O cancelamento de Maria Rita Kehl e as armadilhas do identitarismo. Por Rodrigo Toniol

Linchamento virtual reduziu biografia de psicanalista aliada do MST e de Dilma a ser neta de um eugenista.

No Blog da Boitempo

Na semana passada, a psicanalista Maria Rita Kehl foi alvo de um linchamento virtual, após críticas ao que chamou de “movimento identitário”. A reação à fala dela incluiu um argumento que lembra os piores crimes da humanidade: a ideia de que ela deveria se calar por conta de uma “herança moral” transmitida geneticamente. (mais…)

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Dowbor: Crônica da jornada humana pelas religiões

Num mundo de vazios existenciais, elas oferecem pertencimento e amenizam o drama da finitude. Daí sua legitimidade. Mas também dão vazão ao ódio, guerras e misoginia. Dessa contradição vêm sua mística e sua captura pelos piores demônios

por Ladislau Dowbor, em Outras Palavras

“Minha crença nada mais é do que uma opção pelo encantamento do mundo; só compreendo a devoção quando ela se manifesta em reza, festa, dança, batuque, comida e camaradagem.”  – Luiz Antônio Simas, Pedrinhas Miudinhas

“Credulity may be a form of innocence, and even innocuous in itself, but it provides a standing invitation for the wicked and the clever to exploit their brothers and sisters, and is thus one of humanity’s great vulnerabilities.” – Christopher Hitchens[1]

Expedito esse deos, et, ut expedito, esse putemus” – Ovídio, Ars Amatoria, (Escrito nos tempos de Cristo)[2]

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Cesarismo. Por Eugênio Bucci

Por trás do caos performático do presidente dos Estados Unidos, com mentiras intercontinentais e factoides histriônicos, há uma lógica ferina e fria

No A Terra é Redonda

Em sua coluna dominical em O Globo, a jornalista Dorrit Harazim vem ajudando a gente a escrutinar o inconcebível. Os artigos que ela escreveu sobre a pulverização de Gaza fazem e compõem uma antologia definitiva. Logo mais, alguém se lembrará de publicá-la em livro. Agora, Dorrit Harazim tem decifrado a vulgar esfinge de Donald Trump. (mais…)

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Nunca vivemos uma situação tão ruim. Por Valerio Arcary

Por Valerio Arcary, no blog da Boitempo

Não precisamos de nenhuma grande sagacidade filosófica ou cul­tural para reconhecer por que a revolução darwiniana é tão difícil de aceitar, e por que ainda está longe de ser concluída na acepção freu­diana do termo. Creio que nenhuma outra revolução ideológica na his­tória da ciência teve um impacto tão forte e direto sobre como concebe­mos o sentido e a finalidade da nossa existência (…) Gosto de resumir o significado da destruição de pedestais da revo­lução darwiniana, tal como eu o interpreto, na seguinte frase (que pode­ria ser entoada várias vezes ao dia, como um mantra Hare Krishna, para ajudar a penetrar na alma): os seres humanos não são o resultado final de um progresso(…), e sim um pormenor cósmico for­tuito, um pequenino ramo da espantosa arborescência da vida; se a semente fosse replantada, é quase certo que não voltaria a produzir o mesmo ramo e, possivelmente, nenhum outro galho com uma proprie­dade que pudéssemos chamar de consciência. (grifo nosso)
— Stephen Jay Gould1

A posse de Trump foi um espetáculo de horror. Não foi um prenúncio do “fim do mundo”, mas quase. Deixou claro que nunca estivemos em uma situação política tão ruim ou tão perigosa, desde o final da Segunda Guerra Mundial. Não fosse o bastante todos os eventos extremos – inundação no Rio Grande do Sul, secas na Amazônia, tempestade em Valência, incêndios em Los Angeles – confirmando a elevação da temperatura global em 1,5 graus centígrados, meia década antes de 2030; o genocídio palestino em Gaza e seus quase cinquenta mil mortos; a guerra na Ucrânia e seus mais de duzentos mil mortos; a eleição de Milei na Argentina; a revelação do plano “punhal verde e amarelo”, temos agora um governo de extrema direita liderado por um neofascista na Casa Branca. Nestas condições adversas, em que as expectativas se reduzem e o pessimismo se alastra, é decisivo lutar contra a desmoralização. Trata-se uma luta ideológica pela esperança. O socialismo é uma esperança suspensa no tempo. A esperança de que a barbárie não é inexorável, e é possível um outro destino. Haverá resistência. Mas é verdade que, para as duas últimas gerações, nunca pareceu tão ruim. Nestas condições terríveis, vai ser preciso estudar mais e procurar forças no marxismo, que nos ensina que tudo é possível de mudar. (mais…)

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Peregrinos de esperança, sim, na luta por direitos. Frei Gilvander Moreira*

Conforme o cartaz do Jubileu de 2025, proclamado pelo papa Francisco, o tema do Jubileu é PEREGRINOS DE ESPERANÇA, e não Peregrinos da Esperança. “De” e não “da”. Observemos o que nos diz a gramática e, especificamente, a semântica da língua portuguesa nesse caso. A diferença é grande e não está sendo percebida por muitas pessoas e lideranças religiosas que estão escrevendo ou falando sobre o tema do Jubileu. (mais…)

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Cândido Grzybowski: Ainda dá para transformar o poder e a máquina destruidora do capitalismo?

Sentidos e rumos

Sinto-me num beco estreito, sem saída a vista. Que fazer diante de um quadro assim, tão ameaçador? O ano começou e o primeiro mês está no fim. Tudo parece muito sombrio. Onde se escondem os sinais de que nada é definitivo? Tem que ter uma saída, por mais estreita que seja. Afinal, a história passada ensina que nada é definitivo, sempre existem brechas e alternativas. Onde elas se escondem, na espreita para aparecer? Que caminho é mais promissor? Vivemos no Brasil, apenas uma parte do mundo, mas tudo em sendo afetado pelo mundo que nos rodeia e condiciona. Quanto?  O Brasil é inspirador? Está num caminho virtuoso? Acho que continuamos num beco sem saída visível, com uma democracia encurralada, como estou cansado de dizer. Mas tem alternativas viáveis? Não as vejo no horizonte político imediato e já  entramos no terceiro ano do governo Lula III. (mais…)

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As ideias políticas

por Luiz Marques, em Fórum 21

As ideias políticas no século das Luzes remetem à educação, força motriz do progresso. Na França pós-1789 o problema é repor a unidade espiritual antes reservada à Igreja Católica. Há quem aposte na ciência e pedagogia para o novíssimo senso comum; e quem insista em um retorno à religião. No século seguinte Karl Marx desmistifica as ideias, uma vez que não pairam acima dos interesses de classe e da atividade real das pessoas de carne e osso. Em A ideologia alemã, argumenta: “Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência”. Põe a dialética de pé. (mais…)

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