Nos EUA e no Brasil, crescem os novos manicômios

Escândalo de internações involuntárias estendidas até pacientes pagarem dívidas envolve enorme rede privada dos EUA. De capital aberto, seus lucros eram crescentes – inclusive com verba pública. Caso serve de alerta sobre riscos das comunidades terapêuticas no Brasil

por Guilherme Arruda, Outra Saúde

Na semana passada, uma enorme rede psiquiátrica privada norte-americana, a Acadia Healthcare, foi condenada a pagar US$20 milhões em danos por uma série de crimes. As investigações seguem, e podem gerar mais punições. São as primeiras consequências de uma revelação bombástica de uma recente reportagem do jornal The New York Times: a origem dos crescentes lucros desse grupo econômico que atua na saúde privada, cujas ações no mercado financeiro dobraram de valor desde a pandemia, reside em uma política interna de aprisionamento forçado de pacientes em seus hospitais. (mais…)

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Presos e familiares sob violência atroz. “Libertai-os”, diz Jesus! Por frei Gilvander Moreira

O Brasil é o país que tem a 7ª maior população do mundo, mas está em 3º lugar entre os países no número de encarcerados. Já são mais de 800 mil presos em um sistema penitenciário já caracterizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) como “um estado de coisas inconstitucional”. Contando quem já cumpriu pena, há no Brasil milhões de famílias com algum parente que já foi preso ou está preso. Massacres de presos já aconteceram em muitas prisões no Brasil.[1] (mais…)

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Conselhos da UNIRIO e UNICAMP se posicionam contra o genocídio na faixa de Gaza

Moção do Conselho Universitário da UNIRIO contra o genocídio do povo palestino

O CONSUNI, Conselho Universitário da UNIRIO, enquanto espaço de deliberação mais importante de nossa Universidade, situada em um país que sofre até hoje os reflexos de uma política colonial de dominação, situado em um estado que vive de maneira cotidiana e intensa a violência que é fruto condição colonial, vem a público se posicionar em solidariedade ao povo palestino, que vem sofrendo historicamente com políticas genocidas e colonialistas.

O povo palestino sofre com os resultados da política colonial há muitos anos. Com o avanço das ideias sionistas, situado no fim do século XIX, criou-se também uma falsa ideia de que o território palestino seria “uma terra sem povo para um povo sem terra”, elegendo-o como o espaço adequado para a criação de um Estado judeu. O sionismo, desde então, intensificou os seus esforços para ampliação do seu domínio no território Palestino, com auxílio de aliados internacionais em seu projeto colonial, como os britânicos no início do século XX e os Estados Unidos nos dias de hoje. Portanto, a opressão do povo palestino não começa em outubro de 2023 e nem com a criação do Estado sionista de Israel. (mais…)

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Não, a resolução da AGNU sobre a Palestina não foi uma vitória

A resolução foi aprovada, mas a votação demonstrou persistente desrespeito ao direito internacional em favor de interesses estratégicos.

Por Hassan Aslam Shad*, na Al Jaazera

Em 18 de setembro, a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) adotou uma resolução pedindo que Israel encerrasse sua ocupação ilegal do território palestino dentro de um ano. A votação, que concluiu com 124 votos a favor, 12 contra e 43 abstenções, foi interpretada por alguns como um triunfo significativo para a defesa palestina. (mais…)

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Quando o Estado vigia a todos e não quer ser vigiado por ninguém. Por Fausto Salvadori

Newsletter da Ponte

Do jeito que diversos policiais e seus apoiadores na extrema-direita passaram a se referir às câmeras nas fardas, parece que as bodycams viraram coisa de comunista, como as praias grátis, a Constituição e as vacinas. Por isso a reportagem da Ponte sobre o fim do programa de câmeras corporais de Santa Catarina, publicada nesta semana, pode surpreender muita gente. É que nela a repórter Jeniffer Mendonça lembra que a ideia de implantar filmadoras em gambés não veio da mente de algum professor universitário maligno vestido com camiseta de Che Guevara, mas foi uma iniciativa das próprias forças policiais.

Em 2018, quando o Tribunal de Justiça de Santa Catarina disse que havia uma grana disponível que a Polícia Militar poderia utilizar, os policiais catarinenses resolveram investir a verba extra comprando bodycams. Foi o primeiro estado a adotar o sistema em sua polícia, mas outros já estavam de olho na ideia. A PM paulista, por exemplo, já havia implantado um projeto-piloto de teste de câmeras em fardas em 2017.

Nada disso deveria ser uma surpresa. As polícias valorizam a disciplina e o controle sobre seus homens, especialmente as militares, que cultivam o dogma de que os praças precisam ser vigiados constantemente pelos oficiais por pertencerem à mesma classe social e terem a mesma cor da pele dos grupos que devem reprimir. As câmeras, assim, teriam tudo para se tornar mais um instrumento útil dessa autovigilância.

