Javier Vega tinha 19 anos e sonhava em ser militar. Quando se formou no Ensino Médio, no início de 2023, seus pais queriam apoiá-lo, mas não puderam inscrevê-lo porque era muito caro – no Equador, o curso para carreira militar é pago e eles, uma família com quatro filhos, não podiam cobrir os custos. Javier começou a procurar alternativas. (mais…)
Especialista afirma que ao não responder ao controle público, sistema policial se torna milícia: “não tem outro nome”
Por Andrea DiP, Clarissa Levy, Ricardo Terto*, Agência Pública
Após 40 dias marcados por denúncias de violações de direitos humanos e um saldo superior a 20 mortos, o secretário de segurança pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, declarou, na última terça-feira (5), o encerramento da Operação Escudo. Instaurada em resposta ao assassinato de um soldado da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) em julho, a operação foi caracterizada pela alta letalidade e graves suspeitas de práticas de execução e tortura dos agentes policiais. (mais…)
Para Rodrigo Lentz, cientista político e doutor pela UnB, militares exerceram tutela permanente sobre a política brasileira até chegar ao poder em 2018
Autor do livro recém-lançado República de segurança nacional – Militares e política no Brasil (editora Expressão Popular), uma alentada pesquisa sobre a trajetória das Forças Armadas, o cientista político Rodrigo Lentz, doutor pela Universidade de Brasília (UnB), mestre pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e advogado, sustenta que é ingenuidade considerar que a presença dominante dos militares no governo Jair Bolsonaro marcou o retorno deles à política depois da ditadura. “É a volta dos que nunca foram”, disse ele em entrevista à AgênciaPública. Segundo o professor, ao longo dos últimos 37 anos os militares exerceram tutela permanente sobre a política, até alcançarem o topo do poder a partir de 2018, com a ocupação de cargos que pertenciam aos civis, numa manobra que sustenta e define os rumos do atual governo.
A Câmara de Controle Externo da Atividade Policial e Sistema Prisional do Ministério Público Federal (7CCR/MPF) realiza, na próxima quinta-feira, 2 de junho, de 14h às 17h, audiência pública online para debater a interface entre a militarização das polícias e o racismo institucional. Organizado pelo Grupo de Trabalho Interinstitucional (GTI) contra o Racismo na Atividade Policial, o evento pretende ouvir representantes da sociedade civil, pesquisadores e integrantes de órgãos do sistema de Justiça e Segurança Pública. A reunião será promovida na Plataforma Zoom, com transmissão ao vivo pelo Canal do MPF no Youtube. Para participar dos debates com possibilidade de fala ou interações via chat é necessário fazer inscrição prévia.
A militarização das escolas no Brasil não é novidade. Ocorreu pela primeira vez em 1994, em Manaus. Em 2018, já havia 122 escolas militarizadas. Em 2019, eram 203. Agora, o prefeito de Porto Alegre anuncia a militarização de uma escola em nossa cidade. O argumento é sempre o mesmo: segurança e eficiência.
O ANDES-SN lançou, nesta última quinta-feira (1), o dossiê “Militarização do governo Bolsonaro e intervenção nas Instituições Federais de Ensino”. O material, organizado e com elaboração técnica das docentes Eblin Farage e Kátia Lima, traz um mapeamento da presença de militares na composição do governo federal, do início da gestão até fevereiro de 2021.
Por Ana Penido, Mariana Janot e Jorge Rodrigues*, no A Terra é Redonda
Cronologia de uma marcha silenciosa
A publicação do livro General Villas Bôas: conversa com o comandante (FGV, 2021), de Celso Castro, trouxe à tona a incontornável participação de setores das forças armadas no golpe contra a presidente Dilma Rousseff (PT). À época, muito se discutiu sobre estarmos diante de um novo tipo de golpe, um “golpe do judiciário”, pois não havia participação aparente do elemento que caracterizava golpes de Estado: a organização militar. Contudo, a ausência de quarteladas não indica ausência de participação.