Houve um tempo em que o governo do Rio de Janeiro invadia complexos de favelas mas não para matar quem nasceu ali e depois dizer que tinham mesmo — que remédio, que jeito, que saída? — é que morrer.
No Come Ananás
Em uma noite do final de agosto de 1993, dezenas de policiais militares encapuzados invadiram a favela de Vigário Geral, na zona norte do Rio de Janeiro, e mataram 21 pessoas indiscriminadamente horas após quatro PMs serem assassinados perto da favela numa emboscada do tráfico de drogas.
Na chacina de Vigário Geral foram mortos: três gráficos; dois metalúrgicos; um serralheiro; um mecânico; um motorista de ônibus; um ferroviário; um auxiliar de enfermagem; um operador de impermeabilizador de tecidos; um funcionário da Danone; uma costureira; uma atendente de consultório dentário; uma dona de casa; uma estudante; um aposentado e dono de bar; outro aposentado, este vigia de posto de combustíveis; dois trabalhadores desempregados; um homem que ganhava a vida como “chapa”, carregando e descarregando caminhões. (mais…)
