Cinco intelectuais. Por Afrânio Catani

Análise das trajetórias de Vinicius de Moraes, B. J. Duarte, Octavio Ianni, Florestan Fernandes e Pierre Bourdieu

Em A Terra é Redonda

“Chaque jour nous laissons une partie de nous-mêmes en chemin”
(Amiel)

1.

A epígrafe do presente ensaio foi retirada do Journal intime (1847-1881) do escritor suíço de expressão francesa Henri-Frédéric Amiel (1821-1881). Curiosamente, o médico e escritor português Miguel Torga (1907-1995) também a utiliza em seu Diário (1999). Não vou detalhar o Journal de Amiel – ver Boltanski (1975). Apenas sublinho que há “pedaços de mim” nestas páginas, que me identifico com a afirmação de Amiel, permitindo que explore dimensões de minha trajetória intelectual, aqui representada por reflexões acerca dos percursos historiográficos de cinco intelectuais,[1] escritas ao longo de 25 anos. (mais…)

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Crescimento: seis décadas de ilusões

Ideia de que o aumento do PIB é o objetivo central da Economia remonta aos anos 1950. Deformou conceitos de Keynes. E, depois de multiplicar a desigualdade e minar a democracia, terminou em… estagnação. Como revertê-la agora?

por Ann Pettifor, em Outras Palavras

“Crescimento” é um termo usado por economistas que têm em vista uma atividade econômica ampliada: um aumento no investimento, emprego, bens e serviços. Também é usado, de forma pejorativa, por ambientalistas convencidos de que a expansão interminável da atividade econômica em um mundo com recursos finitos é insustentável. Eles empregam mais comumente seu antônimo, “decrescimento” – como em The Future Is Degrowth: A Guide to a World beyond Capitalism [“O futuro é decrescimento: Um guia para um mundo além do capitalismo”]. O uso e a evolução de “crescimento” e sua ligação com o PIB representam uma etapa importante no surgimento do sistema atual de governança econômica global, baseado nas expectativas de “crescimento” contínuo, por sua vez facilitado pela desregulamentação financeira e mobilidade de capital. Tal “crescimento”, no contexto do capitalismo financeirizado, levou a desequilíbrios ecológicos, sociais e econômicos que ameaçam provocar colapso sistêmico. (mais…)

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Para professor, classificar Guaíba como lago prejudica prevenção de cheias e favorece especulação imobiliária

Explanação quanto à definição do curso d’água foi tema da segunda edição do debate “O Guaíba à margem da lei”

Por Bettina Gehm, Sul21

Embora a enchente histórica tenha reacendido a discussão sobre as águas que banham Porto Alegre, o Guaíba é rio – se fosse lago, já teria virado uma fossa, tamanha a quantidade de dejetos que deságuam nele. A ciência evidencia que o curso d’água tem circulação fluvial, ou seja, se renova constantemente. A explicação é do professor Elírio Toldo Júnior, do departamento de Mineralogia e Petrologia da UFRGS. (mais…)

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Alvarez & Marsal, McKinsey e EY: ‘capitalismo de desastre’ toma a frente na reconstrução do RS

Disputa sobre como estado será reerguido ‘é a questão fundamental colocada hoje’, diz pesquisador e ativista gaúcho

Por Gabriela Moncau, no Brasil de Fato

A persistência dos alagamentos e das chuvas, com direito a ciclone e geada, pinta um cenário em que, mais de um mês após o início da maior tragédia climática do Rio Grande do Sul (RS), ainda não é possível ver seu fim. A gestão do desastre, no entanto, faz a transição para uma nova etapa. Com verbas bilionárias e em ano eleitoral, a reconstrução do estado gaúcho já está em andamento, mas tem ainda a disputa dos seus rumos em aberto. (mais…)

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Brasil: Quando a política precisa estar “fora da ordem”

Diante do fisiologismo do Congresso, Executivo não ousa, pois julga-se fraco. E todo embate dissolve-se dentro da institucionalidade. Com a crise do capitalismo, não seria tarefa de um governo popular fomentar conflitos “fora da ordem”, como dizia Florestan Fernandes?

por Almir Felitte, em Outras Palavras

De nada serviria (…) trazer soluções ditadas pela boa vontade e imaginação de reformadores, inspirados embora na melhor das intenções, mas que, por mais perfeitas que em princípio e teoricamente se apresentem, não encontram nos próprios fatos presentes e atuantes as circunstâncias capazes de as promover, impulsionar e realizar”.

O trecho acima foi publicado há quase 60 anos, em A revolução brasileira, uma das grandes obras de Caio Prado Jr. A ideia que ele traz, porém, está longe de ser considerada ultrapassada, e cairia bem a todas as pessoas que desejam um novo rumo para o Brasil. Afinal, nunca conseguiremos escolher o caminho certo para trilhar se não sabemos nem mesmo de onde vamos partir. (mais…)

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Os donos do livro

Cauê Ameni, Haroldo Ceravolo Sereza, Ivana Jinkings e Rogério de Campos escrevem sobre o ataque da Amazon à bibliodiversidade.

Por Cauê Armeni, Haroldo Ceravolo Sereza, Ivana Jinkings e Rogério de Campos, no Blog da Boitempo

Em março, dezenas de editoras e milhares de autores e leitores brasileiros foram surpreendidos pela retirada de um enorme acervo de livros digitais da Amazon. A gigante e a distribuidora Bookwire não se acertavam sobre percentagens de seus negócios e, assim, sem quê nem por quê, os e-books evaporaram da plataforma. (mais…)

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