Velhas ameaças rondam o quilombo, com crianças recrutadas para a mineração e adolescentes indo para as grandes cidades trabalhar como empregadas domésticas
Solange Azevedo, de Serrano do Maranhão, no Repórter Brasil
A história se repete. “Não gosto nem de me lembrar. Eu não podia falar nada que me batiam. Fui muito maltratada”, conta Laudicélia Lisboa Rodrigues, de 32 anos. Ela saiu de casa aos 7 para morar com parentes e se tornou empregada doméstica de uma família em São Luís, capital maranhense, onde ficou até completar 16. “Lavava, limpava, passava pano, fazia comida e cuidava de duas crianças. Não ganhava nadinha, era trabalho escravo.” Além de se lamentar ao lembrar do passado, Laudicélia sofre ao observar o ciclo se repetir no presente. Seu filho do meio, de 12 anos, já está na lida. “Não foi por meu mandado. Eu sei que trabalho infantil é crime”, diz. (mais…)