Morreu Fredric R. Jameson, proeminente filósofo e crítico cultural (1934-2024)

Foi um dos pensadores mais influentes do nosso tempo, conhecido pela sua análise crítica do pós-modernismo e pela sua firme adesão ao marxismo. A sua influência perdurará, alimentando novas gerações de críticos, pensadores e ativistas que procuram desmascarar as estruturas de poder na nossa cultura contemporânea.

Por Dialektika, no Esquerda.net

A 22 de setembro de 2024, Fredric R. Jameson, um dos pensadores mais influentes do nosso tempo, conhecido pela sua análise crítica do pós-modernismo e pela sua firme adesão ao marxismo, faleceu aos 90 anos de idade. Jameson, cujas ideias remodelaram profundamente a teoria cultural contemporânea, deixou um legado que continuará a ressoar entre filósofos, críticos culturais e académicos empenhados em compreender a cultura no contexto do capitalismo tardio. (mais…)

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Walden Bello: “O Sul Global tem hoje muito mais espaço para combater a dominação ocidental”

Um pensador destacado do altermundismo sustenta: o poder do Ocidente nunca foi tão frágil. É possível esperar um novo Sul Global? Por que a China é muito diferente da antiga URSS? Que esperar dela numa nova ordem mundial?

Entrevista a Néstor Restivo, em Tektónicos | Outras Palavras
Tradução: Antonio Martins

A primeira vez que encontrei Walden Bello foi no verão de 2001, em Porto Alegre. Por ocasião do primeiro Fórum Social Mundial (FSM), há mais de duas décadas, esse sociólogo das Filipinas, ex-membro do parlamento de seu país viajou para o sul do Brasil como tantos ativistas, líderes e acadêmicos ou pesquisadores que esperavam que esse fórum, e os que o seguiram por vários anos, se consolidasse como uma tribuna internacionalista de resistência ao neoliberalismo – então em seu momento de expansão – e, ao mesmo tempo, uma plataforma para ideias alternativas. Bello, pouco conhecido na América do Sul, já era presença importante nos movimentos “altermundistas”. Dirigia uma rede de organizações sul-asiáticas denominada Focus on the Global South, cujo nome me chamou atenção. (mais…)

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Tecno-Apocalipse: teses para a Era das Redes Sociais. Por Bruna Della Torre

A era da informação se torna a era da ignorância, e nossa situação como “utópicos invertidos”, isto é, incapazes de ver o que já fizemos, é combinada com a perda de nossa capacidade de imaginar o que poderíamos fazer. Para escapar desta situação, devemos primeiro nos perguntar, sem medo da resposta: existe alguma possibilidade de emancipação dentro deste aparato e situação?

No Blog da Boitempo

Em 1959, Günther Anders fez um discurso na Freie Universität Berlin que foi posteriormente publicado como “Teses para a Era Atômica”, no qual ele analisou o impacto apocalíptico da bomba nuclear na política. As reflexões abaixo, inspiradas por esse texto, abordam algumas das consequências da ascensão das plataformas sociais desde 2008 no mesmo âmbito. Enquanto as plataformas de trabalho são amplamente analisadas e criticadas pela precarização do trabalho que produzem, as plataformas sociais permanecem, apesar do reconhecimento generalizado de seus efeitos nocivos para a sociedade, o grande consenso do realismo capitalista atual, para usar a expressão de Mark Fisher. O objetivo aqui não é comparar as redes sociais ou as plataformas com a bomba atômica de forma literal, mas reconhecer seu efeito profundo e, até agora, irreversível na política. (mais…)

