Pesquisadora analisa fenômeno mundial de ascensão de movimentos e governos de extrema-direita e suas particularidades na América Latina
Cátia Guimarães e Paulo Schueler – EPSJV/Fiocruz
No momento em que esta edição da Poli estava sendo concluída, no final de dezembro passado, o mundo tinha notícia das primeiras iniciativas do novo governo argentino. Enquanto decisões como o corte de orçamento e a desvalorização da moeda expressavam a pauta econômica da austeridade, um pacote de medidas repressivas contra manifestações de rua reforçava o caráter parcial, relativo e, contraditoriamente, autoritário do discurso de liberdade adotado pela extrema-direita que tem crescido. No mesmo período em que a eleição de Javier Milei recolocou a América Latina nesse tabuleiro da ultradireita mundial, a Europa, onde essas experiências têm sido mais fartas, viu outro país votar massivamente num líder desse espectro político – embora não se soubesse ainda se conseguiria formar governo, Geert Wilders tinha conquistado a vitória eleitoral na Holanda. (mais…)