Ser judeu no Brasil*. Por Peter Pál Pelbart

As elites brancas desse país têm a maior dificuldade em reconhecer a “branquitude” sobre a qual repousam seus privilégios. O mesmo vale para os judeus

No A Terra é Redonda

Sou judeu, húngaro, amante da filosofia, dos loucos, dos indígenas, simpatizante doas zapatistas, das feministas, dos movimentos sociais e suas ocupações, dos dissidentes de toda ordem, e ferrenhamente antifascista. Por sorte não vivo na Hungria nem em Israel, embora já tenha obtido – e renunciado – ao passaporte de ambos, países cuja escalada xenófoba e fundamentalista (cristã ou judaica) é para mim motivo de madrugadas de perturbação e insônia – assim como a recente virada política no Brasil é motivo de cotidiano alívio e regozijo. (mais…)

Ler Mais

Slavoj Žižek na Palestina. Por Hugo Albuquerque

Žižek entra em contradição ao transformar a opressão dos palestinos em um conflito simetrizável entre “linhas duras dos dois lados”

No A Terra é Redonda

Um dos grandes polemistas do nosso tempo, Slavoj Žižek reverbera na atual crise na Palestina. Na primeira década do século XXI, foi Žižek que apontou, com toda razão, que a recomposição política do sistema se deu, vejamos, pelo retorno do fascismo ao debate público pela via da criminalização da tradição comunista – e Slavoj Žižek identificou, com razão, a construção de simetrias falsas como o  locus  recorrente dessa guinada. (mais…)

Ler Mais

Palestina e as condições objetivas para produção da fúria. Por Berenice Bento

O drama do povo palestino não começou há uma semana. São 75 anos de perambulação

No A Terra é Redonda

A imprensa repete: “Nada justifica matar civis!” para se referir aos ataques do Hamas nos últimos dias. Eu concordo. Mas por que Israel nunca foi condenado e exposto a um massacre midiático por seus crimes contra os civis palestinos? A cobertura sionista tem uma estrutura que se repete: corte cirúrgico para os fatos dos últimos dias. Negam-se a fazer qualquer reflexão, qualquer enquadramento mais amplo. O objetivo é claro: isolar os atos de um contexto anterior que o determina. E ao fazê-lo, o caminho está aberto para a patologização e a criminalização dos palestinos. Ou seja, mediante a absolutização do caso, se preserva a estrutura política, no caso, o colonialismo israelense. (mais…)

Ler Mais

Notas sobre Gaza e a necropolítica. Por Sérgio Amadeu da Silveira

O que o Estado de Israel pratica na Palestina é uma necropolítica ou a produção do extermínio de um povo

No A Terra é Redonda

Achille Mbembe escreveu um pequeno ensaio denominado “Necropolítica”, publicado em 2003. Nele, o filósofo camaronês declarou-se preocupado com “aquelas formas de soberania cujo projeto central não é a luta pela autonomia, mas a instrumentalização generalizada da existência humana e a destruição material de corpos humanos e populações”. Mbembe expande a noção foucaultiana de biopolítica para incluir formas de violência que são explicitamente orientadas para a morte. Para Mbembe, a necropolítica é praticada em vários contextos, desde as relações coloniais até práticas contemporâneas em zonas de guerra e áreas de conflito. (mais…)

Ler Mais

Caminhos da Consciência. Por Luiz Marques

No fórum21

A essência reacionária do impeachment misógino de Dilma Rousseff está na reatualização dos valores do escravismo colonial (Novo Regime Fiscal com Teto de Gastos Públicos, 2016; Reforma Trabalhista e Previdenciária, 2017; Lei das Terceirizações, 2017; Autonomia do Banco Central, 2021). Arrocho salarial, precarização do trabalho, desindustrialização, negacionismo, cortes em pesquisas científicas, universidades públicas à míngua, desmonte das políticas sociais, descrédito das instituições do Estado de direito democrático fecharam o pacote do golpe neocolonialista. (mais…)

Ler Mais

Como Jesus se revela Filho de Deus? Por frei Gilvander Moreira*

A revelação de Deus chegou ao seu auge, na plenitude dos tempos, quando o Deus da vida enviou o seu Filho, nascido de uma mulher (Gl 4,4), Jesus Cristo. Jesus é a imagem visível do Deus invisível, que veio revelar-nos a face do Pai, como afirma os Evangelhos e o apóstolo Paulo. Segundo o Evangelho de João, Jesus é o verbo encarnado que veio morar entre nós (Jo 1,14). Essa revelação é: histórica, progressiva, acontece ao longo da história por meio de gestos e palavras, pela mediação dialógica e pessoal, que revela o pensamento de Deus, ao ser humano. Sua revelação é Trinitária como se revela no batismo (Mc 1,9-11) e na Transfiguração de Jesus (Mc 9,2-8); é Cristológica, em Jesus de Nazaré (Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo), Deus, Uno e Trino. O homem Jesus vive a história humana e é Palavra encarnada de Deus, mistério de infinito amor. Jesus é a imagem invisível de Deus (Cl 1,15-20). (mais…)

Ler Mais

A nova conjuntura e seus desafios. Por Valerio Arcary

Uma série de fatos está tornando instável o cenário político. As mobilizações sociais voltaram e a economia cresce, mas há ameaças como a irrupção da violência e as chantagens do Centrão. Governo precisa entrar nas disputas, mas ainda não se deu conta disso

No Outras Palavras

1.

Há um novo momento na conjuntura política quando se inicia o décimo mês do governo Lula. Em uma mesma conjuntura há oscilações nas relações políticas [de] força. Em uma mesma situação na luta de classes podem suceder-se diferentes conjunturas, sem que a relação social de forças mude. A situação permanece estável. Nem o governo, nem a oposição de ultradireita se fortaleceram ou enfraqueceram, qualitativamente. Situação e conjuntura são dois níveis distintos de análise. Mas a estabilidade da situação política não diminui a importância da análise mais fina da conjuntura. (mais…)

Ler Mais