Política habitacional brasileira: “O PAC é um pacote de projetos; não tem um grande plano”. Entrevista especial com Adauto Cardoso

“É preciso radicalizar o processo participativo e garantir o controle social nos próprios territórios que são objeto das políticas. Um dos problemas do PAC é que ele ficou na mão das empreiteiras. É preciso recuperar o controle do setor público e o controle social”, diz o pesquisador do Observatório das Metrópoles

Por: Patricia Fachin, em IHU

“A urbanização brasileira tolera a informalidade dos pobres para não ter que resolver o problema da moradia”. A declaração de Adauto Cardoso, professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, insere-se no diagnóstico de que a política habitacional brasileira segue a lógica de programas e não da instituição de processos. Para ele, “a emergência da política de resultados” é um dos problemas centrais no tratamento da questão no país. (mais…)

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MPF comprova interesse da União em criação de moradia popular na Zona Portuária do Rio de Janeiro

Moradores da ocupação Vito Gianotti, no bairro Santo Cristo, habitam prédio da União abandonado há mais de dez anos

O Ministério Público Federal (MPF) reiterou à Justiça Federal manifestação a favor da destinação social de imóvel da ocupação Vito Gianotti, no bairro Santo Cristo, no Rio de Janeiro (RJ). Desde 2017, a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no RJ atua no caso para garantir o direito constitucional de moradia às famílias que já ocupam o imóvel por cerca de sete anos em situação de vulnerabilidade e incerteza. (mais…)

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Ocupações resgatam história profunda de Belo Horizonte. Por frei Gilvander Moreira*

Lutar pelo resgate da história profunda das cidades é imprescindível. Na madrugada do dia 28 de julho último (2023), o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), com cerca de 250 famílias, ocupou um prédio de dez andares abandonado há muitos anos, à rua da Bahia, 1065, no hipercentro da capital mineira. A Ocupação foi batizada de Maria do Arraial. Por que e para quê? Para resgatar a história real e profunda da capital mineira. Dona Maria do Arraial foi mulher negra escravizada, conhecida como “Maria Papuda”, que teve seu rancho demolido e sua família expulsa para se construir na localidade o suntuoso Palácio da Liberdade, sede do governo de Minas Gerais, e o conjunto de prédios públicos e palacetes que compõem a Praça da Liberdade e arredores. Foi um grave ato de racismo ambiental no antigo Arraial do Curral Del Rey, que infelizmente reverbera até os dias de hoje de várias maneiras na cidade e que marca o plano inicial de instalação da cidade Belo Horizonte. (mais…)

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SP: PM expulsa 200 famílias da ocupação Quilombo Saracura e conduz duas pessoas à delegacia

Ação foi realizada durante a madrugada, mas no meio da tarde a polícia foi ao local com o suposto proprietário do imóvel

Brasil de Fato

Cerca de 200 famílias organizadas pelo Movimento de Moradia do Centro de São Paulo ocuparam um prédio de 16 andares na região da Praça 14 Bis, na madrugada deste sábado (29). A ocupação foi batizada de Quilombo Saracura, devido à descoberta de um sítio arqueológico que guarda memórias do antigo quilombo, durante as escavações da Linha 6-Laranja do Metrô paulista. (mais…)

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As cidades brasileiras reproduzem as desigualdades sociais. Entrevista especial com Vanessa Marx

“Como pode haver moradias vazias e pessoas sem casa? Essa é uma equação que não fecha”, adverte a pesquisadora

Por: Patricia Fachin, em IHU

A expansão do capital nas cidades brasileiras está acelerando os processos de urbanização e segregação e tem como consequência a reprodução das desigualdades nos territórios, diz Vanessa Marx, uma das organizadoras do livro “Reforma urbana e direito à cidade. Porto Alegre”, publicação do Observatório das Metrópoles, na entrevista a seguir, concedida por telefone ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU. “Em Porto Alegre, por exemplo, as desigualdades sociais persistem e percebemos um outro fenômeno: as pessoas estão vivendo cada vez mais em condomínios, enquanto outras comunidades seguem sem moradias adequadas, sem saneamento básico”, informa. (mais…)

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11 milhões de casas vazias e 6 milhões de pessoas sem casa: o que explica a crise habitacional?

O novo Censo revela que em 12 anos o número de domicílios vagos aumentou 87%, o que não diminuiu o déficit habitacional

por Gabriela Moncau, em Brasil de Fato

Às vésperas da festa de quatro anos da Ocupação dos Queixadas, onde 105 famílias resistem a despejo iminente em Cajamar (SP), Vanessa Mendonça viu os dados do novo Censo. Ela mora na comunidade desde que ocuparam o terreno que estava abandonado havia ao menos 19 anos. (mais…)

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Ocupação Fábio Alves, 750 famílias: despejar ou regularizar? Por frei Gilvander Moreira*

A Ocupação-Comunidade Prof. Fábio Alves, no Barreiro, em Belo Horizonte, MG, com mais de quatro anos de luta, já com 750 famílias, com mais de 700 casas construídas em regime de autoconstrução, nas noites após trabalharem para outros o dia inteiro, e nos finais de semana, em mutirão, com a ajuda de parentes e amigos/as, pegando empréstimo para comprar materiais de construção. No momento da ocupação, o terreno estava totalmente abandonado e ocioso, propriedade que não cumpria função social. O local estava cheio de lixo e entulho. Assim, a decisão judicial que determina a reintegrar na posse a empresa R.S. Morizono é injusta e inconstitucional, pois “Não existe um centímetro de terra no Brasil que não deva cumprir uma função social” (Jacques Távora Alfonsin). No Brasil, sob os ditames da Constituição de 1988, proprietário de terra precisa exercer função social da sua propriedade, além de ter escritura de compra do imóvel, registro em cartório e demonstrar que está na posse de sua propriedade. Joaquim Modesto Pinto Júnior e Valdez Adriani Farias (2005), no artigo Função Social da Propriedade: dimensões ambiental e trabalhista, asseveram: “A propriedade não é mais direito absoluto. Com efeito, embora parte da doutrina e jurisprudência, de forma totalmente contrária ao sistema posto, relute em negar proteção absoluta ao direito de propriedade, o fato é que o ordenamento constitucional e infraconstitucional veem que pesa sobre a propriedade uma hipoteca social” (JÚNIOR; FARIAS, 2005, p. 13). A esse propósito nos referimos à decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ADI[1] nº 2213, que diz: “O direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre ele, pesa grave hipoteca social, a significar que, descumprida a função social que lhe é inerente (CF, art. 5º, XXIII), a propriedade deixa de existir”. (mais…)

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