No país com mais bois do que gente, Mário sentia fome. Era açougueiro. Teve comida enquanto tinha emprego. Deixou de ter um e outro quando a empresa colocou uma máquina para fazer o que ele fazia. Uma máquina que corta carne, mas não come. Faminto, pegou um naco de carne em um supermercado. Desajeitado na arte de furtar, foi pego.
Os seguranças o levaram para uma sala escondida do supermercado. Uma sala dentro da sala dos seguranças. A Sala Segura, dizem. Na segurança da sala, bateram nas carnes de Mário. Bateram por bater. Não queriam nada dele. Só lhe dar o que ladrão merece. Apanhou até quase não mais conseguir sustentar suas carnes pregadas aos ossos quebrados. (mais…)