“A poluição do rio não é negociável”

À frente da ação civil pública contra a Vale, o procurador Ubiratan Cazetta (MPF-PA) diz que indenizar os índios pela exploração minerária não exime a companhia de arcar com os impactos socioambientais de seus projetos

por Naira Hofmeister, Agência Pública

A Mineração Onça Puma opera com a retirada e o beneficiamento de níquel. Os danos aos Xikrin estão mais vinculados a alguma das duas atividades?

São duas plantas diferentes. Tem a mina, a extração de níquel nas serras. Depois o minério é levado para a planta, em uma área mais urbana. A mina é mais próxima do rio e da comunidade indígena, uns três quilômetros. A planta industrial também não está muito longe. Os afluentes que levam ao rio Cateté ficam numa posição em que o desaguador natural vindo da mina é o rio, qualquer problema cai para o rio. (mais…)

Ler Mais

“Não se paga com milhões a morte de um rio”

A antropóloga Lux Vidal, professora emérita da USP e pioneira nos estudos sobre os Xikrin, diz que a atual contaminação do rio Cateté é a crise mais grave enfrentada pelo povo, que é cercado pela mineração da Vale

por José Cícero da Silva, Naira Hofmeister, Agência Pública

Quem são os Xikrin?

O povo Xikrin é um povo Caiapó. Todos os Caiapó se autodenominam Mebêngôkre. Então, são Mebêngôkre os Xikrin. Eles são um dos diferentes povos [Caiapó], que são muitos. Os Xikrin são os que estão entre os rios Xingu e Itacaiúnas. Os outros, que estão do outro lado do Xingu, são os Gorotire, os Mekrãnoti, os Kuben-Krân-Krên, os Metyktire, os Kararaô, também grupos Caiapó, e os Xikrin do Bacajá, que estão perto de Altamira e agora estão sendo atingidos por Belo Monte; eu me ocupei também da demarcação de terras deles. Especialmente porque, quando os Xikrin de Cateté começaram a entrar em negociação com a Vale do Rio Doce e a receber um certo dinheiro, os do Bacajá queriam vir também para Cateté, o que teria sido um desastre, né? Então, foi importante a demarcação do Bacajá também. Os Xikrin de Cateté, eu segui todo processo de recuperação deles depois dos gateiros e madeireiros. A volta dos jovens que estavam espalhados na região, que fizeram a aldeia circular, a aldeia redonda, retomaram os seus rituais, as pinturas corporais. [Desde que eles voltaram para a terra deles], o grupo foi se recuperando, tanto que hoje são quatro aldeias. Desse ponto de vista, se recuperaram. (mais…)

Ler Mais

Quanto vale um Rio?

Cercados por minas da Vale desde a ditadura, os Xikrin enfrentam agora a extração de níquel a 3 km da aldeia e a presença de metais pesados no Cateté

Naira Hofmeister e José Cícero da Silva, da Agência Pública

Os pezinhos do menino cobrem quase toda a superfície da pedra, visível apenas no verão, quando o rio Cateté está mais baixo. Ele se desequilibra, e uma manobra intuitiva o faz cair sentado no exato local onde antes estava em pé. Instantaneamente, seus olhos procuram os da avó, que está uns poucos metros adiante, lavando roupa com metade do corpo submerso na água. O menininho sorri, divertindo-se com a própria habilidade para evitar o tombo. (mais…)

Ler Mais

Jovens de Açailândia-MA ganham prêmio Fapema de Desenvolvimento Humano por pesquisa sobre Piquiá de Baixo

Por meio do projeto Vigilância Popular em Saúde, eles estudam e monitoram os impactos das atividades industriais no bairro Piquiá de Baixo, conhecido pelo alto índice de poluição

Por Lidiane Ferraz,  Justiça nos Trilhos

O projeto desenvolvido em Piquiá de Baixo começou quando um grupo de jovens decidiu estudar os impactos das atividades industriais e de siderurgia instalados na comunidade e que emitem muitos poluentes. Desde o ano de 2016, eles participam, juntamente com um grupo de jovens de Santa Cruz (RJ), de capacitação, que incluiu visitas à sede da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro (RJ), para aprender como seria feito o monitoramento e assim medir a poluição do ar. O projeto, que foi financiado pela organização Medico International, recebeu o apoio da Justiça nos Trilhos, Fiocruz e Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS) e possibilitou a esses dois grupos acompanharem os índices de poluição do ar em suas comunidades. (mais…)

Ler Mais

Boaventura de Sousa Santos repudia condução coercitiva de reitor da UFMG

 Da Redação Sul21

O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, lançou uma nota de repúdio à condução coercitiva de que foi alvo, nesta quarta-feira (6), o reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Boaventura classifica a ação realizada pela Polícia Federal como “despropositada” e “ilegal” e afirma que ela faz parte de um movimento para desmoralizar as universidades públicas e preparar o caminho para a sua privatização. A seguir, a íntegra da nota: (mais…)

Ler Mais

O golpe é sistêmico, por Roberto Malvezzi (Gogó)

No seu Blog

“Não disse muita coisa para não desanimar os missionários, mas esse golpe é sistêmico”.

Foi esse o comentário que D. Erwin Krautler me fez num evento da Laudado Sí em Feira de Santana, Bahia. Ele vinha da assembleia do Conselho Indigenista Missionário. O massacre sobre os povos indígenas, constante em nossa história, volta a níveis indescritíveis mesmo para um país que nunca foi civilizado. (mais…)

Ler Mais

ENSP/Fiocruz: Carta de repúdio à condução coercitiva do reitor da UFMG

“Menos de uma semana depois de manifestarmos nosso repúdio ao prefeito que, junto com capangas, impediu a apresentação de uma pesquisa na Universidade Federal do Pará, é com consternação e surpresa que a ENSP recebe a notícia da condução coercitiva, pela Polícia Federal, do reitor Jaime Arturo Ramirez e mais seis funcionários da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para investigar suposto desvio de verbas. É cada vez mais claro que vive-se um tempo de arbítrio, em que a justiça se confunde com justiçamentos e linchamentos morais. (mais…)

Ler Mais