A mídia e os escândalos políticos. Por Luiz Marques

O circo é cosmopolita. A reprodução dos escarcéus sobrevive à demagogia institucional, que propaga a antipolítica, o livre mercado e criminaliza a esquerda

Em A Terra é Redonda

Em 2002, é traduzido no Brasil O escândalo político: poder e visibilidade na era da mídia, de John B. Thompson (Vozes). Não se trata de um ataque gratuito aos que comercializam os escândalos, mas do estudo sobre um fenômeno influente nas disputas que emergem no século XXI. A tecnologia comunicacional para informar, desinformar ou omitir vem de longe. Roberto Marinho elegeu o “Caçador de marajás”, depois o apeou da Presidência. As redes cibernéticas não inventam a roda. (mais…)

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Religião e Estado — nas escrituras e no direito. Por Tarso Genro

Fascistas e traidores da Carta de 1988 permanecem lado a lado, fortalecidos pelo medo e assombrados por um perigo sobre o qual nem todos são conscientes

No A Terra é Redonda

Estado laico e religiões do dinheiro

Estamos começando a recuperação dos valores da democracia e da República ou estamos no limiar do acolhimento plebiscitário da sua traição? Já fui um otimista da primeira hipótese, hoje não mais. Não podemos deixar de lembrar neste momento de Jorge Luís Borges que dizia ser “o traidor um homem de lealdades sucessivas e opostas”. O fascista, todavia, é um fanático coerente. Fascistas e traidores da Carta de 1988 permanecem lado a lado, fortalecidos pelo medo e assombrados por um perigo sobre o qual nem todos são conscientes. (mais…)

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João Sem Medo e o golpe no futebol. Por Hugo Abuquerque

Técnico de futebol, jornalista e comunista, João Saldanha faleceu em 12 de julho de 1990. Amigo do guerrilheiro Carlos Marighella, ele via no futebol uma arte popular e um terreno de luta. Embora tenha classificado a seleção brasileira para a Copa do Mundo de 1970, pagou caro por denunciar os crimes da ditadura – mas nunca perdeu a coragem.

Na Jacobin

O gaúcho de Alegrete João Alves Jobim Saldanha (1917-1990), falecido há exatos trinta anos, foi um revolucionário dentro e fora de campo: treinador de futebol, jornalista e militante comunista, foi o gênio que idealizou a seleção brasileira tricampeã no México em 1970, considerada uma dos maiores times da história do futebol mundial com gigantes como Pelé, Rivelino, Gerson, Tostão, Jairzinho e tantos outros. Antes, havia treinado nada menos do que o Botafogo de Garrincha. (mais…)

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Os Awa: uma escola na língua da gente. Por José Ribamar Bessa Freire

No TaquiPraTi

“Arixa ta pape japoha ripa, arixa ta awa ´ĩha” (Em língua awa. 2024).
“Queremos escola, mas uma escola na língua da gente” (Tradução livre).

César Vallejo, escritor peruano desterrado na França, comeu no exílio a mandioca que o capiroto ralou.  Escreveu em Paris, onde morreria em 1938, o poema La Rueda del Hambriento no qual suplica:

– Dadme por favor un pedazo de pan, pero dadme en español. (mais…)

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Mbappé, a extrema direita e a pergunta: quem tem direito de ser francês? Por Jamil Chade

No UOL

Quando Mbappé concedeu uma coletiva de imprensa, há poucos dias, um repórter pegou o microfone para fazer uma pergunta ao craque da seleção francesa. O jogador não encontrava de onde vinha a voz e o jornalista, para se identificar, afirmou:

Aqui Kylian, pela esquerda. Extrema esquerda.

Mbappé buscou o jornalista com os olhos e, ao encontrá-lo, brincou: que sorte que você não está do outro lado, arrancando a risada de todos. (mais…)

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Sobre a ignorância artificial. Por Eugênio Bucci

Hoje, a ignorância não é uma casa inabitada, desprovida de ideias, mas uma edificação repleta de baboseiras desarticuladas, uma gosma de densidade pesada que ocupa todos os espaços

No A Terra é Redonda

Quando alguém tenta imaginar o que seja a ignorância, a primeira imagem que lhe ocorre é o vazio. De fato, enquanto o saber tem para nós o aspecto de casa cheia e feliz, o não-saber é seu oposto: um lugar macambúzio, desocupado e triste. O conhecimento lembra uma constelação de fagulhas inspiradoras, como um salão de janelas amplas, ensolaradas, cheio de gente bonita indo de um lado para o outro; a estultice é sombra e mutismo, um galpão deserto, escuro, sem ninguém e sem utilidade. (mais…)

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Espectro. Por Julio Pompeu

No Terapia Política

À noite, o vazio de gente deixa os amplos espaços do Congresso com ar sinistro. Os estalos dos móveis, estruturas e outros barulhos ecoam amedrontando aos que não estão acostumados com a grandeza barulhenta daquele vazio. Mas pancadas vigorosas, diferentes dos barulhos normais, gelaram de medo os seguranças naquela madrugada. Três novas batidas ecoaram pelos vãos da moderna arquitetura. Os guardas se entreolharam. (mais…)

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