Massacre do Abacaxis: uma operação de extermínio

Nesta quarta-feira, 17, em coletiva de imprensa na Cúria da Arquidiocese de Manaus, o Coletivo Pelos Povos do Abacaxis e outras redes de defesa dos povos da Amazônia anunciaram que receberam com “alívio e esperança” a notícia do indiciamento de integrantes da alta cúpula de segurança do Estado do Amazonas como supostos mandantes do chamado “Massacre do Abacaxis”, ocorrido em agosto de 2020, quando quatro ribeirinhos e dois indígenas Munduruku foram mortos a tiros durante uma ação policial. A CPT e o CIMI estão entre as 17 organizações que assinam a nota emitida pelo Coletivo.

CPT

No documento, movimentos e organizações sociais voltam a cobrar celeridade na identificação e responsabilização dos envolvidos no episódio. (mais…)

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Território Ribeirinho, criado para reparar Belo Monte, é alvo da extrema direita

Ao atrasar o reassentamento da população tradicional expulsa pela hidrelétrica, Norte Energia se beneficia de uma campanha articulada entre ruralistas da região de Altamira e senadores da base bolsonarista

por CLAUDIA ANTUNES, em Sumaúma

Passados sete anos de sua expulsão das margens e das ilhas do rio Xingu para dar lugar ao reservatório da hidrelétrica de Belo Monte, cerca de 300 famílias ribeirinhas da região de Altamira, no Pará, ainda esperam pelo território no qual pretendem recuperar seus modos de sustento e de vida. A criação do chamado Território Ribeirinho, aprovada em 2019 pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como maneira de reparação a essa comunidade tradicional, é uma das condições do órgão ambiental no processo em que, neste momento, se examina a renovação da licença de operação da usina. No entanto, a falta de providências efetivas da Norte Energia, empresa concessionária da hidrelétrica, para a criação do Território Ribeirinho, por um lado, e de cobranças efetivas do Ibama para que ela cumpra essa condicionante, por outro, está alimentando uma nova ofensiva dos ruralistas locais e de seus aliados em Brasília contra o projeto, que exige a desapropriação de terras. (mais…)

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Sob a calamidade das enchentes, Acre escancara o racismo ambiental

ClimaInfo

As águas não param de subir no Acre, após quase uma semana com o estado sendo castigado por chuvas extremas. Na terça-feira (28/3), o rio Acre, que banha a capital Rio Branco, subiu 16 centímetros e atingiu 17 metros, 3 metros acima da cota de transbordo. A cidade, de acordo com o g1, somava mais de 3,5 mil desabrigados, com 37 bairros atingidos. O total de atingidos na capital acreana superava 40 mil pessoas até a manhã de quarta-feira (29/3), informa o AC 24 horas. (mais…)

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A solução para o caos ambiental de Belo Monte está na mesa do Ibama

Pesquisadores indígenas, ribeirinhos e da academia apresentaram à Procuradoria-Geral da República dados alarmantes que mostram: o Rio Xingu está morrendo

por Clara Roman, no ISA

O pulso do Rio Xingu é o que garante a vida do próprio rio e de todos os seres que o habitam. Os povos indígenas e ribeirinhos da Volta Grande do Xingu – trecho do rio logo após o barramento da Usina Hidrelétrica de Belo Monte – sempre souberam disso. (mais…)

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Hidrovia do rio Tocantins ameaça ribeirinhos, quilombolas e indígenas

Por Cícero Pedrosa Neto, em Amazônia Real

Belém (PA) – O ribeirinho Ronaldo Macena aprendeu a pescar com o pai e o avô e sabedoria que deles herdou o faz ter uma certeza: a hidrovia no rio Tocantins é uma ameaça à sobrevivência de comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas. Para tornar o rio navegável, o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) prevê obras de dragagem em uma extensão de 177 quilômetros e de explosão de pedras submersas em outros 35 quilômetros do local conhecido como Pedral do Lourenço (ou Pedral do Lourenção), no sudeste do Pará. Pesquisadores ouvidos pela Amazônia Real temem pela repetição de um “novo Belo Monte” – – hidrelétrica no rio Xingu que causou a destruição dos modos de vida de milhares de pessoas. (mais…)

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‘No momento que cortaram ao meio o Xingu e o sangraram, também fomos sangrados’

Pescador-escritor, o ribeirinho escreve para liberar os sentimentos represados pela dor de testemunhar o impacto de Belo Monte no rio que é sua vida

por RAIMUNDO DA CRUZ E SILVA, VOLTA GRANDE DO XINGU/PARÁ, em Sumaúma

Essa narrativa que eu vou fazer agora e vou apresentar para vocês fala da visão de um ribeirinho, de dentro do rio, da Volta Grande do Xingu e do TVR [Trecho de Vazão Reduzida]. Como era antes nosso rio e como está agora. Então, vamos lá. O colapso de um rio e a visão de um ribeirinho. A esperança e o colapso do nosso rio. A omissão de um empreendimento e a exclusão de um povo. Isso é de que nós vamos falar. Então, vamos lá. (mais…)

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‘O peixe ficou analfabeto de rio’

Desde que a Norte Energia, a dona de Belo Monte, fez do Xingu sua caixa-d’água particular, o rio se tornou imprevisível, com grande impacto no cotidiano dos moradores humanos e não humanos. Indígenas, pescadores e ribeirinhos passaram então a monitorar o comportamento do Xingu todos os dias para ajudar o Ibama a tomar a melhor decisão sobre a renovação da licença de operação da hidrelétrica

por HELENA PALMQUIST, ALTAMIRA/PARÁ, em Sumaúma

O caminho até a piracema é longo e tortuoso. A mata de igapó não está alagada, mas muito úmida. O solo, recoberto por folhas, fica escorregadio e é preciso atenção para subir e descer os pequenos barrancos onde as águas do rio Xingu recortam o terreno em dezenas de pequenos córregos, que na Amazônia são chamados de igarapés. Raimundo da Cruz e Silva, de 47 anos, faz esse percurso todos os dias para verificar se a água subiu ou desceu e se os peixes estão se reproduzindo. Ele confere a altura das águas em réguas instaladas no perímetro, faz fotos e grava vídeos e áudios daquela que chama de “minha piracema”. Raimundo é um dos 12 pesquisadores ribeirinhos e indígenas que monitoram os impactos da hidrelétrica de Belo Monte sobre os ecossistemas do rio. Ao lado de pesquisadores acadêmicos de várias universidades brasileiras, eles integram o Observatório da Volta Grande do Xingu, um trabalho independente que tem produzido a análise ambiental mais acurada dos impactos da usina sobre a vida no rio. (mais…)

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