No dia 14 de dezembro de 2025 no Brasil, após os atos contra o PL da dosimetria, no qual progressistas e segmentos da esquerda foram às ruas, foi muito pautado, além da pauta sobre o “Congresso Inimigo do povo”, emergiram também muitos protestos relacionados ao feminicídio no país. Falar disso, como homem branco, hétero e cis, ciente dos meus privilégios, mesmo vindo de uma classe popular, é sempre complexo e desafiador. Além de lidar e questionar os meus privilégios e enfrentar o meu próprio machismo, assim como o machismo presente nas relações com as pessoas com quem eu convivo, pergunto-me, então, o que posso fazer nesse debate a partir do lugar que vivo. Sob essa perspectiva, vou esboçar aqui nesse ensaio o feminicídio à luz das pesquisas que desenvolvo em sociologia, especialmente no campo das políticas públicas. A partir disso, reforço e parto do princípio aqui que o feminicídio no Brasil não é um conjunto de coincidências e não pode ser reduzido apenas a fatores culturais, ainda que estes sejam essenciais na dimensão social, pois devem ser considerados em conjunto com dimensões econômicas, ambientais e políticas da realidade. (mais…)
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Feminicídios: o desamor que virou arma
Em meio às ruínas do modelo de homem-provedor, jovens ressentidos apostam na disputa sexual. Nas frustrações afetivas e precariedade dos vínculos, ultradireita encontra combustível político. E a violência vira modo de afirmação subjetiva do masculino
Por Tainá Machado Vargas, em Outras Palavras
A cada nova notícia de misoginia destas semanas, a brutalidade se torna mais explícita e o espanto, mais silencioso. É nesse cenário que se impõe a necessidade de enfrentar a fragmentação dos afetos e compreender o lugar que o ressentimento masculino ocupa hoje nas formas de envolvimento emocional e sexual com mulheres. A precarização dos vínculos, somada à politização da feminilidade, intensifica a corrosão entre subculturas violentas de masculinidade, nas quais gênero, desejo e status de poder se convertem em arenas de tensão permanente. (mais…)
Mulheres vivas: a luta depois dos atos antifeminicídio
Agora, o corpo coletivo se ergueu. É fruto de um imenso esforço de educação popular, chamados, articulações, rodas, assembleias, grupos de zap, cartazes improvisados, criação de artistas, alianças improváveis e uma certeza: haverá Levante
Por Hellen Frida, em Outras Palavras
Nos últimos dias, o país assistiu a uma sequência de violências brutais contra mulheres. São casos que escancaram uma ferocidade já denunciada pelos movimentos feministas, mas que agora transborda para o noticiário nacional com força avassaladora. As mortes, os estupros, as torturas, as tentativas de feminicídio não são exceções, não são acidentes, não são “pontos fora da curva”: são a expressão máxima de um sistema que nos atravessa há séculos e que insiste em nos punir por existirmos. (mais…)
Ato Mulheres Vivas na Amazônia denuncia impunidade dos feminicídios na Justiça
Enquanto o país protesta contra a violência de gênero, mulheres da região amazônica seguem sendo assassinadas, muitas vezes sob a impunidade da Justiça, que não reconhece os crimes de ódio ao gênero. Durante os protestos, a UBM pediu a federalização do caso de Deusiane Pinheiro, morta com um tiro na cabeça em 2015. O acusado pelo crime é o ex-namorado militar, que segue impune
Por Nicoly Ambrosio, da Amazônia Real
Manaus (AM) – Sob a mobilização nacional “Mulheres Vivas”, mulheres de todo o Brasil ocuparam as ruas no fim de semana contra o avanço da violência de gênero. Na Amazônia Legal, elas cobraram com urgência por proteção, leis mais rígidas diante dos feminicídios e a tipificação do crime de ódio contra a mulher nos processos judiciais. Diferente dos outros estados do país, os casos de feminicídios são invisibilizados na região que compreende os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Roraima, Rondônia, Pará e Tocantins. (mais…)
Ameaças a aborto legal revelam política “patriarcal” e “intimidatória”, diz antropóloga
Débora Diniz explica como o PDL 3/25 ameaça direitos garantidos e aprofunda a violência contra meninas e adolescentes
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Por Andrea DiP, Sofia Amaral, Ricardo Terto, Stela Diogo, Agência Pública | Edição: Ludmila Pizarro
O Brasil voltou a testemunhar cenas brutais de violência contra as mulheres. Tentativas de feminicídio, casos de agressões e mortes cruéis têm sido registradas em diversas regiões do país, na última semana. Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025, mais de 2,7 mil mulheres foram vítimas de agressões graves e pelo menos 1.075 foram assassinadas por feminicídio. (mais…)
Feminicídios: a incontornável dimensão colonial
Às vésperas das grandes manifestações contra a brutalidade machista, pesquisadora ressalta: negras são as maiores vítimas. E não será possível encarar o fenômeno sem enfrentar a ideia arraigada de que as vidas não-machas e não-brancas valem pouco
por Jackeline Romio, em entrevista a Glauco Faria, em Outras Palavras
O feminicídio e a violência contra a mulher no Brasil ocuparam o topo do noticiário nos últimos dias em função de casos recentes que impressionaram pela brutalidade e grau de perversidade. Infelizmente, são comuns. Apenas em 2024, o país registrou 1.450 feminicídios, um aumento de 12% em relação ao ano anterior. A realidade é bem pior, já que os dados são subnotificados — um padrão que se estende a outros crimes cometidos contra mulheres, refletindo o viés de gênero no sistema de justiça. (mais…)
Órfãos do feminicídio: pensão é positiva, mas falta apoio psicossocial a filhos de vítimas
Benefício do governo federal garante um salário mínimo para filhos menores de 18 anos de vítimas de violência de gênero
Por Amanda Audi | Edição: Ludmila Pizarro, em Agência Pública
“A lei é uma evolução que esperávamos há muito tempo”, afirma Alice Bianchini, doutora em Direito Penal e especialista em violência de gênero. Ela se refere à regulamentação da Lei n.º 14.717/2023 que estabelece uma pensão especial aos filhos e dependentes, crianças ou adolescentes, órfãos em razão do crime de feminicídio. (mais…)
