A questão não é votar para Trump (não só não se deve votar para um verme como ele, como não se deve sequer participar em tais eleições!). O ponto é abordar o problema de maneira fria e fazer o seguinte exercício de pensamento: a vitória de quem seria melhor para o destino de um projeto emancipatório radical, a de Clinton ou a de Trump?
Por Slavoj Žižek*, no Blog da Boitempo
No romance Ensaio sobre a lucidez, José Saramago narra uma série de estranhos acontecimentos que acometem uma capital não nomeada em um país democrático não identificado. Quando a manhã do dia de eleição é atrapalhado por chuvas torrenciais, o número de cidadãos que saem de casa para votar se mostra perturbadoramente baixo. Mas mais para o meio da tarde, o clima normaliza e a população segue em massa para seus colégios eleitorais. O alívio do governo, no entanto, dura pouco: a contagem de votos revela que mais de 70% das cédulas depositadas estavam em branco. Estupefatos com esse aparente lapso cívico, o governo dá aos seus cidadãos uma segunda chance e logo na semana seguinte decide convocar outra eleição. Os resultados são ainda piores: agora, 83% das cédulas depositadas estão em branco… (mais…)
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