A luta dos caminhoneiros e as questões incômodas

Há quem fale em “golpe” e em “locaute”. Mas movimento expõe, principalmente, fragilidade do governo; e paralisia de uma esquerda que esqueceu as ruas e a rebeldia – para enxergar apenas eleições

Por Antonio Martins, em Outras Palavras

I.

E eles resistem. No início da tarde sexta-feira (25/6), quando se escreve este texto, o governo acaba de anunciar ação repressora contra os caminhoneiros – mas milhares deles continuam mobilizados, em todos os Estados. Recusam-se ao trabalho, nas condições que lhes são impostas. Parados, trancam rodovias. Sua atitude trava um país que optou por se tornar refém do transporte rodoviário. Não há gasolina nos postos (ou há filas quilométricas) e os ônibus urbanos começam a escassear. Ninguém abastece os Ceasas. Os aviões, em breve, ficarão em solo. (mais…)

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Greve: desmonte da Petrobrás levou país ao caos

Caminhoneiros tendem a ser conservadores, mas reivindicação é justa. Sob o golpe, política de preços da estatal atende aos desejos dos investidores, não às necessidades do país

Por Paulo Kliass*, de Outras Palavras

A história das movimentações políticas e reivindicatórias de determinadas categorias sociais carrega consigo uma tendência a apresentar elementos de natureza conservadora e retrógrada. Travestidos de manifestações de protesto contra políticas setoriais, tais movimentos muitas vezes acabam por enganar a opinião pública e provocar crises políticas mais amplas. Em geral, as greves de caminhoneiros tendem a ser um exemplo bem característico desse quadro de confusão. Talvez a mais dramática de todas tenha sido a atuação dessa categoria no Chile, às vésperas do golpe que derrubou o governo de Salvador Allende. (mais…)

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“Vitória” temporária da diretoria da USP contra os servidores e o direito de greve

A direção da universidade escolta-se em uma suposta obrigação de efetuar o desconto dos salários, mas sua intenção, por certo, sempre foi a de encerrar a greve impondo sacrifício de sobrevivência aos servidores.

Por Jorge Luiz Souto Maior, no Blog da Boitempo

A julgar pela comunicação, por e-mail, enviada em 15 de julho de 2016, a direção da Universidade de São Paulo está feliz (e comemora) com a vitória judicial que obteve sobre seus adversários, os servidores da Universidade, no que tange ao corte de salários, conduzindo, maliciosamente, os interlocutores a entender que a situação é definitiva, enquanto se trata, em verdade, de mera avaliação liminar da questão. (mais…)

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