Como negacionistas influenciam o debate ambiental no Brasil

Ligados a instituições respeitadas, porta-vozes da desinformação ambiental ganharam espaço e apoio de setores da economia para propagar mensagens que vão contra o consenso científico sobre as mudanças climáticas.

Por Nádia Pontes | Meghie Rodrigues Giselle Soares | Renata Fontanetto | Vanessa Brasil | Diogo de Oliveira | Eduardo Geraque, na DW

Nos corredores da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), o desfecho de um longo e complicado processo administrativo é aguardado com expectativa pela comunidade acadêmica de um dos maiores centros universitários latino-americanos. Acatada pela Reitoria da USP, a demissão de Ricardo Felício, professor do departamento de Geografia, põe fim a anos de ausência na universidade, produção científica irrelevante e métodos controversos usados em sala de aula. (mais…)

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Com sua permissão, se me permitem falar: o caso Boaventura de Souza Santos

A escritora, pesquisadora e professora afro-caribenha faz algumas perguntas impertinentes a propósito da denúncia contra Boaventura de Souza Santos

Por Yuderkys Espinosa Minoso*, no Catarinas

denúncia a Boaventura Santos teria tido o mesmo nível de impacto e recepção se não tivesse sido feita por três acadêmicas brancas, duas delas europeias? Será que aquele artigo seria publicado do mesmo modo na revista acadêmica se fosse assinado por mulheres racializadas? Por que disseram à Moira Ivana Millán (líder mapuche argentina) para não tentar denunciar, que ninguém a ouviria, enquanto outras são publicadas em uma revista acadêmica, aplaudidas e escutadas quando ousam? Quantas acadêmicas (brancas ou branqueadas) teriam saído para apoiar Moira ou qualquer outra camarada racializada que tivesse denunciado Santos? Quantas sairão para se juntar a nós quando denunciarmos a matriz de dominação que pesa sobre os corpos racializados na academia? (mais…)

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Para além dos muros de Coimbra, um manifesto desafia as academias a porem um fim aos assédios e ao extrativismo intelectual: “Todas Sabemos”

Tania Pacheco

Mais de 600 pessoas – a maioria de Portugal, mas também representando diversos outros países, como o Brasil – assinaram já o Manifesto indignado redigido por 21 mulheres, denunciando o negacionismo das academias ante casos de delinquência acadêmica.

Se a revolta que agora percorre meios de comunicação e de discussão de vários países teve como estopim o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e um de seus criadores, o teor do documento é preciso: diferentes formas de assédio e vergonhosos casos de “extrativismo intelectual” não estão restritos a Portugal. Bem perto de Coimbra, aliás, as autoras citam a impunidade garantida em 2022 a integrantes da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. E ressaltam: “Não  está em causa o mérito das importantes e progressistas linhas de investigação desenvolvidas no seio do CES”. Mas: “justamente pela inscrição num espaço ideológico e discursivo emancipatório, não se pode pactuar com a impunidade.” (mais…)

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Menos de 3% entre docentes da pós-graduação, doutoras negras desafiam racismo na academia

A Gênero e Número ouviu mulheres negras presentes no corpo docente de programas de pós no Brasil; elas apontam racismo institucional e necessidade de cotas para entrada de mais pessoas negras na docência de cursos de mestrado e doutorado

Por Lola Ferreira*, em  Gênero e Número

Por insistência, imposição ou resiliência, Solange Rocha é uma mulher preta que chegou ao topo da carreira docente na academia. Coordenadora do programa de pós-graduação em História na UFPB (Universidade Federal da Paraíba), Rocha afirma que o reconhecimento obtido entre pares se deu devido aos longos anos produzindo na mesma temática, e que episódios de racismo não cessaram com a sua ascensão. (mais…)

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Os retrocessos na Legislação Ambiental e a persistência da anemia das Arqueologias Brasileiras – um Réquiem

Por Lennon Oliveira Matos, em Combate Racismo Ambiental

A trombeta poderosa espalha seu som
pela região dos sepulcros,
para juntar a todos diante do trono.
A morte e a natureza se espantarão
com as criaturas que ressurgem,
para responderem ao juízo.
Um livro será trazido,
no qual tudo está contido,
pelo qual o mundo será julgado.
Logo que o juiz se assente,
tudo o que está oculto, aparecerá:
nada ficará impune.
O que eu, miserável, poderei dizer?
A que patrono recorrerei,
quando apenas o justo estará seguro?”.
Tuba Mirum, Réquiem em D Menor (K.626), Wolfgang Amadeus Mozart, 1791[i] (mais…)

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Associação Brasileira de Antropologia (ABA) expressa desacordo à 4ª edição do Prêmio VALE-CAPES de Ciência e Sustentabilidade

A Associação Brasileira de Antropologia (ABA) vem, por meio desta, manifestar seu desacordo em relação à  edição do Prêmio VALE-CAPES de Ciência e Sustentabilidade.

Por ocasião da primeira edição desse prêmio, em janeiro de 2013, representantes de associações acadêmicas (entre elas a ABA e a ANPUR), vieram a público declarar que consideravam inadequada a instituição do chamado Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade, visando contemplar Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado associadas a temas ambientais e socioambientais. Afirmamos, na oportunidade, que era de conhecimento público que as práticas da Vale S.A. são, com grande frequência, avaliadas como impróprias do ponto de vista social e ambiental, em muitos casos com implicações legais, conforme registrado por inúmeros trabalhos de pesquisa nas áreas de Sociologia, Antropologia e Ciências Sociais Aplicadas, expressos em apresentações em Congressos, Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado referendadas pela comunidade científica brasileira nos últimos anos. (mais…)

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Precisamos falar sobre a vaidade na vida acadêmica

Combater o mito da genialidade, a perversidade dos pequenos poderes e os “donos de Foucault” é fundamental para termos uma universidade melhor

A vaidade intelectual marca a vida acadêmica. Por trás do ego inflado, há uma máquina nefasta, marcada por brigas de núcleos, seitas, grosserias, humilhações, assédios, concursos e seleções fraudulentas. Mas em que medida nós mesmos não estamos perpetuando essemodus operandi para sobreviver no sistema? Poderíamos começar esse exercício auto reflexivo nos perguntando: estamos dividindo nossos colegas entre os “fracos” (ou os medíocres) e os “fodas” (“o cara é bom”). (mais…)

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