“A fascistização é uma estratégia e uma política que dá cada vez mais poder ao capital”. Entrevista com Silvia Federici

IHU

Silvia Federici (Parma, Itália, 1942), autora do livro Calibã e a Bruxa: Mulheres, Corpos e Acumulação Primitiva (Elefante, 2019), aponta os crescentes ataques contra a reprodução da vida, o aumento brutal da exploração e a expropriação da terra, da água e do tempo. Ela fala sobre o fascismo econômico que se esconde no confronto entre blocos políticos e sobre a importância da alegria na luta feminista. (mais…)

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Cosmovisões ancestrais e resistências ao capitalismo

Reflexão sobre a profunda crise do projeto moderno ocidental e os caminhos para enfrentá-la. Superar ideais de conquista é crucial – assim como retomar concepções da vida e de mundo fundadas na integração à natureza, no cuidado e na partilha

Por Soleni Biscouto Fressato, em Outras Palavras

Para os povos indígenas do rio Negro,[1] dentre eles os Desana, os seus antepassados eram “gente-peixe”, que vieram do cosmos para povoar a Terra, navegando numa canoa em formato de uma enorme serpente. No meio da escuridão, surgiu, por ela mesma, Yebá Buró, a Avó do Mundo, sustentada num banco de quartzo branco. Mascando ipadu[2] e fumando tabaco, ela começou a pensar em como deveria ser o mundo. Enquanto ela pensava, levantou-se uma esfera: era o mundo, que ela chamou de Maloca[3] do Universo. Depois, Yebá Buró tirou um pouco de ipadu da boca e os transformou em homens, eram os Trovões ou os Homens de Quartzo Branco. Yebá Buró ordenou que eles criassem a humanidade, mas eles nada fizeram. A Avó do Mundo, então, resolveu criar outro ser que seguisse suas instruções e no mesmo momento surgiu, da fumaça do seu cigarro de tabaco, o Deus da Terra. O Terceiro Trovão e o Deus da Terra uniram-se para criar a “gente-peixe”. O Terceiro Trovão se transformou na “canoa serpente” e trouxe o Deus da Terra e a “gente-peixe” para povoar o mundo, que ainda não existia. Durante muitos séculos, a “gente-peixe” viveu na “canoa serpente”, até que surgiu uma enorme parede de gelo. O Deus da Terra reuniu todo o seu conhecimento e, com seu bastão, quebrou a parede de gelo. Quando a parede de gelo foi quebrada, surgiram o céu, os mares, os oceanos e toda a terra, e a “gente-peixe” desembarcou e começou a povoar o mundo todo[4]. Para os Kaxinawá, povos que habitam o estado do Acre (Brasil) e o Peru, a origem da vida é a “mulher jiboia”, que vive nas águas do igarapé[5]. Entre os Shipibos, povo da Amazônia peruana, o rio, onde surgiu a vida, é uma grande serpente que se chama Ronin.  (mais…)

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Economia: tudo o que falta mudar

Num seminário histórico, pensadores de relevo internacional reunidos pelo BNDES sugerem: país continua refém do rentismo. Juros impostos pelo BC são sabotagem. Mas há saída – em políticas que o ministério da Fazenda ainda resiste em adotar

por Antonio Martins, em Outras Palavras

A muralha de silêncio erguida para que o Brasil mantenha-se tão desigual e regredido foi vazada brevemente esta semana. Pensadores convidados pelo economista André Lara Resende sustentaram, num seminário promovido pelo BNDES1 em 20 e 21/3, ao menos quatro ideias esperançosas, e contrárias à ortodoxia econômica que sufoca o país há muito. Num Ocidente mergulhado em crise civilizatória e acossado pelo fascismo, afirmam eles, um processo de reconstrução nacional com redução das desigualdades, desencadeado por aqui, pode ter repercussão global. O prestígio internacional de Lula é um catalisador muito potente. (mais…)

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Meritocracia hereditária. Por Hugo Albuquerque

Como sempre acontece no Brasil, famílias se perpetuam no poder em processos de sucessão enquanto defendem o mantra liberal da meritocracia. É o caso de Roberto Campos Neto, presidente do “independente” Banco Central, que segue a missão de seu avô na implantação do capitalismo selvagem no país desde a ditadura.

Na Jacobin

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), é a bola da vez. Defensor de uma política de juros altos, ele é o guardião do neoliberalismo em tempos em que Lula retorna ao Planalto. Beneficiado pela “independência” do BC e nomeado por Jair Bolsonaro, ele ganhou um “mandato” que vai até 2024, atravessando metade do governo Lula. (mais…)

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Ladislau Dowbor: fé, fanatismo (e lucro!) na pós-modernidade

Em meio à desigualdade abissal, à volta da fome e à devastação do planeta, muitos fazem-se de cegos e repetem o mantra: Deus, Família e Pátria. Por trás de seu delírio, está uma razão cínica que, para preservar interesses, busca ocultar as saídas

Em Meer / Outras Palavras

A raça humana é sempre toda ouvidos
para um conto de fadas

Lucrécio, De rerum natura, 50 AC (mais…)

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Banco Central e Petrobras estão reféns do sistema financeiro. Por Jeferson Miola

A mídia e a direita defendem um Banco Central “independente” do governo, mas prisioneiro do mercado, e uma política de preços na Petrobras imposta após o golpe de 2016. Para que Lula não fique refém da pilhagem financeira internacional, precisamos pressionar o governo e mobilizar as ruas.

Na Jacobin

Os vocais do rentismo e do parasitismo na mídia hegemônica defendem ardorosamente dois dogmas: 1) o da taxa estratosférica de juros do Banco Central (BC) independente (independente do governo, mas prisioneiro do deus-mercado); e 2) o da política de preços da Petrobras atrelada aos preços internacionais. (mais…)

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De onde vem a riqueza de tão poucos. Por Ladislau Dowbor

Em obra político-didática essencial, Michael Hudson descreve as engrenagens do rentismo capitalista pós-moderno. Livro alerta: ao parasitar o trabalho produtivo, Ocidente autocondena-se a estagnação econômica, regressão social e fascismo

Por Ladislau Dowbor, em Outras Palavras

Michael Hudson escreveu o que me parece ser a melhor e mais clara explanação sobre como a economia financeirizada transforma a sociedade moderna. Não estou exagerando nos qualificativos, trata-se de um trabalho realmente excepcional, e que permite que qualquer pessoa com um nível razoável de cultura possa entender os principais dilemas de como nos organizamos como sociedade. O livro resulta de um curso para a universidade chinesa Global University for Sustainability, transcrito pelos chineses, revisado pelo autor, e transformado numa prosa onde a oralidade e os exemplos asseguram a compreensão das principais dinâmicas do capitalismo atual. O livro explica, não complica. (mais…)

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