Por isso, chega a ser engraçado constatar o salto duplo twist carpado dado pela questão das câmeras no imaginário policial ao longo dos últimos anos. Em pouco tempo, o uso das bodycams passou a ser tão atacado por policiais, parlamentares das bancadas da bala e outros políticos da extrema-direita que começou a ser abandonado. Governada pelo bolsonarista Jorginho Mello (PL), Santa Catarina anunciou nesta semana que vai acabar com as câmeras nas fardas. Em São Paulo, o também bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai pelo mesmo caminho: atacou em diversas vezes o instrumento, dizendo não querer “um policial vigiado”, e aparentemente trabalha para adotar um sistema em que os policiais poderão desligar suas câmeras quando quiserem.

O que aconteceu? Por que uma ferramenta que os próprios policiais haviam escolhido adotar virou, em pouco tempo, sinônimo de intromissão e desrespeito? Sobre isso, a reportagem da Jeniffer traz a declaração de um PM anônimo que é preciosa para entender o que se passou nessas cabeças fardadas: “A esquerda e ONGs têm papel fundamental nesse triste desfecho, quando focaram somente na letalidade policial, deixando praticamente de lado outros aspectos relevantes, como a produção de provas”.

Em tempo: para entender o que um policial militar chama de “esquerda”, é preciso levar em conta que estamos falando de uma corporação que até hoje guarda orgulho das atrocidades da ditadura militar e na qual a maioria dos seus membros apoia o bolsonarismo e odeia ouvir falar em pautas LGBTQIAPN+ (como apontou uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública). Então, é provável que para um PM um termo como “esquerda” sirva para definir simplesmente todo mundo que duvide da existência de uma conspiração do Foro de São Paulo com o PT para introduzir mamadeiras de piroca na educação infantil.

O que as polícias não previram — e não gostaram quando aconteceu — é que, com a implantação das câmeras corporais, a sociedade civil e mesmo alguns governos passaram a ver nelas uma ferramenta útil para conter a violência policial. Em São Paulo, já havia algo dessa ideia quando João Doria deu sinal verde para a PM paulista implantar o sistema: era uma época em que o governador tucano buscava tirar o pé da letalidade estatal, após a repercussão ruim do massacre de nove jovens numa ação policial em Paraisópolis. O fato é que, especialmente em São Paulo, as câmeras se mostraram bastante eficazes para reduzir tanto a quantidade de policiais que matavam como a dos que morriam.

Em vez de comemorar, porém, a polícia e seus apoiadores reagiram, passando atacar as câmeras como se pudessem se tornar uma forma de a sociedade civil controlar o seu trabalho. E tudo que policiais e militares no Brasil não querem é terem de se submeter ao poder civil e às regras democráticas. A briga com as câmeras, aliás, faz parte de um movimento mais amplo em que os policiais aproveitaram a ascensão ao poder da extrema-direita para tentar afrouxar ainda mais os poucos controles que ainda têm sobre si, como quando buscaram, por exemplo, com o pacote anticrime do então ministro Sergio Moro, ampliar as situações em que poderiam matar com impunidade garantida. Isso eles não conseguiram, mas o tal pacote criou uma série de entraves para a investigação das mortes cometidas por policiais que continuam até hoje.

O que leva a gente a notar, com pouca surpresa, que as forças policiais e os governos que rejeitaram a filmagem das ações policiais são as que estão fortalecendo mais e mais os sistemas que permitem às forças policiais filmar todo o restante da população que não veste fardas, como Tarcísio de Freitas faz em São Paulo com o Muralha Paulista. Enfim, estão conseguindo o que queriam: um Estado que vigia a todos, mas que não pode ser vigiado por ninguém. Isso tem um nome: Estado policial.

Ilustração: Junião

 

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Ninguém mais está seguro: a ameaça global dos pagers armados de Israel

O “terrorismo tecnológico de consumo” de Israel no Líbano sinaliza uma nova e aterrorizante ameaça global, levantando preocupações urgentes sobre a segurança das cadeias de suprimentos internacionais e a crescente insegurança de civis em todo o mundo.

Por Mohamad Hasan Sweidan, no The Cradle

Os ataques coordenados de Israel ao Líbano, marcados pela explosão quase simultânea de milhares de pagers e walkie-talkies ao longo de dois dias, resultaram na morte de pelo menos 37 pessoas, incluindo crianças, e deixaram milhares gravemente feridos.

Este ataque terrorista brutal deve servir como um aviso terrível para o mundo: um lembrete claro de que as ações criminosas do estado de ocupação não conhecem limites, visando indiscriminadamente aqueles que desafiam seus interesses ou os de seus aliados ocidentais. (mais…)

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Em Dourados, venezuelanos podem ser expulsos para área com risco de alagamento

Ordem da prefeitura pode levar dezenas de famílias para área sem saneamento e que alaga

Por Rafael Custódio | Edição: Bruno Fonseca, Agência Pública

Em 3 de junho deste ano, 40 famílias receberam uma ordem de desapropriação da prefeitura de Dourados, o maior município do interior de Mato Grosso do Sul. A decisão força que elas deixem suas casas no Jardim Santa Felicidade, sob alegação de que foram construídas em uma Zona Especial de Interesse Ambiental (Zeia), às margens do Córrego Engano, que corta parte do município. Uma Zeia é uma área do município destinada à preservação ou recuperação do bioma local. (mais…)

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