos de conhecimentos concretos”. (mais…)

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