João Sem Medo e o golpe no futebol. Por Hugo Abuquerque

Técnico de futebol, jornalista e comunista, João Saldanha faleceu em 12 de julho de 1990. Amigo do guerrilheiro Carlos Marighella, ele via no futebol uma arte popular e um terreno de luta. Embora tenha classificado a seleção brasileira para a Copa do Mundo de 1970, pagou caro por denunciar os crimes da ditadura – mas nunca perdeu a coragem.

Na Jacobin

O gaúcho de Alegrete João Alves Jobim Saldanha (1917-1990), falecido há exatos trinta anos, foi um revolucionário dentro e fora de campo: treinador de futebol, jornalista e militante comunista, foi o gênio que idealizou a seleção brasileira tricampeã no México em 1970, considerada uma dos maiores times da história do futebol mundial com gigantes como Pelé, Rivelino, Gerson, Tostão, Jairzinho e tantos outros. Antes, havia treinado nada menos do que o Botafogo de Garrincha. (mais…)

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Os Awa: uma escola na língua da gente. Por José Ribamar Bessa Freire

No TaquiPraTi

“Arixa ta pape japoha ripa, arixa ta awa ´ĩha” (Em língua awa. 2024).
“Queremos escola, mas uma escola na língua da gente” (Tradução livre).

César Vallejo, escritor peruano desterrado na França, comeu no exílio a mandioca que o capiroto ralou.  Escreveu em Paris, onde morreria em 1938, o poema La Rueda del Hambriento no qual suplica:

– Dadme por favor un pedazo de pan, pero dadme en español. (mais…)

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Mbappé, a extrema direita e a pergunta: quem tem direito de ser francês? Por Jamil Chade

No UOL

Quando Mbappé concedeu uma coletiva de imprensa, há poucos dias, um repórter pegou o microfone para fazer uma pergunta ao craque da seleção francesa. O jogador não encontrava de onde vinha a voz e o jornalista, para se identificar, afirmou:

Aqui Kylian, pela esquerda. Extrema esquerda.

Mbappé buscou o jornalista com os olhos e, ao encontrá-lo, brincou: que sorte que você não está do outro lado, arrancando a risada de todos. (mais…)

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Sobre a ignorância artificial. Por Eugênio Bucci

Hoje, a ignorância não é uma casa inabitada, desprovida de ideias, mas uma edificação repleta de baboseiras desarticuladas, uma gosma de densidade pesada que ocupa todos os espaços

No A Terra é Redonda

Quando alguém tenta imaginar o que seja a ignorância, a primeira imagem que lhe ocorre é o vazio. De fato, enquanto o saber tem para nós o aspecto de casa cheia e feliz, o não-saber é seu oposto: um lugar macambúzio, desocupado e triste. O conhecimento lembra uma constelação de fagulhas inspiradoras, como um salão de janelas amplas, ensolaradas, cheio de gente bonita indo de um lado para o outro; a estultice é sombra e mutismo, um galpão deserto, escuro, sem ninguém e sem utilidade. (mais…)

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Espectro. Por Julio Pompeu

No Terapia Política

À noite, o vazio de gente deixa os amplos espaços do Congresso com ar sinistro. Os estalos dos móveis, estruturas e outros barulhos ecoam amedrontando aos que não estão acostumados com a grandeza barulhenta daquele vazio. Mas pancadas vigorosas, diferentes dos barulhos normais, gelaram de medo os seguranças naquela madrugada. Três novas batidas ecoaram pelos vãos da moderna arquitetura. Os guardas se entreolharam. (mais…)

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Um catador de espinhas: Ailton Krenak na ABL. Por José Ribamar Bessa Freire

No TaquiPraTi

“Só aceitei aprender a ler e escrever, porque encarei a alfabetização como
se fosse um peixe com espinhas. Tirei as espinhas e escolhi o que queria”.
(Ailton Krenak. 2003)

Ele escolheu o que queria. Por isso, Ailton Krenak foi o primeiro escritor indígena eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Soube tirar as espinhas, o que não é tarefa fácil dependendo do tipo de peixe. Traíra e pacu têm muita espinha. Em geral, quem cata para os filhos pequenos são as mães, que os ensinam como fazer. (mais…)

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A desmemória. Uma crônica de Galeano

Um registro do escritor uruguaio sobre o “esquecimento” das origens e do significado do 1º de Maio nos Estados Unidos

RBA

Chicago está cheia de fábricas. Existem fábricas até no centro da cidade, ao redor de um dos edifícios mais altos do mundo. Chicago está cheia de fábricas, Chicago está cheia de operários.

Ao chegar ao bairro de Heymarket, peço aos meus amigos que me mostrem o lugar onde foram enforcados, em 1886, aqueles operários que o mundo inteiro saúda a cada primeiro de maio. (mais…)

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