Saúde digital: “eu prefiro a IA pois ela me entende”

Dispositivos de automonitoramento da saúde multiplicam-se e chegam até a ocupar o lugar dos profissionais. Uma hipótese: a psicanálise pode explicar o que está por trás desse “amor híbrido” – e como ele se baseia em uma ilusão

por Leandro Modolo*, em Outra Saúde

Se você assistiu ao filme Her de Spike Jonze no ano de lançamento, em 2013, provavelmente foi acometido por algum sentimento de estranheza frente à história de amor híbrido que nele é narrada. A trama gira em torno de Theodore (Joaquin Phoenix), um escritor solitário, que desenvolve uma relação afetiva com um sistema operacional (SO) baseado em inteligência artificial (IA) chamado Samantha – na voz de Scarlett Johansson. Theodore está passando por um divórcio e se sente isolado e solitário. Ele decide então adquirir o tal SO da Elements Software, projetado para se adaptar e evoluir com base nos dados e informações do usuário. Na customização da sua IA, Theodore escolhe o nome feminino Samantha e, à medida que interage com ela, desenvolvem uma relação de estreita intimidade. A história então se desenrola com Theodore enfrentando desafios de um novo e diferente relacionamento, descobrindo novas formas de interagir com o mundo, compartilhar momentos de alegria, tristeza e, também, relações eróticas. Ao fim, Theodore se apaixona por Samantha com a qual tem uma breve história de amor. (mais…)

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A importância da análise de conjuntura para ativistas: um saber fazer essencial. Por Cândido Grzybowski

em Sentidos e Rumos

Tenho a sensação que, como cidadanias diversas, estamos atolados, literalmente. Não estou me referindo, no momento, às chuvas torrenciais em boa parte do Brasil, algo alarmante em si mesmo, pelos sofrimentos e estragos para muita gente, sinal evidente de mudanças na integridade do ecossistema climático. Meu olhar aqui, mais imediato, é ao perigo do atoleiro político, à falta de um claro protagonismo da ação política cidadã democrática ecossocial na atual conjuntura nacional. A vitória eleitoral de 2022 foi fundamental, mesmo apertada como foi. Mas as forças inimigas da democracia estão vivas e muito ativas. O 8 de janeiro de 2023, apenas uma semana após a posse foi um susto. Mas o fato essencial é a complexa rede de cumplicidades e financiamentos que foi criada pela extrema direita e que alimenta o ativismo político de seus seguidores. (mais…)

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Momento de perplexidades. Por Cândido Grzybowski

em Sentidos e Rumos

Sinto-me sem visão clara para definir uma direção do que fazer nesta conjuntura. Claro, ação individual é apenas a expressão de uma atitude ética de viver e agir, pois o que conta, em última análise, é o processo coletivo, algo como uma onda que se move e arrasta tudo e todos. No entanto, como ativista e analista, que assume buscar sinais e apontar possibilidades que tenham sentido, nas mais diferentes conjunturas, é se sentir numa espécie de dever de  olhar com lentes afinadas o que se passa no cotidiano, pesquisar, auscultar, mapear ações e reações, examinar céus, rios e mares, florestas, o burburinho cotidiano das cidades, as oscilações dos mercados especulativos, o jogo incansável dos que estão exercendo o poder político, o vai-e-vem da vida,  sempre em busca de brechas sobre o que precisamos fazer,  onde incidir e como avançar. É o que o coletivo – a que a gente pertence de modo afetivo, solidário, e de proximidade territorial e afinidade política – espera de umas e uns, de outras e outros, cada qual fazendo a sua parte indispensável. É a aventura do viver lidando com perplexidades, sem saber o que fazer. (mais…)

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Em Cuba, o Socialismo democrático segue brilhando. Por frei Gilvander Moreira*

Em Havana, capital de Cuba, na Fortaleza de San Carlos de La Cabaña, de 15 a 25 de fevereiro de 2024, aconteceu a 32ª Feira Internacional do Livro de Havana, a maior Feira de Livro do mundo, que é realizada há 32 anos, anualmente. A Fortaleza de San Carlos de La Cabaña foi construída no século XVIII como uma das fortalezas que defendiam a cidade de Havana contra ataques inimigos e saques piratas. La Cabaña foi declarada Patrimônio Mundial pela UNESCO[1], juntamente com a cidade velha de Havana, em 1982, ano em que foi realizada a primeira Feira Internacional do Livro de Havana. (mais…)

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Cartografias e direitos

Por HENRI ACSELRAD*, em A Terra é Redonda

Os usos da cartografia para uma apropriação da linguagem cartográfica por grupos não dominantes

A noção de território esteve, em sua origem, intimamente ligada aos modos de existência do Estado. Punha-se em pauta representações do espaço onde o Estado exerceria seu poder e sua soberania. Nas monarquias europeias, o conhecimento sobre o território servia ao Príncipe para dominar melhor o espaço. Este conhecimento era produzido de várias maneiras: por pesquisas para identificar o seu patrimônio; pela viagem do soberano, que afirmava sua presença nos lugares onde cobrava impostos; e também pelo mapa, que dava a ver o espaço do Reino. O conhecimento do território era, assim, inseparável do próprio exercício da soberania estatal. (mais…)

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É possível combinar questão ecológica, extrativismo petroleiro e agronegócio? Por Cândido Grzybowski

em Sentidos e Rumos

De um ponto de vista político, combinar tais questões no exercício do governo é, talvez, uma “geringonça”[i] ao estilo brasileiro. Boaventura Souza Santos definiu como geringonça um governo passado de alianças esdrúxulas no caso de Portugal, mas que bem ou mal foi uma saída política engenhosa para a democracia. É esta a armação política do Governo Lula para a governabilidade e nos tirar da ameaça autoritária e  fascistizante que emergiu no Brasil? (mais…)

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Bíblia: Revisões Judaicas da Tradução da LXX. Por frei Gilvander Moreira*

Os manuscritos originais da Bíblia judaica e cristã se perderam. Temos vários manuscritos posteriores. Muitas traduções da Bíblia foram feitas até chegar à Bíblia que lemos hoje, no Brasil, em mais de vinte traduções atuais. Muitas revisões foram feitas nas traduções, entre as quais as Revisões judaicas motivadas pelo desejo que os judeus helenistas tinham de ter o seu texto grego e que se aproximasse o mais possível do texto hebraico em uso pelos judeus de língua judaica. Por outro lado, tinham consciência de que seria muito difícil suprimir a tradução da Setenta (LXX), em sua grande difusão. Também porque era a tradução de estimação por ser a única, além da polêmica que havia entre judeus e cristãos, pois os cristãos começavam a reler textos do Primeiro Testamento na ótica da messianidade de Jesus, o que influenciou na revisão dos textos, sobretudo, messiânicos. (mais…)

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