“Bioeconomia é só um ajuste ao gosto do capitalismo”

Em entrevista, Ailton Krenak, escritor indígena recém-eleito para ABL, afirma que propostas de enfrentamento da crise climática precisam repensar o capitalismo. ” A lógica do capitalismo é devorar o planeta.”

João Pedro Soares, Deutsche Welle

No dia 5 de outubro, Ailton Krenak se tornou o primeiro indígena eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL). A cerimônia de posse está prevista para abril de 2024. “Chega a ser uma contradição”, diz, ao lembrar o desprezo imposto às línguas indígenas pela colonização. (mais…)

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Miúdas reflexões sobre uma nova eterna guerra

A guerra nunca partiu, filho. As guerras são como as estações do ano: ficam suspensas, a amadurecer no ódio da gente miúda. (Mia Couto).

Por Carlos Frederico Guazzelli, Terapia Política 

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Costuma-se dizer que, nas guerras, a primeira vítima é a verdade. Na verdade – com o perdão da redundância –, esta é a segunda vítima da guerra: a primeira é, sempre, a razão. O conflito armado dá-se, primeiro, pela abolição de qualquer alternativa racional à decisão por sua adoção. Morre, pois, antes a razão, e depois a verdade – no sentido de que os contendores mentem, ou omitem, ou exageram, ou minimizam os fatos desastrosos que, necessariamente, acompanham ou resultam dos combates que travam. (mais…)

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Slavoj Žižek na Palestina. Por Hugo Albuquerque

Žižek entra em contradição ao transformar a opressão dos palestinos em um conflito simetrizável entre “linhas duras dos dois lados”

No A Terra é Redonda

Um dos grandes polemistas do nosso tempo, Slavoj Žižek reverbera na atual crise na Palestina. Na primeira década do século XXI, foi Žižek que apontou, com toda razão, que a recomposição política do sistema se deu, vejamos, pelo retorno do fascismo ao debate público pela via da criminalização da tradição comunista – e Slavoj Žižek identificou, com razão, a construção de simetrias falsas como o  locus  recorrente dessa guinada. (mais…)

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Lula, o equilibrista de mundos. Artigo de Bernardo Gutiérrez

“O presidente brasileiro mais uma vez se propõe como elo entre o primeiro mundo e os países em desenvolvimento. A polarização entre o Ocidente e o bloco liderado pela China está dificultando o papel integrador histórico do Brasil”.

Por Ctxt, no IHU

Em julho de 2005, o governo de Lula enviou uma delegação diplomática a Tel Aviv. Celso Amorim (na época ministro das Relações Exteriores) e Luiz Fernando Furlan (ministro do Desenvolvimento) chegaram a Israel acompanhados de empresários brasileiros com o suposto propósito de fortalecer as relações comerciais entre ambos os países, especialmente nos setores aeronáutico, alimentício e farmacêutico. No entanto, a visita tinha um objetivo político subjacente: reduzir o desconforto do governo israelense após a Primeira Cúpula América do Sul e Países Árabes, que havia ocorrido alguns meses antes no Brasil. A cúpula, além de selar acordos entre o Mercosul e os países do Golfo Pérsico, especialmente em relação à exploração e comércio de petróleo e seus derivados, concluiu com uma declaração conjunta condenando a ocupação israelense da Palestina. (mais…)

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Queda de braço. Por Jean Marc von der Weid

Os conflitos entre executivo, legislativo e judiciário podem provocar uma crise institucional paralisante

Em A Terra é Redonda 

O marco temporal para a demarcação das terras indígenas virou uma queda de braço pesada entre as instituições da República. O governo defendeu a posição contrária à bancada ruralista, que queria limitar as desapropriações às terras ocupadas por etnias até a data da constituinte de 1988. O STF adotou a mesma postura do governo, contra o marco temporal, mas admitiu indenizações para os produtores que compraram terras indígenas “de boa fé”, obrigando o governo a pagar por benfeitorias e pela terra nua. (mais…)

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As respostas do governo Lula. Por Tarso Genro

A crise da democracia liberal e as respostas que o governo Lula está dando às conjunturas interna e global adversas

A Terra é Redonda 

Enquanto escrevo este artigo ouço o discurso de Lula na ONU. Não mudo o roteiro do meu texto, antes o confirmo no seu sentido estratégico. Os devidos processos legais abertos para a apuração da tentativa golpista do 8 de janeiro ainda não chegaram nos responsáveis maiores por aquela aventura perversa. (mais…)

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Repolitização da política. Por Luiz Marques

A novidade do Plano Plurianual Participativo do governo Lula 3.0 faz a política fugir da cretinice do Parlamento e vai às ruas. A notícia é ótima, mas a Estação Finlândia ainda está muito distante

No A Terra é Redonda

Nenhum regime político tem a densidade da democracia. Mesmo os regimes autoritários mantêm os mecanismos constitucionais consagrados no paradigma democrático-republicano, com a divisão de poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário) e as instituições políticas, embora o cerco à liberdade. Vide o Ato Institucional (AI-2, 1965) da ditadura militar para assegurar uma maioria no Supremo Tribunal Federal (STF), ao aumentar de 11 para 16 os seus membros. Um Estado de exceção simula administrar somente coisas, e não pessoas, em um esforço farsesco de despolitização da política. (mais…)

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