Orwell e Huxley previram nosso ‘admirável’ presente?

Um viu o adestramento social hedonista, num mundo instagramável. Outro, servidão permanente em troca de algum conforto no final do mês. Na tecnologia e precarização, ambos arrostaram o novo poder: nenhum pastor e um só rebanho!

Por Aleksandra Sowa, no Nuso | Outras Palavras

Zaratustra de Friedrich Nietzsche fez, como advertência, um retrato do último ser humano: “‘Inventamos a felicidade’, dizem os últimos homens e piscam”. O último homem conseguiu tudo, ele sujeitou seu entorno. Ele vive confortavelmente uma vida cheia de conforto: “Abandonou as regiões onde era difícil de se viver”, diz ele. “As pessoas têm seus pequenos prazeres no dia e seu pequeno prazer para a noite: mas honra a saúde”. Além disso, “um pouco de veneno de vez em quando: isso produz sonhos agradáveis. E muito veneno ao final, para ter uma morte agradável”. Os últimos homens não precisam de mais para vegetar confortavelmente no crepúsculo da civilização. “Chegou a hora do homem mais desprezível, aquele incapaz de desprezar a si mesmo”, disse Zaratustra. (mais…)

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Carta aos Efésios: trabalho que dignifica, sim! Por frei Gilvander Moreira*

Eis mais um pouco de reflexão bíblica sobre a Carta aos Efésios, assunto do mês da Bíblia, em setembro de 2023. Em uma sociedade escravocrata como a do Império Romano, onde estavam as primeiras comunidades cristãs, onde “trabalhar com as próprias mãos” era coisa de pessoa escravizada, o autor da “Carta aos Efésios”[1] propõe revolucionar as relações sociais e aponta que todas as pessoas têm a mesma dignidade e, por isso, “trabalhar com as próprias mãos” deve ser postura ética para todas as pessoas e não apenas para quem está escravizado. Nas entrelinhas, a “Carta aos Efésios” propõe subverter as relações sociais e aponta que o caminho é a igualdade e a equidade entre todas as pessoas. Por isto, prescreve “trabalhar com as mãos, mas em coisa útil” (Ef 4,28), que gere vida, diríamos hoje. Trabalho com dignidade, sim; trabalho escravo, não! (mais…)

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O Brasil que mostra a sua cara. Por Marcio Pochmann

No Terapia Política

O Brasil do primeiro quarto do século 21 se apresenta profundamente diferente daquele que existia antes do ingresso na globalização dos anos 1990. Sinteticamente, a nação vergou.

De acordo com o Fundo Monetário Internacional, a participação do Brasil no PIB mundial (em preços correntes e em poder de paridade de compra) declinou de 4,3%, em 1980 para 1,7%, em 2022. Da sexta maior economia do mundo, retrocedeu à nona posição global. (mais…)

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Carta aos Efésios: “não roube mais!” Por frei Gilvander Moreira*

Como subsídio para o mês da Bíblia de 2023, sobre a Carta aos Efésios, partilhamos mais um pequeno texto, o quarto, fruto de leitura atenta dos seis capítulos da “Carta aos Efésios”[1]. Destacamos alguns flashes ao longo da “Carta aos Efésios”, tais como, sejam pessoas humanas! Sejam pessoas novas!”, exorta-nos o autor da “Carta aos Efésios” em Ef 4,17-24. “Não vivam como os pagãos, cuja mente é vazia” (Ef 4,17b). A palavra ‘pagão’ vem de ‘pagos’, que significa campos, lugares de grama, zona rural; em oposição a um ambiente urbano. Entretanto, em tom pejorativo, o termo “pagão” foi empregado ao longo de muitos séculos para discriminar “os de fora”, os estrangeiros, os que estão fora da nossa comunidade. Então, que tipo de “pagão” não pode ser exemplo de vida para nós segundo a “Carta aos Efésios”? Obviamente que não são os pagãos camponeses, mas quem vive enredado na teia da ideologia dominante do Império Romano com muitas idolatrias e com cultura escravocrata, que aviltava a dignidade humana reduzindo 80% do povo a escravo. Não vivam como estes que reproduzem um sistema de morte, diz nas entrelinhas a “Carta aos Efésios”. Quem repete ingenuamente fake news e posturas preconceituosas tem “mente vazia”, segundo a “Carta aos Efésios”. (mais…)

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‘Narrativa’: a nova fraude ideológica. Por Carlos Frederico Guazzelli

Partidários da extrema direita usam uma expressão de conteúdo vazio e indeterminado, mas revestida de aparência supostamente técnica

No Terapia Política/Sul 21

Desde as últimas décadas do século passado, a chamada Teoria do Discurso tem trazido importantes aportes às Ciências Sociais – não apenas à Sociologia e à Ciência Política, mas também à História e ao Direito, entre outras disciplinas. Mediante a incorporação e reelaboração dos conhecimentos linguísticos recentes, ela ampliou consideravelmente a compreensão de diversos fenômenos característicos das formações sociais contemporâneas – em especial, dos novos processos sociais e políticos que as constituem. (mais…)

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Muito barulho por nada. Por Rafael R. Ioris

Considerações sobre as recentes aberturas internacionais do presidente Lula

No A Terra é Redonda

Não há dúvidas de que o mundo está passando por grandes transformações geopolíticas. A ascensão da Ásia, particularmente da China, de fato apresentou desafios sem precedentes para a ordem liberal centrada no Ocidente do pós-guerra, cujas raízes, de fato, remontam às expansões neocoloniais europeias e americanas do final do século XIX. Esses eventos se tornaram mais perturbadores com o início de um grande conflito militar na Ucrânia, que ajudou a polarizar ainda mais as alianças políticas nas linhas Ocidente-Oriente. (mais…)

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O mal-amado. Por André Márcio Neves Soares

O presidente do BC afronta os interesses do país, especialmente das camadas menos favorecidas da população

No A Terra é Redonda

No Brasil de hoje, se existe alguém que deve ser mal-amado, este é o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. É bom frisar minha expressão na condicional “deve”, pois não tenho acesso a informações particulares dele. Entretanto, só uma pessoa de mal com o país, pirracenta e atrelado a interesses privados pode ser responsável por essa ignomínia que foi a manutenção da taxa de juros em 13,73% ao ano na reunião de junho do Copom. Uma das mais altas taxa de juros do planeta, diga-se de passagem. E, no entanto, a atitude dele de afronta aos interesses do país, especialmente das camadas menos favorecidas da população brasileira que lutam diariamente pela sua sobrevivência, não foi surpresa. (mais…)

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