A globalização, ensinava ele, subverte escalas e nos aparta ainda mais da Natureza. A ciência, hiperespecializada, tornou-se cega a fenômenos complexos. A pandemia, sem contexto, reduz-se a espetáculo. Como voltar, agora, à totalidade?
Por Fran Alavina*, em Outras Palavras
Talvez a Geografia – mais do que outros saberes das humanidades, como a História e Filosofia – possa nos ajudar a entender certos aspectos que se dão quase sem se notar em tempo pandêmico e globalizado: que, por vezes, parece mais fabuloso que trágico. De fato, diferentemente de outros estudos humanísticos, a Geografia em sua constituição e desenvolvimento sempre teve que lidar com a questão do que seja a Natureza e de como tal saber concebe seu objeto, uma vez que se inicia como descrição da paisagem e do meio. Disto dependeria até sua classificação como uma ciência humana ou ciência natural. Para nós, tal debate é desprovido de sentido, uma vez que todo saber, justamente por ser humano, não pode ser natural, ainda que seu objeto seja a Natureza: física ou biológica. A Natureza não produz saberes, nem constitui ciências. Somos nós que os construímos a partir de nossas necessidades.
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