Imigrações: entre a brutalidade e a hipocrisia

Ultradireita repele os imigrantes. Mas ao capital interessa a mão de obra barata e frágil do estrangeiro. As consequências são desconcertantes. Assim como é perturbador um mundo em que aspirar a vida digna exige buscar outro país

Por Marco d’Eramo, na New Left Review | Tradução de Glauco Faria, em Outras Palavras

Poucos temas são mais controversos politicamente no Ocidente do que a migração. Nas campanhas eleitorais, a direita ataca previsivelmente a esquerda por ser fraca na fiscalização das fronteiras e por seguir políticas irresponsavelmente tolerantes. O alarmismo sobre a “grande substituição”, os retratos sombrios de “estrangeiros criminosos”, as declarações de guerra aos contrabandistas, as queixas sobre o roubo não só de empregos, mas de habitações e camas hospitalares – tudo isto tornou-se comum em ambos os lados do Atlântico. (mais…)

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Justiça acompanha parecer do MPF e autoriza alteração de nome de venezuelano refugiado no Brasil

O imigrante fez o pedido por motivos religiosos e o MPF se manifestou a favor da isonomia entre estrangeiros e brasileiros perante a lei, que garante direito à mudança

Procuradoria da República no Rio de Janeiro

Acompanhando manifestação do Ministério Público Federal (MPF) em ação movida pela Defensoria Pública da União (DPU), a Justiça Federal do Rio de Janeiro (RJ) deferiu o pedido de alteração de nome para estrangeiro venezuelano refugiado no Brasil. A sentença, assinada em 8 de dezembro, autorizou a mudança do prenome, que foi solicitada pelo imigrante por motivos religiosos, após ter se convertido ao islamismo. O MPF manifestou-se favoravelmente à a alteração, pois considerou que estrangeiros e brasileiros são iguais perante a lei, que garante o direito à mudança do prenome sem necessidade de motivação. (mais…)

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O mito do herói imigrante que faz fortuna com suor e trabalho encobre a escravização do século XXI. Entrevista especial com Carla Menegat

Para historiadora, o caso recente de trabalhadores em situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, revela “que nem todo trabalhador, mesmo que trabalhe arduamente, tem direito a ter sua própria fortuna”

Por: João Vitor Santos, em IHU

Agora no final de fevereiro, uma notícia aterrorizante encharcou os noticiários: 207 pessoas foram resgatas depois de submetidas a um regime de trabalho análogo à escravidão, com direito a pouca comida, uso de spray de pimenta e banho frio, entre outras atrocidades. O fato ocorreu em Bento Gonçalves, na serra do Rio Grande do Sul, autoproclamada como uma das regiões mais desenvolvidas do Brasil. (mais…)

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Brasileiros indocumentados não encontram onde morar e vivem de doações nos EUA

2021 bate recorde em número de brasileiros tentando atravessar a fronteira entre EUA e México; aumento de fluxo afeta a busca por trabalho e encarece o aluguel

Por Laura Scofield, Agência Pública

Depois de atravessar o México para entrar nos Estados Unidos, a vida dos imigrantes brasileiros sem documentos não fica mais fácil. Para além da fronteira Sul, onde são comuns desaparecimentos, sequestros e mortes —  como a da enfermeira rondoniense Lenilda dos Santos, que morreu de fome e sede ao ser abandonada no deserto — imigrantes enfrentam aluguéis caríssimos e muitos dependem de doações para comer, tratar doenças e se vestir. A maioria está em família (as unidades familiares representam 77% dos detidos), acompanhados de crianças de poucos meses ou anos. 

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Os fugitivos do capital. Por Elaine Tavares

Em Palavras Insurgentes

A cena de um grupo de haitianos/venezuelanos/brasileiros tentando cruzar a fronteira do Peru, desde o Acre, é de partir o coração. Dezenas deles, que não encontrando formas de sobreviver no Brasil, decidem partir para outro ponto do globo, sendo impedidos, barrados, escorraçados. Seu destino parece ser a fuga permanente. Os haitianos, maioria no grupo, saíram do Haiti, onde desde há décadas o império estadunidense estende seus tentáculos, seja nas ditaduras sanguinárias, seja nos golpes disfarçados – como a tal ajuda humanitária com os cascos azuis – seja em mais uma tentativa de perpetuação no poder, como é o caso agora do último presidente, Jovenel Moïse. O Haiti é uma ferida aberta de tormentos e dores. E por isso os jovens fogem de lá, buscando um espaço para viver em paz. Mas, ao que parece, por mais que se desloquem, não encontram guarida.  

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As “identidades” e a invisível luta de classes

No drama dos imigrantes, uma chave para compreender o estratagema das elites dominantes: querem converter conflito social a mera disputa entre etnias ou gêneros. É outra máscara da eterno esforço para dividir os explorados

Por Nuno Ramos de Almeida, em Outras Palavras

A portuguesa Ana Telma Rocha interrompeu um direto da Sky News para expressar a sua revolta. Vive há quase 20 anos no Reino Unido. Serviu nesse país “em 32 empregos diferentes”, segundo confessa. Trabalha 63 horas semanais. Cria riqueza na Grã-Bretanha, mas só serve para trabalhar calada. Na hora de decidir, sobre o seu futuro e a sociedade em que vive, ela não é chamada.

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Medidas do governo contra a Lei de Imigração dificultam a situação de refugiados no país

De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), em 2018 foram quase 71 milhões de migrações forçadas em todo o mundo. Foram 2,3 milhões de pessoas a mais que em 2017, que era o antigo recorde. Mais da metade são de crianças e adolescentes. Nesse mapa, o Brasil também teve um aumento considerável no número de solicitações para reconhecimento da condição de refugiados com mais de 80 mil solicitações no ano passado. Desse total, 62 mil são de venezuelanos. Os estados que mais receberam solicitações foram Roraima, Amazonas e São Paulo. Ainda segundo o Acnur, o Brasil é o principal destino de refugiados na América Latina. A situação dessa população foi discutida em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM).

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