Pistas para avançar na construção da contra hegemonia – I. Por Cândido Grzybowski

em Sentidos e Rumos

A disputa de hegemonia, como condição de direção política e conquista de poder, é central, como, já há quase um século atrás, Antonio Gramsci demonstrou brilhantemente nos seus Cadernos do Cárcere. Trata-se de uma tarefa coletiva persistente e consistente, com olhar muito perspicaz e pesquisa sobre as interrelações entre dinâmica econômica, social e política e suas relações com a base natural do viver, assim como as conjunturas que elas criam.  Mas não só, pois hegemonia supõem difusão de princípios e valores, ideias e análises consistentes, criando uma cultura viva, de referência, que impregna imaginários e alimenta a ação política. A pesquisa e a análise são sempre necessárias, porém insuficientes, pois hegemonia é uma questão de imaginários em disputa política. (mais…)

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A parteira da história. Por Flávio R. Kothe

As antigas potências coloniais europeias se tornaram, desde 1945, colônias de uma ex-colônia britânica e, atualmente, estão sendo superadas pelo mundo multipolar

No A Terra é Redonda

Se a violência é a parteira da história e escorre sangue quando uma nova era está sendo parida, isso significa não só que é preciso repensar o pacifismo como uma forma de conservadorismo. Há situações em que é preciso não recuar mais, para não ser destruído. Um governo popular não imaginar que oligarquias não possam tentar tomar o poder até mediante um golpe de Estado é não ter a cautela suficiente para, mais que se manter no poder, preservar e implantar os valores que o fizeram chegar ao governo. (mais…)

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Fumaça e fogo. Por Julio Pompeu

em Terapia Política

Soltava a fumaça lentamente. Observava os desenhos abstratos que a fumaça fazia. Imaginava como sendo galáxias nebulosas onde estrelas e planetas nasciam e morriam. Salvador se sentia como um Deus que observava tranquilo a dança do espaço. Fumava todo dia. Para relaxar. Também para comungar com outros jovens como ele seus momentos estrelares, suas ideias e seus afetos.

Eram os anos 60 e tudo era diferente. Mais colorido, mais dançante, mais amoroso. No seu mundo, era proibido proibir. Entorpecia-se para abrir as portas da percepção. Descobria coisas sobre o mundo e sobre a vida. Pensava construir, naquele momento, a era de aquarius. (mais…)

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Profetas versus sacerdotes. E em Ezequiel? Por frei Gilvander Moreira*

Terceiro pequeno texto para iluminar as Comunidades Cristãs no mês da Bíblia de 2024 – setembro – sobre o Livro de Ezequiel. O Livro de Ezequiel apresenta Ezequiel como sacerdote e profeta. Importante ressaltar que há várias formas de compreender o que é sacerdote e profeta. Sacerdote no sentido mais profundo e etimológico do termo significa aquele que revela o sagrado existente nas relações humanas, naturais e sociais. Mas também ‘sacerdote’ pode significar o funcionário de uma instituição religiosa, responsável pela realização do culto, com poder sobre a comunidade e que geralmente é encarado como “representante de Deus” nas questões tidas como sagradas. Neste sentido, em muitas passagens bíblicas os profetas e profetisas denunciam sacerdotes como cúmplices de processos de opressão e de exploração. Por exemplo, em Juízes 19 a 21, são os sacerdotes que tocam a trombeta conclamando para guerra fratricida entre as comunidades que deveriam viver na fraternidade. (mais…)

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A esquerda precisa urgentemente ler ou reler Gramsci. Por Marcelo Soares

IHU

“Cabe destacar, no entanto, que a citação acima desmente algumas críticas que geralmente são feitas à Gramsci e que talvez sejam responsáveis pela sua rejeição no campo da esquerda, principalmente da esquerda revolucionária. Em primeiro lugar, refuta aquela visão de um “idealismo gramsciano”, de que ele sobrevalorizaria a superestrutura em detrimento da estrutura, pois fica claro que a reforma intelectual e moral que ele defende tem como precedente uma reforma econômica”, escreve Marcelo Soares, sociólogo e militante ecossocialista. (mais…)

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Maria da Conceição Tavares. Por Paulo Nogueira Batista Jr.

No A Terra é Redonda

A comoção provocada pela morte de Maria da Conceição Tavares é mais uma demonstração da força incontrastável da sua personalidade vulcânica. Ela impressionava não só pelo seu conhecimento e inteligência, mas também – e nisso era insuperável – pela verve e eloquência.

O Brasil teve dois grandes oradores nas décadas recentes – ela e Leonel Brizola. Quando Conceição Tavares pegava a palavra – e especialmente quando conseguia conter um pouco seus rompantes – ela brilhava intensamente e deixava marcas inesquecíveis. (mais…)

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Hélio Pellegrino, 100 anos: a psicanálise e a luta de classes

Na vasta elaboração do psicanalista e escritor, ainda há um aspecto pouco explorado: a luta de classes na psicanálise

Por Fernanda Canavêz e Fernanda Pacheco-Ferreira, no A Terra é Redonda

“Só não teme a liberdade
quem não serve ao privilégio
– ou à injustiça”.[1]

1.

Em 2024, comemora-se o centenário de nascimento do psicanalista e escritor Hélio Pellegrino. Nome memorável também na história brasileira de resistência à ditadura militar, Hélio Pellegrino chegou a ficar preso por alguns meses sob a acusação de ser um líder comunista. Militante da causa operária foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. (mais…)

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