O pesadelo da conta de luz

Heitor Scalambrini Costa*

Um dos legados mais perversos da privatização do setor elétrico foi o aumento desproporcional, em relação à situação econômica do país, das tarifas pagas pelos consumidores de baixa tensão. Com a liberalização econômica, a partir de 1995 pelo governo FHC, foi adotada para o reajuste das tarifas a metodologia do “Preço Teto Incentivado” (price cap), que fixou valores considerados “adequados (?)” para remunerar e amortizar os investimentos, e cobrir os custos operacionais, além das empresas receberem o benefício de reajustes e revisões. (mais…)

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Quem ganha com o fim do licenciamento ambiental?

Devastar é uma ordem. Eis o desejo da máquina transnacional de extração, processamento e exportação de commodities, num país regredido à periferia do capitalismo tardio. Mas estão reservadas surpresas aos que tentam silenciar o que é vivido e rememorado de forma coletiva

Por Luís Fernando Novoa Garzón, em Outras Palavras

É o que anunciam os votos da distorcida maioria parlamentar no Brasil que derrubaram os vetos presidenciais ao PL da devastação (Projeto de Lei 151.90/2025). Presente de Natal antecipado de valor incalculável oferecido para os patrocinadores do capitalismo brasileiro de desastres: um licenciamento ambiental mormente declaratório. (mais…)

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14º Abrascão encara os próximos desafios da Saúde Coletiva

Grande congresso começa amanhã, em Brasília, com discussões que apontam para três grandes temas: democracia, equidade e justiça climática. Outra Saúde está na cobertura. Rômulo Paes, presidente da Abrasco, reflete sobre eles e fala sobre a programação

Por Gabriela Leite, Outra Saúde

Na reta final de 2025, a Saúde Coletiva se prepara para um de seus grandes eventos: começa no sábado (29) o 14º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, carinhosamente conhecido como Abrascão. Trata-se não apenas do maior evento científico da área, mas de um encontro com histórica força política. Sua trajetória está intrinsecamente ligada à luta pela democracia e pela saúde pública no país: a primeira edição aconteceu em 1986, meses após a 8ª Conferência Nacional de Saúde – que desenhou o projeto do SUS –, fruto do mesmo movimento da Reforma Sanitária Brasileira. (mais…)

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“Falta coragem política, não dinheiro”, diz Fearnside sobre COP30

Cientista norte-americano, prêmio Nobel da Paz por estudos sobre aquecimento global e colunista da Amazônia Real, Philip Fearnside faz um balanço crítico sobre as decisões tomadas (e a falta delas) na Conferência das Partes, em Belém do Pará. Entre elas, estão o fim dos combustíveis fósseis e o desmatamento nas florestas tropicais, responsáveis pelas maiores emissões de gases do efeito estufa, que desequilibram o clima no planeta. “Não se chegou a consenso sobre o aquecimento global. Se não for controlado, simplesmente, vai matar grande parte dessas populações [indígenas] durante as ondas de calor.”

Por Kátia Brasil, da Amazônia Real

Belém (PA)  O cientista de nacionalidade norte-americana e coração amazônico, região que escolheu para trabalhar e viver, Philip Martin Fearnside é um dos 3 mil pesquisadores que dividiram o Nobel da Paz de 2007 com Al Gore, do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) pelas pesquisas sobre o aquecimento global. Mesmo com essa credencial, ele não foi convidado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) para participar da COP30, realizada de 10 a 22 de novembro, em Belém. (mais…)

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SUS e mudanças climáticas: saídas comunitárias

No mês da COP30, tornado atingiu cidade paranaense e reafirmou a necessidade de preparação para desastres ambientais. Força Nacional do SUS é belo exemplo de cuidado abrangente. Mas participação das comunidades é crucial para enfrentar as novas crises

Por Liane Beatriz Righi, Débora Noal, Camila dos Santos Gonçalves e Sergio dos Reis Marques (Chocolate), Outra Saúde

Realizada em Belém do Pará, a COP30 “definiu 30 objetivos-chave para a ação climática, incluindo a promoção de sistemas de saúde resilientes, com foco no desenvolvimento humano e social. Dessa maneira, o Plano de Ação em Saúde de Belém propõe políticas públicas para enfrentar os impactos das mudanças climáticas na saúde, com ações voltadas para eventos extremos, o fortalecimento de sistemas de alerta precoce e também estratégias de adaptação territorial” (Abrasco, 2025). (mais…)

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SP: Estudo revela novos impactos do desastre em São Sebastião e pressiona por mudança na reparação

Porque a tragédia não acabou para as famílias atingidas, e como o MAB tenta reverter uma decisão judicial que desresponsabiliza a prefeitura

por Carolina Scorce / MAB

Dois anos após o maior desastre climático da história de São Sebastião, cidade do litoral norte de São Paulo – o deslizamento provocado por chuvas que ultrapassaram 650 mm em um único dia e deixaram 65 mortos -, centenas de famílias seguem sem qualquer garantia de segurança, saúde ou reconstrução digna. A situação ganhou novo capítulo em setembro, quando o juiz Victor Hugo Aquino de Oliveira, responsável pela ação civil pública movida pela Defensoria Pública, isentou a prefeitura de responsabilidade por falhas na prevenção e comunicação do risco, afirmando que a força das chuvas teria sido “imprevisível”. A ação foi movida pelo Ministério Público e a Defensoria Pública de São Paulo. As duas entidades alegaram omissão do município em adotar medidas de prevenção e, na ação, pediam R$ 20 milhões em indenização por dano moral coletivo, além de outros R$ 10 milhões por dano social e indenizações individuais às famílias. (mais…)

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Vila Liberdade: comunidade em Porto Alegre retrata racismo ambiental escancarado pela enchente

Negros representam 25% dos moradores da Capital, mas são quase metade dos moradores de áreas de risco

Por Bettina Gehm, Sul21

A Vila Liberdade é um aglomerado de casas que ocupa poucas quadras dentro da Vila Farrapos, bairro Humaitá, zona norte de Porto Alegre. Apesar do espaço reduzido, muitas pessoas moram ali. Maria Elise Borges da Rosa, 41 anos, já perdeu a conta dos moradores. Ela é uma das mais antigas – sua mãe ajudou a aterrar a área – e todos a conhecem como Mary. Só na casa dela vivem sete pessoas, entre esposo, pai, filhas e netos. Mas a soma total de habitantes da Liberdade ficou mais complicada depois da enchente, quando algumas famílias precisaram abandonar suas casas e nunca mais voltaram. (mais…)

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