Dispositivos de automonitoramento da saúde multiplicam-se e chegam até a ocupar o lugar dos profissionais. Uma hipótese: a psicanálise pode explicar o que está por trás desse “amor híbrido” – e como ele se baseia em uma ilusão
por Leandro Modolo*, em Outra Saúde
Se você assistiu ao filme Her de Spike Jonze no ano de lançamento, em 2013, provavelmente foi acometido por algum sentimento de estranheza frente à história de amor híbrido que nele é narrada. A trama gira em torno de Theodore (Joaquin Phoenix), um escritor solitário, que desenvolve uma relação afetiva com um sistema operacional (SO) baseado em inteligência artificial (IA) chamado Samantha – na voz de Scarlett Johansson. Theodore está passando por um divórcio e se sente isolado e solitário. Ele decide então adquirir o tal SO da Elements Software, projetado para se adaptar e evoluir com base nos dados e informações do usuário. Na customização da sua IA, Theodore escolhe o nome feminino Samantha e, à medida que interage com ela, desenvolvem uma relação de estreita intimidade. A história então se desenrola com Theodore enfrentando desafios de um novo e diferente relacionamento, descobrindo novas formas de interagir com o mundo, compartilhar momentos de alegria, tristeza e, também, relações eróticas. Ao fim, Theodore se apaixona por Samantha com a qual tem uma breve história de amor. (mais…)