Um viu o adestramento social hedonista, num mundo instagramável. Outro, servidão permanente em troca de algum conforto no final do mês. Na tecnologia e precarização, ambos arrostaram o novo poder: nenhum pastor e um só rebanho!
Por Aleksandra Sowa, no Nuso | Outras Palavras
O Zaratustra de Friedrich Nietzsche fez, como advertência, um retrato do último ser humano: “‘Inventamos a felicidade’, dizem os últimos homens e piscam”. O último homem conseguiu tudo, ele sujeitou seu entorno. Ele vive confortavelmente uma vida cheia de conforto: “Abandonou as regiões onde era difícil de se viver”, diz ele. “As pessoas têm seus pequenos prazeres no dia e seu pequeno prazer para a noite: mas honra a saúde”. Além disso, “um pouco de veneno de vez em quando: isso produz sonhos agradáveis. E muito veneno ao final, para ter uma morte agradável”. Os últimos homens não precisam de mais para vegetar confortavelmente no crepúsculo da civilização. “Chegou a hora do homem mais desprezível, aquele incapaz de desprezar a si mesmo”, disse Zaratustra. (mais…)