Crônica em tempos de espera

Por que o Brasil dos sem-teto está tão distante do país dos operários do ABC, embora alguns personagens pareçam se confundir? Como manter a esperança e dialogar com os invisíveis, em meio à maré baixa?

Por Felipe Calabrez, em Outras Palavras

Quando Guilherme subiu para discursar naquele caminhão numa noite fria, com sua voz rouca, não pude não lembrar de Lula no ABC do início dos anos 80. Começava o apagar das luzes da ditadura militar e o processo de industrialização forçada com anos de crescimento econômico que ultrapassaram a casa dos 10% do PIB ao ano haviam formado, ao redor da maior cidade do país, a clássica classe operária. Naquele momento, a convergência entre intelectuais marxistas, entusiasmados em ver a materialização de sua categoria analítica central, e operários sindicalizados, que não precisaram ler Marx para sentir na pele os anos de arrocho salarial e a corrosão de seu poder de compra diante da inflação, formou o que se tornaria o maior partido de esquerda da História do país, o Partido dos Trabalhadores

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GCM de Aracaju atinge com tiro de arma letal acampada do MTST Sergipe, que sobrevive e passa bem

No MTST

Não tardou para a tragédia anunciada (quase) se concretizar. Na noite da sexta-feira, 11 de maio, um membro da Guarda Civil Municipal de Aracaju atingiu com um tiro de arma letal o peito de Nathannelly dos Santos, acampada da Ocupação Marielle e Anderson Vivem, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto na capital do Sergipe.

Nathanelly, que tem 18 anos, sobreviveu, foi operada e teve a bala retirada do corpo em cirurgia no Hospital Augusto Franco. Ela passa bem e não possui risco de morte. No momento do disparo, Nathanelly preparava o jantar na cozinha coletiva do acampamento. Há relatos de que guardas municipais foram até o hospital tentar reaver a bala desalojada, a prova do atentado. (mais…)

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MTST ocupa terreno em Niterói e reivindica moradia para vítimas 8 anos depois da tragédia do Bumba

Por , no Rio On Watch

Já passou quase um mês desde que o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) ocupou pela primeira vez uma parcela de terra à beira da Rodovia Washington Luís, no bairro do Sapê em Niterói. O que começou como um pequeno acampamento com algumas barracas, uma cozinha improvisada e um banheiro se transformou em um assentamento movimentado. A ocupação atual, que hoje abriga mais de 130 famílias, é a segunda do tipo a ocorrer em Niterói nos últimos três anos. (mais…)

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