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A Busca Democrática do Comum na Diversidade: Desafios para a Construção de Contra Hegemonia. Por Cândido Grzybowski

em Sentidos e Rumos

Precisamos ter presente os momentos históricos da própria tomada de consciência e as lutas efetivas contra o bloco político dominante do capitalismo, que conta com o poder de Estado como expressão de sua hegemonia. Não podemos achar que temos hegemonia democrática transformadora. O Lula, atual presidente, que ganhou uma  eleição democrática, com ampla e extremamente heterogênea aliança, diante de um candidato com propostas de extrema direita autoritária, não expressa nossa hegemonia. Ela carrega uma proposta democrática para gerir o capitalismo que temos. A governabilidade possível imediata é nos limites de tal realidade estatal, considerando os três poderes e a nossa Constituição. Evitamos o pior, a destruição da própria democracia. Mas o capitalismo, em sua versão de neoliberalismo globalizado e financeirizado continua sendo o pilar, dentro de limites democráticas, menos destrutivos e excludentes. No jargão jornalístico vivemos o comando do “mercado” ou, de maneira mais emblemática, sob a hegemonia da “Faria Lima” – das entidades empresariais dos diversos setores econômicos, líderes dos 1% mais ricos. (mais…)

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Dunker: Olimpíadas, saúde mental e neoliberalismo

Da reverência a Rebeca Andrade ao mar sem ondas no surfe, uma visão psicanalítica sobre os esportes olímpicos e como eles refletem a sociedade desigual e ultracompetitiva. E mais: por que o neoliberalismo não venderá remédio para superar sua própria crise

Christian Dunker, em entrevista a Gabriela Leite e Glauco Faria, no Outra Saúde

O mundo pode assistir, em Paris, a parte da história de redenção de uma das maiores ginastas de todos os tempos. A estadunidense Simone Biles, que havia abandonado algumas das competições nas Olimpíadas de 2020 em Tóquio para tratar sua saúde mental, voltou em 2024 em todo o seu esplendor. Recebeu quatro medalhas, três delas de ouro. E protagonizou uma das cenas mais icônicas dos jogos, durante a vitória de Rebeca Andrade na final do solo. Ao subir no segundo degrau do pódio – o primeiro da ginástica com três mulheres negras em Olimpíadas –, prestou uma bela reverência à brasileira vencedora do ouro, junto de sua conterrânea Jordan Chiles. Ao final, esta última perdeu sua medalha de bronze para a atleta romena Ana Barbosu, após pedido de revisão. (mais…)

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Não cometerás genocídio. Por Chris Hedges

Opor-se ao genocídio é uma escolha moral, não política.

No Substack

Só há uma maneira de acabar com o genocídio em andamento em Gaza. Não é por meio de negociações bilaterais. Israel demonstrou amplamente, inclusive com o assassinato do principal negociador do Hamas, Ismail Haniyeh, que não tem interesse em um cessar-fogo permanente. A única maneira de interromper o genocídio dos palestinos por Israel é os EUA acabarem com todos os embarques de armas para Israel. E a única maneira de isso acontecer é se um número suficiente de americanos deixar claro que não têm intenção de apoiar nenhuma chapa presidencial ou partido político que alimente esse genocídio. (mais…)

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Imortalidade, nova extravagância capitalista

Num mundo de que querem desertar, bilionários como Bezos já não buscam só dinheiro. Desejam suas fixações juvenis. Colonizar o espaço. E a mais nova: superar a morte, por meio de resets celulares que os farão os faraós contemporâneos

Por Marco D’Eramo, no Diario Red/Outras Palavras
Tradução: Rôney Rodrigues

Certamente você já reparou que quando nos aproximamos de uma pessoa muito rica, que tem dinheiro de verdade, e não apenas algumas dezenas de milhões de euros, todos nós entramos imediatamente num estado de espanto, o que nos leva a comportar-nos irreprimivelmente de forma reverencial. Nas raríssimas ocasiões em que isso me aconteceu, tive que me impor uma disciplina férrea, e com dificuldade, para não me submeter a esse sentimento tão abjeto em sua ignomínia, quase dostoiévskiano, em consonância com o que é narrado em Memórias do Subsolo, que vai muito além da subordinação. Um estado de espírito que expressa literalmente a nossa sujeição ao dinheiro. É quase inevitável que aqueles que estão incessantemente rodeados de tal reverência alimentem uma nova percepção de si mesmos, cada vez mais desproporcional e imponente. Isto nos oferece uma primeira intuição para começar a entender por que os antigos governantes, faraós ou imperadores se consideravam deuses, ou pelo menos divinos, ou eram percebidos como tal. (mais…)

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