PL do Estupro: Por que a ameaça continua

Mobilização popular barrou a votação do projeto, mas ele segue vivo no Congresso, em GT que irá discuti-lo. Correlação de forças tende a beneficiar a bancada evangélica. Em paralelo, outras três tentativas de retrocesso de direitos das mulheres são apresentadas

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Nas últimas semanas, a plataforma digital Criança Não é Mãe foi reativada para chamar atenção do Ministério Público e defender o direito de uma menina de 13 anos de Goiás. Após ser estuprada, ela procurou o serviço de aborto legal, mas foi inicialmente impedida de acessar seu direito pela justiça, com apoio da igreja e do próprio pai, que também é amigo do estuprador. O caso é o mais significativo depois da aprovação da urgência do chamado PL do Estupro (Projeto de Lei 1904/2024) na Câmara Federal. O projeto ganhou a opinião pública por propor a equiparação do aborto acima de 22 semanas ao crime de homicídio. Crianças e adolescentes são as principais vítimas dessa proposta, uma vez que normalmente descobrem a gravidez após esse período gestacional. As dificuldades encontradas pela menina de Goiás foram denunciadas por movimentos de mulheres e feministas, que saíram em defesa do direito dessa criança, seguindo a mobilização que conseguiu enfraquecer o PL do Estupro. Felizmente, no último dia 25 de julho, o Supremo Tribunal de Justiça autorizou o procedimento. Esse é o contexto no qual o segundo semestre parlamentar se inicia. O que esperar em termos da negociação dos nossos direitos diante das eleições municipais e das presidências na Câmara e no Senado? (mais…)

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Brasil Paralelo e as teias da militância antiaborto

Um raio x da produtora bolsonarista que lucra disseminando fake news. Quem a financia. E como, nas redes, investe milhões em anúncios contra os direitos reprodutivos abusando de sentimentalismo, pânico moral e da fé dos usuários

Por Julianna Granjeia, na Revista AzMina

A produtora Brasil Paralelo gasta milhões com anúncios nas redes sociais para espalhar desinformação e negacionismo – com muitos conteúdos que atacam o feminismo e direito ao aborto. Entre agosto de 2020 e junho de 2024, a empresa investiu R$24,5 milhões em propagandas, de acordo com a Biblioteca de Anúncios da Meta (proprietária do Facebook e do Instagram). É a maior anunciante do Brasil nessas plataformas. E, dos cerca de 68 mil anúncios feitos no período acima, quase 5 mil tinham a palavra aborto. Muitos deles direcionados para obstetras e ginecologistas, pais de crianças e usuários religiosos. (mais…)

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Justiça reprodutiva: quando a luta pelo território e por direitos reprodutivos se encontram

Artigo da Coluna Aromas de Março deste mês discute Justiça reprodutiva, analisando as semelhanças da luta pelo território com a lutar por direitos reprodutivos.

Por Carla Angelini e Letícia Ueda Vella, na Página do MST

Recentemente, discussões sobre o acesso ao aborto inundaram os noticiários, as redes sociais e, para algumas de nós, invadiram, até mesmo, as conversas do cotidiano. O PL1904/2024 equipara a prática do aborto após 22 semanas, inclusive em casos de estupro, ao crime de homicídio. Apresentado pela Bancada Evangélica da Câmara dos Deputados, busca estabelecer um limite de idade gestacional para a prática do aborto legal, o qual não aparece no Código Penal. (mais…)

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Enquanto 1 menina é estuprada a cada 6 minutos no Brasil, PL do Estupro visa criminalizar crianças e mulheres abusadas. Entrevista especial com Taysa Schiocchet

PL 1904/2024 equipara o aborto, realizado por meninas e mulheres estupradas, ao crime de homicídio. O projeto de lei “ignora a epidemia da violência de gênero e rifa a saúde de meninas e mulheres, em especial periféricas”, analisa a doutora em direito

Por: João Vitor Santos | Edição: Cristina Guerini, em IHU

A epidemia da violência contra meninas e mulheres segue vertiginosa. Houve um aumento no número de casos de estupro de menores de idade de 91,5%, entre 2011 e 2023. É o que revelam os dados divulgados ontem [18-07-2024] pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os números são ainda piores quando falamos em vulneráveis: um estupro a cada seis minutos. 83.988 meninas foram violentadas, sendo que 61,6% tinham até 13 anos. São informações que corroboram com afirmação de Taysa Schiocchet: “vivemos uma cultura do estupro”. (mais…)

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Direito ao aborto: é preciso ir adiante

Mobilizações contra o PL 1904 mostraram: é possível vencer os hipócritas na “pauta de costumes”. Agora, eles estão na defensiva. Mas não basta adiar a votação. É preciso arquivar o projeto, e seguir lutando pelo direito à interrupção da gravidez

Por Solange Caetano, presidente do Fórum Nacional de Enfermagem, em Outra Saúde

O Brasil assistiu nas últimas semanas a uma grande e improvável mobilização de mulheres contra retrocessos na legislação do aborto legal, uma conquista vigente desde a década de 40, do século passado. Improvável porque a direita vem dominando a chamada “pauta de costumes” no Brasil já há alguns anos. E o debate sobre aborto virou tabu, com os setores populares se esquivando por que a sociedade brasileira, segundo dizem, é conservadora. (mais…)

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Aborto: A insensibilidade dos ternos azuis

Ano passado, país registrou média diária de 126 estupros de menores de 13 anos. Dado não choca arautos do PL 1904 – um caso perverso de desumanização, onde uma moral religiosa, de impingir dor às “pecadoras”, e a secular de dominação política confluem…

Por Lia Zanotta Machado para a coluna da Biblioteca Virtual do Pensamento Social (BVPS), em Outras Palavras

A maternidade desejada é a única possibilidade de aquietar corações e mentes. São muitas as mulheres que se tornam mães e que se querem mães. Não há como ser mãe sem modificar corpos e as formas de suas vidas vividas. Saúde e vida podem estar em risco. Por isso a primazia do querer das mulheres e das pessoas que gestam em relação à maternidade e à interrupção da gravidez. A maternidade desejada depende de circunstâncias e momentos e se dá entre possibilidades e impossibilidades. Como num mundo onde se afirmam a igualdade de direitos de gênero e raça quer-se impor a maternidade obrigatória às mulheres? (mais…)

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Olímpio Moraes: CFM é perigo à sociedade

Médico que é referência na garantia do direito ao aborto no país analisa os últimos ataques da ultradireita. Critica a entidade médica e seu papel nessa situação. E defende a interrupção da gravidez ampla, para que mulheres não sejam presas ou mortas

Olímpio Moraes em entrevista a Gabriel Brito, em Outra Saúde

Olímpio Moraes, médico ginecologista há 38 anos, é diretor do Hospital da Universidade de Pernambuco e seu Centro Integrado de Saúde Amaury Medeiros (Cisam), mais conhecido como Maternidade da Encruzilhada. Sua história recente é de enfrentamento contra a cruzada ultraconservadora da militância antiaborto e dita “pró-vida”. Tal corrente chegou ao comando da política de saúde no país no governo Bolsonaro e foi responsável pela portaria 2165/2020, que recrudescia a legislação do aborto legal e tornava obrigatória a notificação à polícia de procedimentos aprovados clinicamente. E foi na maternidade dirigida por Moraes onde se concluiu o marcante episódio da perseguição comandada pela então ministra dos direitos humanos, Damares Alves, que tentou constranger a realização do aborto legal de uma menina capixaba de 10 anos, poucos dias após a edição da portaria. (mais…)

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