As universidades amazônicas: Bhabha e Foucault. Por José Ribamar Bessa Freire

No TaquiPraTi

– No início, Bhabha e Michel não queriam conversar comigo. Tentei, tentei. Não foi fácil. Demorou. Consegui finalmente bater o maior papo com eles – disse bem humorada Lourdes Elias Terena na sua defesa de mestrado. Ela se referia a dois autores, cujas obras são leitura obrigatória na Pós-Graduação de universidades brasileiras: Hommi Bhabha, professor do University College de Londres e Michel Foucault, catedrático do Collège de France. Ambos lhe foram úteis para ver a si mesma e a seu povo. (mais…)

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Cadê a utopia? Por Luiz Marques

Ou prevalece no imaginário popular que a democracia pode e deve orientar a economia, na sociedade autorregulada; ou afundaremos em um retrocesso civilizacional

No Terapia Política

Os problemas sociais e políticos percorrem todas as épocas. As ideias se destacam em períodos de acontecimentos rápidos e confusos, quando encarnam um mobilismo redentor. Nenhuma época alterou tanto os seres humanos, com fanatismo e sangue nos olhos, do que a década de incubação do nazifascismo. Quase um século depois, o cenário se assemelha, revalidando o estoque de conceitos que fundou a modernidade. República x tirania, democracia x autoritarismo, esquerda x direita, cidadão x servo, tolerância x arbítrio são categorias que servem ainda de leme para os países. (mais…)

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Sociopatas. Por Julio Pompeu

No Terapia Política

Alfredo foi para Brasília de verde e amarelo. Acampou em frente a um quartel e, como nunca antes em sua vida meio solitária, participou de eventos coletivos como marchas, cantorias e outras pantomimas meio militares, meio devocionais. Rezou com fervor extraído do fundo de seu ateísmo.

Na refrega do dia oito marchou, cantou, quebrou e bateu como poucos. Chutou uma policial caída com o ânimo de quem parte, finalmente, do sonho à realidade. Destruiu, preferencialmente, o que parecia insubstituível. Foi preso. (mais…)

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Darcy Ribeiro desceu do céu na Argentina. Por José Ribamar Bessa Freire

No TaquiPraTi

Darcy Ribeiro baixou em Buenos Aires dias antes da eleição presidencial. Veio com todas suas peles: americanista, antropólogo, educador, romancista, político, senador, reitor, ministro da educação e mulherólogo. Foi na Biblioteca Nacional Mariano Moreno no evento Darcy, vida, obra e atualidade de seu pensamento organizado em parceria com a Universidade de General Sarmiento e a Embaixada do Brasil na Argentina. De onde veio Darcy e como foi visto? (mais…)

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O ébrio. Por Julio Pompeu

No Terapia Política

Virou a garrafa à boca inclinando a cabeça para trás como se estivesse a tocar a trombeta do apocalipse. Bebeu a goles largos e barulhentos. Rápido, como se tivesse pressa em acabar a garrafa mas, na verdade, tinha pressa apenas do próximo gole e vontade alguma de que a garrafa secasse. Estava bêbado desde quando não se sabe. Continuaria bêbado até sabe-se lá quando. Não lhe havia propósito ou força para parar de beber. Apenas bebia. Bebia por beber. Para esquecer de coisas que nem se lembra mais. Para esquecer-se. Para entregar-se. O mundo já o embebedava. Via, ouvia e sabia de coisas que o deixavam zonzo e confuso. Dizia, sóbrio, coisas que pareciam ditas por um bêbedo. Ao menos era assim que pensavam as pessoas sóbrias que o ouviam. (mais…)

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O Sobrenatural de Almeida na Eleição Argentina. Por José Ribamar Bessa Freire

No TaquiPraTi

Quem será o novo presidente eleito neste domingo pelos argentinos? A escolha entre Sérgio Massa e Javier Milei depende de forças sobrenaturais. Compreendi isso ao assistir em Buenos Aires o último debate entre os dois candidatos, em companhia do jornalista Sérgio Kiernan e do escritor Guillermo David, enquanto degustava empanadas salteñas entre goles de vinho e ouvia os comentários de ambos, que são autores de livros sobre a vida política argentina. Não podia haver melhor arquibancada para ver o jogo. (mais…)

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Calor. Por Julio Pompeu

No Terapia Política

Tudo está abafado. O ar condicionado mal dá conta, é preciso auxílio do ventilador. Luísa sua pela nuca, testa e virilhas, mas não pelas axilas. Nunca soube o porquê. Só sabe que há coisas na vida que desconhecem porquês e para quês. Só são como são. Luísa é assim, sudorenta irregular. O calor lhe desperta seus “não sei porquês” do corpo e da alma. Fica mais manhosa, às vezes, letárgica. O lento espalhar com as mãos do suor do pescoço e peito lhe dá um ar sedutor e, ao mesmo tempo, seu rosto adquire traços de cansaço e devaneio. Para quem a vê, Luísa torna-se um mistério. Mais um, num mundo quente sem porquês. (mais…)

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