À véspera das urnas, EUA parecem mais divididos do que nunca. Mas por trás da polarização, há identidade. Nem Kamala, nem Trump querem enfrentar desigualdade, rentismo ou guerra – três marcas cruciais de um império decadente
Por Maurizio Lazzarato | Tradução: Antonio Martins, em Outras Palavras
Um duplo processo político e econômico, contraditório e complementar, está em andamento: o Estado e a política (norte-americana) afirmam energicamente sua soberania por meio da guerra (inclusive guerra civil) e do genocídio. Enquanto isso, ao mesmo tempo, mostram sua total subordinação ao novo rosto que o poder econômico adquiriu após a dramática crise financeira de 2008, promovendo uma financeirização sem precedentes, tão ilusória e perigosa quanto a que produziu a crise das hipotecas subprime. A causa do desastre que nos levou à guerra tornou-se um novo remédio para sair da crise: uma situação que só pode ser um presságio de outras catástrofes e guerras. A análise do que ocorre nos Estados Unidos, o coração do poder capitalista, é crucial, pois é precisamente de seu seio, de sua economia e de sua estratégia de poder, que partiram todas as crises e todas as guerras que assolaram e assolam o mundo neste século. (mais…)